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Fontes de Conhecimento

Publicado em: 20/12/2011 |

A semana Diálogos da SP terminou. Os últimos seminários, que tiveram Reinaldo Montero, Jurij Alschitz e Jan Ferslev como convidados, ocorreram na sexta-feira (16) e no sábado (17) passados, na sede da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco.

 

Às 12h30 da sexta, quem chegou à Instituição foi o cubano Montero, dramaturgo, além de poeta e roteirista. O encontro foi recheado de risadas, por conta das brincadeiras sobre os acertos e erros dos dramaturgos. Diante do tema “Desafios para o Dramaturgo do Século XXI”, o convidado listou 10 situações em que autores podem “errar a mão” na hora de colocar em prática.

 

Entre elas, Montero citou a tendência que muitos dramaturgos têm de inserir inovações tecnológicas nos espetáculos, ressaltando que, ao longo dos anos, elas podem se tornar ultrapassadas. Outro item é que o dramaturgo precisa estabelecer uma interlocução com o público. Um dos último tópicos era o ato de se fazer notar. “Muitos fomentam polêmicas em torno do espetáculo e ganham ‘seguidores’. Alguns até ficam amigos dos jornalistas e fotógrafos, para chegar até os críticos.”

 

Reinaldo Montero durante o encontro (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)

 

Após explicitar os desafios que todo dramaturgo tem, ele brincou: “Essas ‘tentações’ resultam em um espetáculo que não quer dizer nada, mas agrada ao público. Então, você não precisa estudar, basta seguir esses passos”. Em meio a muitas risadas, Montero se despediu, agradecendo ao convite e dizendo que se sente em casa. “Para o Brasil, terei sempre as malas prontas.”

 

A segunda fonte de conhecimento do dia foi Alschitz. O diretor e pedagogo russo, que chegou, às 15h30, acompanhado de sua tradutora Anastassia Bytsenko, foi recebido com um grande coral de aprendizes, que cantaram um trecho de uma música russa. Como mediadora do encontro, que tinha como tema “A Arte e a Pedagogia de Jurij Alschitz: as Artes do Palco em Função do Ator”, estava Cláudia Vasconcellos, ex-formadora de Dramaturgia da SP Escola de Teatro.

 

O convidado começou perguntando o que os aprendizes presentes estudavam. Ao saber que havia diferentes cursos reunidos, o pedagogo disse: “Eu acho interessante que as mais diversas vertentes do teatro dialoguem entre si. Também acredito ser importante que vocês saibam como é a pedagogia, área essa que faz parte de cada curso”.

 

Em seguida, abordou a diferença entre educar e ensinar. Para ele, o tipo de pedagogia engessada, em que o profissional dita as regras, já não existe mais. “Não há processo de ensino sem diálogo, isso é pouco produtivo.” Além disso, Alschitz citou Constatin Stanislavski, que, a seu ver, foi um dos poucos em seu país que uniu a escola e o teatro, estabelecendo uma pedagogia teatral eficaz.

 

Outro assunto que permeou boa parte da conversa foi o seu projeto de criar um documento que reúna diferentes tipos de treinamento técnico existentes no mundo. Para isso, ele viajou por diversos países durante dois anos e recolheu material suficiente para publicar uma coleção com 10 livros, que serão traduzidos em seis línguas. 

 

Se Alschitz, em parceria com o Instituto Internacional de Teatro da Unesco, conseguir levantar a quantia necessária para que se efetue a publicação, os livros serão distribuídos gratuitamente em universidades de teatro do mundo inteiro. A perspectiva para que se conclua o processo de criação é de quatro anos.

 

No sábado, das 14h30 às 18h, foi a vez do músico, compositor, ator e pedagogo dinamarquês Jan Ferslev conversar com o público. Sua vinda ao Brasil teve a companhia de outro convidado que havia participado do seminário Diálogos da SP, o italiano Eugenio Barba, fundador do Odin Teatret, grupo no qual Ferslev trabalha como ator.

 

Jan Ferslev ministrando workshop (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)

 

O encontro ocorreu paralelamente a diversas outras atividades do último Território Cultural do ano, que marcava, ainda, a despedida dos primeiros aprendizes a concluir o ciclo de quatro Módulos da SP Escola de Teatro.

 

Em sua aula magna “A Presença do Ator/Performer”, o convidado falou sobre a variação de ações de um ator e o trabalho de energia de presença cênica. Para exemplificar, alguns aprendizes que se inscreveram para participar realizam uma série de exercícios corporais, desenvolvendo sua própria forma de se colocar sobre o palco.

 

Para fechar o dia de apresentações e seminários, o público presente pulou, cantou e dançou com os cantores André Frateschi e Mirando Kassin.

 

 

Texto: Jéssika Lopes

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