Tiago Capela Zanota, Robson Catalunha, Ivam Cabral e Henrique Mello em “Inferno na Paisagem Belga” (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)
Foi em um hotel em Bruxelas, no final do século 19, que os poetas Arthur Rimbaud e Paul Verlaine marcaram para se ver. A relação entre os dois já não ia bem e, no dia seguinte, o desenrolar do encontro: uma discussão, uma arma e Rimbaud leva um tiro no pulso. Verlaine é preso.
Esse episódio é um dos momentos tensos, narrados na peça “Inferno na Paisagem Belga”, da Cia. de Teatro Os Satyros. Ontem (31), a convite da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, o espetáculo integrou a programação do TransVisão – Semana da Visibilidade Trans, que teve início na segunda-feira (28) e encerra-se hoje (1º).
A peça retrata o romance entre os escritores franceses Rimbaud e Verlaine. No palco, Ivam Cabral, Henrique Mello, Robson Catalunha e Tiago Capela Zanotta expõem eventos da vida do casal, suas diferenças e uma paixão compartilhada pela poesia. Sob direção de Rodolfo García Vázquez, o grupo explora o conceito das fases da paixão, desenvolvido pelo filósofo René Descartes: admiração, desejo, amor, alegria, ódio e tristeza. A partir daí, algumas poesias são narradas com a participação da plateia.
Ao final, o público pode acompanhar um debate sobre performatividade. Seguindo os colóquios realizados pela Escola, Rodolfo compartilhou o processo de criação. “Lembro que essa peça começou a ser pensada em 2009, com o surgimento da Escola. Quando pensávamos em performance, era algo muito raso e recente, que não estava na moda. Hoje, acredito que antecipamos essa linguagem, com os Satyros e a SP Escola de Teatro”, disse o diretor.
Para percorrer o tema, o convidado foi o diretor, dramaturgo, pesquisador e crítico Luiz Fernando Ramos. Além de dar um panorama geral do que é performatividade, ele observou alguns pontos de “Inferno na Paisagem Belga”: “Dentre algumas cenas, a escolha não óbvia do grupo por apenas performar o casal foi bastante feliz. E a questão das poesias, de característica tão fugidia, marcou o momento do espetáculo. Além, claro, da experiência sensorial, guiada pela iluminação e sonoplastia”, finalizou.
Luiz Fernando Ramos durante colóquio sobre performatividade (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)
E hoje (1º), às 19h, para fechar a SP TransVisão, acontece o “X-MIX”. No palco, performances de Brenda Oliver e Kimberly Luciana, colaboradoras da Escola, além de Rafael Mendes, Dani Glamour e Phedra D. Córdoba. Logo após, Ivam Cabral discute a iniciativa de receber e incluir travestir e trans no quadro de funcionários da Instituição.
Sobre a SP TransVisão
Em uma iniciativa inédita, a SP Escola de Teatro sedia a SP TransVisão – Semana da Visibilidade Trans. O evento, que reúne debates, exposição, filme, teatro e performances, é promovido pela própria Escola, em parceria com a Comissão da Diversidade Sexual e Combate à Homofobia da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção de São Paulo (OAB – SP); a Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania; a Assessoria de Gêneros e Etnias, da Secretaria da Cultura; a Associação Brasileira de Transgêneros (Abrat); a Associação Brasileira de Homens Trans (ABHT); a Companhia de Teatro Os Satyros; a Associação dos Artistas Amigos da Praça (Adaap), e o Governo de São Paulo.
O objetivo do encontro é abrir mais um espaço para o debate sobre a tolerância e a diversidade.
Serviço
Evento: SP TransVisão – Semana da Visibilidade Trans
Quando: De segunda (28) a sexta (1º), às 19h
Onde: SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco
Praça Roosevelt, 210 – Consolação
Tel. (11) 3775-8600
Toda programação do evento tem entrada gratuita.
Texto: Leandro Nunes