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Ética e Cultura = Educação?

Publicado em: 19/12/2011 |

Quatro profissionais reunidos em uma mesa e um tema em comum, ou melhor, uma questão, permeando seus pensamentos. “Ética e Cultura = Educação?” era o eixo que movia a Mesa de Discussão promovida pela SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, neste último sábado (17), e que contou com a participação de Cristina Mutarelli, Cássia Navas, Kil Abreu e Joaquim Gama, este responsável por mediar o encontro.

 

Mesa de Discussão (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)

 

Após uma introdução feita por Gama, que falou sobre a trajetória de cada um dos participantes e o tema em geral, Cássia Navas assumiu o microfone e começou a discorrer sobre o assunto.

 

Alguns dos temas que deram o tom de seu raciocínio foram: educação formal, informal e não-formal. A pesquisadora e professora de dança explicitou, então, as maneiras como cada uma dessas formas se manifesta em nosso País, com ênfase no segmento cultural.

 

Cássia fez críticas, como “no Brasil, a educação caminha a passos lentos”, e deu conselhos, “vamos ter que prestar mais atenção na educação informal”. Segundo ela, a cultura corporal, por exemplo, está intimamente ligada a esse tipo de educação, que permite que nosso aprendizado seja constante, pois não advém apenas da academia, ou da sala de aula; está presente em nosso cotidiano.

 

Falando sobre ética, a convidada deixou sua definição sobre este conceito universal. “A ética é essencial, pois, primeiramente, existe para a preservação da espécie”, sendo que, quando aplicada à arte, uma das principais preocupações da ética é a preservação da estética. 

 

Sendo assim, ela completou estabelecendo um paralelo na relação entre a educação e a ética. “A ética também pode ser utilizada como embate. Estar em uma sala de aula é um embate permanente.”

 

O próximo a falar foi o jornalista, crítico e pesquisador de teatro Kil Abreu, que já iniciou destacando a amplitude e complexidade dos temas propostos, capazes de, cada um, “gerar discussões interessantíssimas”. Feito isso, adentrou o conceito que conduziria suas falas: a pedagogia da autonomia, estudo proposto pelo educador e filósofo Paulo Freire, e que é adotado pela Escola.

 

“A ideia de autonomia está relacionada à construção solidária. O processo pedagógico existe para transformar e a autonomia vem em função disso. A linearidade entre aprendiz e formador não é total. Há momentos em que estas imagens se divergem, porém, ao mesmo tempo em que se ensina, se aprende”, afirma Abreu.

 

Para o participante, a principal missão desse método de ensino é a transformação. “Precisamos nos reconhecer na sociedade, mas não para um bem nosso, e sim para melhorar a condição dela. A transformação do real voltar a ser o campo de realização da produção artística é o intuito. E essa “coisa educativa” é uma aventura muito trabalhosa.”

 

A seguir, a formatação da sala em que o encontro estava sendo realizado foi alterada. Isso aconteceu graças a Cristina Mutarelli, a próxima voz ativa. Ao começar, já foi pedindo para que o público se organizasse em uma roda e abandonasse o antigo posicionamento em fileiras. Então, pediu que todos tirassem os sapatos e sentassem na ponta da cadeira, com a coluna ereta. “Vamos relaxar. Isso aqui não pode ser como uma obrigação para vocês”, falou.

 

Sobre a educação, a atriz, diretora e dramaturga, que já deu aulas por bastante tempo, ressaltou: “educar dói para quem educa e também para quem é educado, porque você trabalha com suas limitações, suas impossibilidades”.

 

De maneira descontraída, a participante falou um pouco sobre a sua própria formação, comentando que veio de uma família de cientistas e que a exigência sobre ela sempre foi muito grande, porém, o fascínio pela arte sempre falou mais alto. Do resultado entre as duas áreas, nasceu a profissional que consolidou seu nome no teatro e na televisão.

 

Para finalizar o encontro, Gama abre para o debate com os espectadores. Daí, surgiram discussões relacionadas ao aspecto comercial das escolas de samba e a ética na montagem de espetáculos e apresentações.

“Queria dar os parabéns para este lugar. Essa Escola foi fundada por dois artistas ‘marginais’, e neste sentido, não aceitam o que é imposto. Isso é de suma importância para a conscientização do artista, de procurar saídas para escapar do grande deserto que é o mercado de trabalho nessa área. Parabéns, também, aos aprendizes que concluem o curso, que é o começo de tudo. Vocês vão sair, desbravar, mas a educação nunca acaba”, observou Cristina ao final do encontro.

 

O aprendiz do curso de Direção Arthur Moreau, que assistiu atento a todo o debate, passou sua impressão: “Achei excelente, pois os convidados foram pertinentes e souberam se colocar. Também gostei muito da mediação feita pelo Joaquim, foi bastante preciso.”

 

 

Texto: Felipe Del

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