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Ideais, Hegel e Dialética

Publicado em: 15/08/2011 |

O último convidado da série de debates em torno da Narratividade e do tema de “Viva o Povo Brasileiro”, livro de João Ubaldo Ribeiro, foi o dramaturgo Lauro Cesar Muniz, que, na sequência do encontro com Malena Contrera, no sábado (13/8), alimentou os aprendizes com muitas provocações.

 

Dramaturgo e autor, Muniz iniciou a carreira escrevendo para teatro. Em 1963, encenou a peça que lhe daria maior projeção, “O Santo Milagroso”, que, mais tarde, foi adaptada para cinema e televisão. Em 1966, assina sua primeira telenovela, “Ninguém Crê em Mim”, para a TV Excelsior, e, na Rede Tupi, escreve “Estrelas no Chão”.

 

Adapta o romance “As Pupilas do Senhor Reitor”, de Júlio Dinis, para a TV Record e estreia na Rede Globo, em 1972, onde assina a autoria de novelas como  “Escalada”, “O Casarão”, “Os Gigantes”, entre outras. Em 1981, na Rede Bandeirantes, escreve “Rosa Baiana”. Em 1983, retorna à Globo com as novelas “Sol de Verão”, “Transas e Caretas” e “O Salvador da Pátria”, além das minisséries “Chiquinha Gonzaga” e “Aquarela do Brasil”. Após 35 anos, retorna à Record, onde escreve “Cidadão Brasileiro” e “Poder Paralelo”. Também colaborou em diversos roteiros de cinema.

 

Durante a conversa com os aprendizes, Muniz abordou temas como a falta de ideal da geração contemporânea, a identidade do País, a ditadura e, sobretudo, a dialética do filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel.

 

Já no início da discussão, Muniz revelou que seu trabalho como dramaturgo sempre foi apoiado na poética/dialética Hegeliana. “No momento em que li a teoria de Augusto Boal sobre Brecht e Hegel, descobri esse método que me ajuda há mais de 50 anos”, revelou.

 

 

Aprendizes assistem palestra de Lauro Cesar Muniz (Foto: Arquivo)

 

“A dialética é um instrumento de análise da natureza que utilizo para compor um mundo fictício e está, para mim, como uma oração está para os católicos. É um método fascinante que ajuda a compor o conflito e a ficção”, explicou.

 

A aprendiz de Dramaturgia, Paloma Dourado, acompanhou a palestra e revelou que achou muito bom conhecer experiências tão diferentes da realidade dela. “Acho que, realmente, a nossa vida cotidiana tem nos deixado um pouco sem rumo. O artista precisa ter um foco, algo em que acredite e que queira mostrar ao mundo. Ele ressaltou uma coisa que todos percebem e que afasta o ser humano do convívio social: a internet.”

 

Apesar de não integrar o Módulo Amarelo, a aprendiz de Sonoplastia Janis Narevicius, aproveitou a chance de relembrar seus estudos sobre o teatro épico e, assim, acompanhou a palestra de Muniz. “Estava curiosa para saber o assunto e não me arrependi. Gostei muito de ouvi-lo falar de sua trajetória. Foi bom porque me pareceu que ele é menos ‘ídolo’, mais acessível e humano”, comentou.
 

Carolyn Ferreira, aprendiz de Humor também ficou muito feliz com a presença de Muniz na SP Escola de Teatro. “A palestra foi importante no sentido de nos provocar sobre o que queremos, dizer a verdade como artistas e pessoas. Quando ele falou que sente que a nossa geração não tem muita ideologia me vieram as seguintes questões: o que fazemos com essa liberdade? O que queremos dizer com a arte?”, concluiu.
 

Texto: Renata Forato

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