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Morre aos 82 anos o diretor Antônio Abujamra

Publicado em: 28/04/2015 |

Morreu um dos maiores representantes do teatro brasileiro. Nesta manhã de terça-feira (28), Antônio Abujamra, de 82 anos, foi encontrado morto em seu apartamento, em São Paulo. Em nota, a TV Cultura, onde o diretor, ator e dramaturgo comandava o programa “Provocações”, informa que Abujamra estava dormindo em sua casa. O corpo será velado no Teatro Sérgio Cardoso, a partir das 18h. 
 
Conhecido como Abu – ou como Tio Tó, pelos seus sobrinhos João, Clarisse, Iara e Samir –, Abujamra ficou conhecido como um dos primeiros artistas do teatro a introduzir as ideias de Bertold Brecht e Roger Planchon em espetáculos no País. Nascido em Ourinhos, interior de São São Paulo, em 13 de setembro de 1932, Abu era filósofo e jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS). Abujamra deixa dois filhos e dois netos.
 
Ivam Cabral, diretor executivo da SP Escola de Teatro – Centro de Formações das Artes do Palco, publicou em sua página do Facebook o vídeo de sua participação no programa “Provocações”, quando foi entrevistado por Abu, em homenagem ao legado deixado pelo artista. “Abu foi uma das pessoas mais importantes para a minha formação no teatro. Ele me ensinou a não trabalhar somente com o politicamente correto, colocar os pés na lama e assumir minhas questões”, declarou Ivam Cabral, que também é co-fundador do grupo de teatro paulistano Os Satyros.
 
Antônio Abujamra (Foto: Arquivo da TV Cultura)
 
Biografia
 
Abujamra começou seu envolvimento com o teatro como crítico, em 1955. Paralelamente, estreou como amador com a peça “Assim É se Lhe Parece”, no Teatro Universitário, em Porto Alegre, na qual dirigiu e atuou. Recebeu uma bolsa de estudos em 1959 e viajou para a Europa, onde fez estágio em Villeurbanne, na França, com o diretor Roger Planchon, e acompanhou as montagens “Henrique IV”, de William Shakespeare, e “Almas Mortas”, de Nikolai Gogol. Seguiu com o diretor francês Jean Villar, participando da montagem “A Resistível Ascensão de Arturo Ui”, de Bertold Brecht.
 
De volta ao Brasil em 1961, estreou sua primeira peça como profissional: “Raízes”, de Arnold Wesker, no Teatro Cacilda Becker, na cidade de São Paulo, seguida de “José, do Parto à Sepultura”, de Augusto Boal, no Teatro Oficina. Em 1962, começou uma série de montagens em parceria com Ruth Escobar.
 
Ao querer fazer um teatro político e levá-lo para a periferia paulistana, tendo como base as técnicas de Bertolt Brecht, Abujamra fundou em 1963, junto com Antonio Ghigonetto e Emilio Di Biasi, o Grupo Decisão. Sua primeira montagem foi “Sorocaba, Senhor”, adaptação de “Fuenteovejuna”, de Lope de Vega. Estreou no mesmo ano “Terror e Miséria no III Reich” e “Os Fuzis da Sra. Carrar”, ambos textos de Brecht. Alcançou o primeiro sucesso profissional com a peça “O Inoportuno”, de Harold Pinter, em 1964.
 
Em 1965, ganhou elogios da crítica por “Electra”, de Sófocles, e começou assim uma sequência de grande produtividade teatral. Com “O Berço do Herói”, de Dias Gomes, do mesmo ano, sofreu a primeira intervenção da ditadura.
 
Durante o final dos anos 1960 e durante toda a década seguinte, dedicou-se ao Teatro Livre, de Nicette Bruno e Paulo Goulart, dirigindo várias montagens.
 
No início da década de 1980, engajou-se na recuperação do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), com destaque para as obras “Os Órfãos de Jânio”, de Millôr Fernandes, e “Hamletto”, de Giovanni Testori, sendo esta última dirigida por ele no TBC e em Nova York, para o Theatre for the New City.
 
Como ator, começou a atuar em “O Contrabaixo”, monólogo de Patrick Süskind, em 1987. Também ganhou destaque na televisão, interpretando o vilão Ravengar na novela “Que Rei Sou Eu?”, de 1989.
 
Na década de 2000 alterna direção e atuação em peças como “Mephistofeles”, de Goethe, e “Aquele que Leva Bofetadas”, de Leonid Andreiev, ambos encenados no Teatro Popular do Sesi, em São Paulo, e a apresentação do programa de entrevistas “Provocações”, da TV Cultura.
 
Texto: Gabriel Gilio
 

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