O que é o amor para você? Aquilo visto em um casal convencional, que une-se pela religião e pela lei, mora junto e tem filhos? Uma relação “aprovada” pelas convenções impostas pela sociedade? Esqueça isso por alguns minutos, ao menos para conhecer o projeto “Dramaturgia das Imagens: Amor no Contemporâneo”, que integra o Experimento do Módulo Vermelho da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Arte do Palco.
A proposta do grupo que está por trás dele é justamente investigar o que é, afinal, isso que chamamos de amor atualmente. A partir dessa busca, os aprendizes exploraram novas formas de retratar esse conceito apenas por meio de imagens cênicas. Nasceu, assim, o exercício cênico Plexo Solar, que é apresentado hoje (23) e amanhã (24).
(Arte: Rodrigo Meneghello)
Vanessa Ferreira Souza, aprendiz de Direção que encena a montagem, explica que o texto dramatúrgico da cena foi utilizado, porém não como palavras ditas, e sim trabalhando com imagens que evocam sensações. O processo de preparação, segundo ela, consistiu em uma densa, mas não “tradicional”, pesquisa sobre o tema, procurando referências fora dos padrões que as pessoas estão habituadas a adotar.
“É um tema muito ‘batido’, vemos pessoas falando ‘te amo’ toda hora. Então, queríamos encontrar novas formas de falar sobre esse assunto e o que ele significa hoje. Para isso, fomos bem ao extremo e descobrimos casos muito estranhos, que fogem totalmente do comum”, explica a diretora.
De tanto procurar, o grupo realmente encontrou: casos que vão desde um homem que se apaixonou e casou com um travesseiro, com direito a cerimônia e tudo mais, até outros que compram bonecas em formato humano e vivem com elas como se fossem pessoas de verdade. Fica a questão: isso também não pode ser considerado amor?
Colocar todas essas ideias e mais uma série de outras referências imagéticas (pinturas, fotografias, vídeos) em prática, no entanto, não é nada simples, como explica Thaís Vidal, aprendiz de Atuação que compõe, ao lado de outros três integrantes do grupo, o elenco do exercício cênico.
“O texto surgiu dos nossos corpos [dos atores], das nossas improvisações. O Alex Araújo [dramaturgo do grupo] esteve presente nessas atividades, então, ele juntou tudo em dez cenas desprovidas de texto falado. Depois, ainda tivemos que adaptar o que seria possível fazer para o Experimento, com o tempo e condições que tínhamos disponíveis”, observa.
Tendo como objetivo levar o público a uma reflexão sobre o que é, enfim, o amor, Thaís ressalta que o grupo confere a liberdade para cada espectador entender a proposta da maneira como preferir, visto que cada um tem um ponto de vista e experiências de vida distintas.
A afinidade e sintonia com que o núcleo trabalhou agradou tanto seus membros que eles já até combinaram de prosseguir, em 2012, e fora da Escola, com a pesquisa em torno deste tema, reunindo ainda mais referências e recursos e aprofundando a investigação. “Tivemos vários problemas, mas soubemos conversar e resolver tudo muito bem. Chegamos todos empenhados a realizar e avançar na proposta. Acho que fizemos coisas que nunca havíamos feitos em nossas vidas. Isso é o Experimento”, finaliza Vanessa.
Para saber onde e quando acontecem as apresentações do “Amor no Contemporâneo”, assim como dos demais grupos do Módulo Vermelho, clique aqui.
Ficha técnica
Atuação e Humor: Amanda Nicolosi, Diego Gonçalves e Thaís Vidal
Cenografia: Luiz Falcão
Dramaturgia: Alex Araújo
Encenação: Vanessa Ferreira Souza
Iluminação: Carliene Tosta e Marina Azzalin
Sonoplastia: Mariana Paudarco
Técnicas de Palco: Paloma Neves
Texto: Felipe Del