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Feminismo nas Artes Cênicas pautam conversa no primeiro dia de aula da SP Escola de Teatro

Publicado em: 01/02/2016 |

Após pouco mais de um mês de intervalo, a SP Escola de Teatro — Centro de Formação das Artes do Palco voltou a fervilhar com a energia dos aprendizes. Isso porque no último sábado, 30/1, a Instituição retomou as aulas de seus oito Cursos Regulares: Atuação, Cenografia e Figurino, Direção, Dramaturgia, Humor, Iluminação, Sonoplastia e Técnicas de Palco.
Pela manhã, os cerca de 130 aprendizes ingressantes foram recepcionados na garagem da sede da Escola na rua Marquês de Itu. Lá, receberam kits e camisetas e seguiram para a apresentação do diretor executivo Ivam Cabral e do coordenador pedagógico Joaquim Gama. Os coordenadores e formadores dos Cursos Regulares também estavam presentes, assim como outros funcionários da Escola.
Na conversa com Cabral e Gama, eles ficaram por dentro do funcionamento da Escola e aprenderam o hino sobre o Deus Dionísio, o qual cantaram alto e repetidas vezes, em um “ritual de batismo” que já é tradição no início dos semestres.
A programação seguiu com a Oficina de Pães comandada pelo ator e palhaço Allan Benatti, que teve, ainda, a participação de aprendizes dos Cursos Regulares de Atuação e Humor. A ideia é que os ingressantes vejam a produção de pães como uma metáfora do teatro: um trabalho de grupo, em que as forças somadas geram um resultado único.
Pães postos no forno, foi a hora de pintar azulejos sob as orientações dos responsáveis pelos Cursos Regulares de Técnicas de Palco e Cenografia e Figurino, J. C. Serroni, Telumi Hellen e Viviane Ramos. Durante o ano, as peças serão colocadas nas paredes do prédio da SP Escola de Teatro.
Bate-papo
À tarde, os aprendizes veteranos se juntaram aos ingressantes para uma conversa com as atrizes Fernanda D’Umbra, Grace Passô e Alessandra Negrini. Apesar de o tema do bate-papo ser livre, o feminismo e o lugar da mulher nas Artes Cênicas foram os assuntos dominantes, já que, neste semestre, os aprendizes trabalharão com o disco “A Mulher do Fim do Mundo”, de Elza Soares, e com a escritora nigeriana Chimamanda Adichie.
Fernanda abriu a conversa lembrando que se formou na Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo, que tem curso noturno. Acostumou-se a sair sozinha do campus depois das 23h30, pegando ônibus e andando a pé pela cidade. “Tem medo de ser atriz e mulher? Vá embora!”, disse, alertando que o ofício exige coragem desde o início.
Em seguida, Alessandra elogiou a força, a alegria e a empolgação dos aprendizes da SP Escola de Teatro, destacando que o Brasil precisa dessa paixão. “A força da Arte é maior do que tudo. As dificuldades do ofício são muitas, mas a força vai estar sempre ali, fazendo com que você siga em frente.”
Grace lembrou que o teatro é, inevitavelmente, um lugar de resistência. Nesse contexto, faz sentido retratar a mulher. “O feminismo brasileiro está em uma fase muito forte, de revolução. E estamos desenvolvendo uma noção de espaço público, inclusive na virtualidade”, apontou. A atriz e diretora também destacou que uma instituição como a SP Escola de Teatro é uma raridade no Brasil.
A ausência de mulheres na dramaturgia também foi abordada na conversa. Alessandra diz sentir falta de autoras que criem grandes papéis para mulheres. “Não vamos esperar que um homem venha nos escrever, vamos nos escrever”, sugeriu.
Seguindo o papo sobre a escrita, Fernanda explicou sua divertida e sensata teoria de que o machismo é, também, uma questão semântica. “Temos que perguntar ‘O que vamos fazer de almoço hoje?’”, diz, focando no plural e convidando a plateia a enfrentar o machismo naturalizado.

Outro assunto que rendeu papo foi o do teatro de grupo no Brasil, após questão levantada por um aprendiz. Grace Passô disse ver o teatro de grupo brasileiro diferentemente do que ocorre em outros países. “Se você traçar o histórico da luta no teatro, verá que ele está ligado a grupos”, analisou, citando movimentos como o Arte contra a Barbárie. “São vivências coletivas de extrema intimidade.” A atriz, diretora e dramaturga citou, ainda, a força que existe em certos coletivos, como o Teatro Oficina. “Não nos organizamos em grupos apenas porque gostamos de grupos, mas pelo poder da coletividade”, disse.




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