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Flavio Marinho

Publicado em: 25/03/2013 |

Flávio Marinho é autor e roteirista

Como surgiu o seu amor pelo teatro?
Ainda criança, era levado para ver os grandes musicais. Aquele mundo me fascinava.

Lembra da primeira peça a que assistiu? Como foi?
Lembro. Foi “My Fair Lady”, com a Bibi Ferreira. Eu tinha sete anos e fiquei completamente “siderado”. Acho que ali se plantou a semente.

Um espetáculo que mudou o seu modo de ver o teatro foi…
“Macunaíma”, direção do Antunes Filho. Vi que um teatro de grupo pode funcionar, se tiver a mão segura de um líder.

Um espetáculo que mudou a sua vida foi…
“Um Grito Parado No Ar”, do Gianfrancesco Guarnieri. Percebi que o teatro pode não mudar a sua forma de ver o mundo, mas tem força para abrir os olhos daqueles que já se encontram, pelo menos, no plano da intuição.

Você teve algum padrinho no teatro? Se sim, quem?
Sim. Wolf Maya. Primeiro, me batizou tradutor com “Noviças Rebeldes”; depois, autor, com “Splish, Splash”.

Já saiu no meio de um espetáculo? Por quê? 

Já. Não me lembro mais do nome da peça. Mas era uma comédia de quinta sobre um vampiro gay. Nivelava tão por baixo, era uma agressão tão grande à inteligência do espectador, que não aguentei.

Teatro ou cinema? Por quê? 

Se tem qualidade, qualquer um dos dois. Mas nada se compara à energia que toma conta de um teatro quando o espetáculo é, realmente, bom. Trata-se de uma experiência que passa a morar com você o resto da vida.

Cite um espetáculo do qual você gostaria de ter participado. E por quê? 

“À Margem da Vida”, direção do Flávio Rangel. Por tem o realismo poético do Tennessee Williams, que eu adoro, num espetáculo extremamente sensível e delicado. Gostaria de ter traduzido o texto, de ter montado a trilha, qualquer coisa.

Já assistiu mais de uma vez a um mesmo espetáculo? E por quê?

Ultimamente, revejo espetáculos por obrigação afetiva. Mas vi, por exemplo, “Traições”, do Harold Pinter, direção do José Possi Neto, com Paulo Autran, Odilon Wagner e Karin Rodrigues, duas vezes. Era uma montagem muito inteligente, imbativelmente elegante e soberbamente bem interpretada. Um banquete.

Qual dramaturgo brasileiro você mais admira? E estrangeiro?

Entre os brasileiros, acho que Jorge de Andrade. Seus dramas sociais continuam intensos e vivos até hoje. Entre os estrangeiros, David Mamet. Sou fã dos diálogos entrecortados dele, de uma precisão e economia absurdas.

Qual companhia brasileira você mais admira?

Armazém.

Existe um artista ou grupo de teatro do qual você acompanhe todos os trabalhos?

Na medida possível, costumo acompanhar a trajetória de todos os artistas e grupos importantes.

Qual gênero teatral você mais aprecia?
A comédia, gênero em que me especializei.

Em qual lugar da plateia você gosta de sentar? Por quê?
Quando tem amigo no palco, gosto de ficar bem longe pra não constranger. Mas, normalmente, gosto da fila F, centro.

Existe peça ruim ou o encenador é que se equivocou?

Em teatro, não existe ruim ou bom, existe adequado e inadequado.

Como seria, onde se passaria e com quem seria o espetáculo dos seus sonhos?
Seria uma comédia, passada no Rio, com Cristina Pereira – minha atriz-fetiche.

Cite um cenário surpreendente.

O cenário de Edward Monteiro para “Um Caminho para Dois”. Eram biombos que deslizavam pelo palco compondo os ambientes. Gênio.

Cite uma iluminação surpreendente.

A de Jorginho de Carvalho para a “Gaivota”, no Municipal do Rio, com Tereza Raquel.

Cite um ator que surpreendeu suas expectativas.
 
Fernando Eiras. Convidei-o para fazer um besteirol musical e sua interpretação deu uma dimensão insuspeitada à personagem.

O que não é teatro?

O que não tem público na plateia.

A ideia de que tudo é válido na arte cabe no teatro?

Tudo é valido, na medida em que tudo é experimento – mesmo as formas consagradas.

Na era da tecnologia, qual é o futuro do teatro?

Sem dúvida, será o de tentar incluir as novas tecnologias à área de representação. Contanto que elas não se sobreponham ao humano e ao ator, serão bem-vindas.

Em sua biblioteca não podem faltar quais peças de teatro?

As obras completas de Shakespeare e Moliére.

Cite um diretor (a), um autor (a) e um ator/atriz que você admira.
 
Diretor: Enrique Diaz. Autora: Yasmina Reza. Ator: Ricardo Blat.

Qual o papel da sua vida?

O papel de contador de histórias, com humor.

Uma pergunta para William Shakespeare, Nelson Rodrigues, Bertolt Brecht ou algum outro autor ou personalidade teatral que você admire.

Para Brecht: “Como fazer, hoje em dia, um teatro que divirta e conscientize, como você fazia no seu tempo?”

O teatro está vivo?
 
Está. Luta com muita dificuldade, mas está vivo sim – apesar da maré contrária.

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