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Hemispheric Institute: Teoria Queer, Músicas e Uvas

Publicado em: 16/01/2013 |

Não abra os olhos, ou irá perder! Na Sede Roosevelt da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, a noite de ontem (15) trouxe novidades no palco do “Trasnocheo”, festival de performances que faz parte do 8º Encontro do Instituto Hemisférico de Performance & Política. Logo à entrada do 1º andar da Escola, a ordem era fechar os olhos e sentir. Pela parede e corrimão do lugar, papéis com textos em Braille. Cada participante era guiado por um monitor enquanto subia as escadas e tateava as palavras.

 
No decorrer da noite, muitos artistas trouxeram suas provocações em torno do tema: “Cidade/Corpo/Ação – A Política das Paixões nas Américas”. Entre eles, o americano Dan Fishback, com a performance “Em um Dia Queer Você Pode Ver Para Sempre”. O artista apresentou canções e discursou a respeito da teoria queer sobre orientação e identidade sexuais e o gênero dos indivíduos em uma sociedade. 
 
 A performance “Em um Dia Queer Você Pode Ver Para Sempre” de  Dan Fishback  (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)
 
Depois, foi a vez da música do também americano L.M Bogad. Em sua cena, o artista misturou gráficos econômicos e instrumentos musicais. Na chamada “EconoMúsica: Mantendo a Conta”, o público experimentou as mudanças sociais, como crescimento do desemprego, dados sobre aquecimento global e aumento de impostos, ao ritmo do piano e da flauta de Bogad. Com humor, ele criticou o enriquecimento de poucos, a pobreza generalizada e a destruição do meio ambiente.
 
Em mais uma de suas apresentações, a colombiana Nadia Granados deu sequência à sua série de monólogos “La Fulminante”. O de ontem mostrou a colombiana dividindo seu corpo em masculino e feminino. Utilizando uma câmera posicionada no rosto e de costas para o público, ela dublou uma voz masculina, que entoava letras sobre luta popular, enquanto dançava como uma mulher. 
 
Nadia Granados em “La Fulminante” (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)
 
 
Paralelamente à programação do “Trasnocheo”, no 3º andar da Escola, uma dupla realizava uma performance sobre uma história real. Em “Estéticas do Desejo: 12 com Iza”, sob enfeites de Natal, o colombiano Carlos Monroy contou o drama de Iza Monteiro. Há 9 anos, a brasileira aceitou o trabalho de “mula” e engoliu 54 cápsulas de cocaína para levá-las até a Holanda. Para encenar o episódio, ele se inspirou em um costume do Réveillon hispânico, em que as pessoas comem 12 uvas, representando cada mês que virá, e fazendo pedidos para o novo ano. Durante a performance, ele engoliu mais de 20 uvas. “Eu me sinto honrado por poder contar a história dessa grande amiga, por poder ‘vestir os sapatos do outro’ e experimentar um pouco do que ela passou”, revela. Iza, que estava presente à performance, acompanhou atentamente cada momento e, ao final, agradeceu: “Obrigado por representar de forma emocionante essa parte tão complicada da minha vida. Estou feliz porque, agora, outras pessoas podem também saber o que se passou”.
 
E a maratona Hemisférico segue até sexta-feira. Hoje (16), o “Trasnocheo”, que é restrito aos participantes do evento, mostra, a partir das 22h, as performances do americano Ariel Speedwagon, que mistura idiomas em “Performance em Spanglish”; da canadense T.L Cowan, que revela o passado e o presente, em personagens reais e fictícias, em “The Twisted She Project”, e da americana Breatrice Glow, que mostra objetos coletados em viagens no seu  “Museo Migratorio”.
 
 
Texto: Leandro Nunes

 

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