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Dia Mundial do Teatro por Artistas de Cabo Verde

Publicado em: 27/03/2013 |

Neste Dia Mundial do Teatro (27/3), agentes teatrais cabo-verdianos reuniram-se em prol da arte e concentraram suas vozes para celebrar esta importante data.

 

Com organização do Festival Mindelact, de Mindelo, em Cabo Verde, a declaração está sendo veiculada pela internet, em blogues e nas redes sociais. O Festival, um dos principais eventos do gênero na África Ocidental, é coordenado por João Branco, diretor que visitou a SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco no ano passado.

 

Da esq. p/ a dir.: Óscar Silva, J.C. Serroni, João Branco, Ivam Cabral e Raul Teixeira (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)

 

Leia o texto, na íntegra, abaixo:

 

 

DECLARAÇÃO DO DIA MUNDIAL DO TEATRO

 

Todos os anos, por ocasião do Dia Mundial do Teatro, é divulgada uma mensagem escrita por algum convidado especial da UNESCO, organização que institucionalizou a data no ano de 1961. Em Cabo Verde ecos dessas mensagens tem se feito ouvir através da comunicação social, blogues ou redes sociais. Este ano porém, nós, agentes teatrais cabo-verdianos, quisemos fazer diferente e falar por nós e a uma só voz.

 

O teatro é hoje no arquipélago uma arte socializada. Isso quer dizer que, ao contrário do que acontecia noutros tempos, um súbito desaparecimento da arte cênica do panorama cultural das ilhas originaria um conjunto de reações populares de conseqüências imprevisíveis. Já não passamos sem ele, o teatro. E isso, como diria Garcia Lorca, é um sinal de engrandecimento do nosso povo. Podem vir os cadáveres esquisitos que vierem regurgitar sobre algo que não conhecem, não vivem, não sentem na pele, porque isso é o que menos importa. Porque isso é apenas mais uma pequena farsa do nosso quotidiano a juntar a tantas outras com que somos confrontados diariamente nestes tempos loucos em que o materialismo tenta a todo o custo aniquilar a criatividade e o altruísmo de quem faz muito com quase nada. 

 

E nessa arte, de fazer muito com quase nada, somos orgulhosamente bons. Competentes, absorvemos, inventamos, recriamos e resistimos. A tudo. A ventos e marés. A secas. Até a nós próprios! E transformamos dificuldade em motivação. E fazemos jus à história deste povo e deste arquipélago com o nosso teatro tão diverso e tão rico, as nossas histórias, os nossos atrevimentos, a nossa qualidade, as nossas companhias teatrais – desde aquelas que persistem à décadas até às que nasceram hoje mesmo. Somos muitos. Entre aqueles que fazem, que inspiram e que vêem e aplaudem, somos muitos. Não tem como esconder, disfarçar, minimizar ou manipular a história. Somos um mar de testemunhas nestas ilhas do teatro!

 

O teatro é a arte da carne viva. Do contacto direto, do testemunho pessoal e intransmissível, da troca humana. É a arte do coração. E o coração das ilhas bate forte pelo teatro. E como bate! Nestes tempos de crise a nossa arte, o teatro, ainda é uma das poucas luzes ao fundo do túnel. E estamos firmes no nosso propósito. Nestes tempos de crise, resistir já é vencer. E nós já somos vencedores, digam o que disserem. 

 

Viva o teatro cabo-verdiano!

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