A história de Alicio Silva, aprendiz do curso de Técnicas de Palco da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, começou antes mesmo de seu nascimento, na cidade de Franca, interior da capital paulista.
Mesmo seguindo os passos em direção ao teatro do irmão mais velho, Cristiano Oliveira, que é aprendiz de Humor da Escola, Alicio herdou dos ancestrais o gosto por seu ofício. “A arte aflorou cedo em mim. Embora algumas pessoas insistam em dizer que isso não é arte, eu posso dizer que meus avós eram artistas, pois utilizavam de práticas manuais para desenvolver seus trabalhos. Os dois eram artesãos. Ela fazia roupas de vaqueiros como chapeis e coletes, e ele era marceneiro e carpinteiro”, relembra.
Ainda em Franca, o aprendiz aplicou essas influências dedicando-se a vários trabalhos de artesão como pintura de azulejo, pirografia, porcelanaria e outros. Mas a paulicéia desvairada o chamava: era hora de conhecer coisas novas.
“Conheci a SP Escola de Teatro pelo meu irmão, mas não pude acompanhá-lo no começo do ano, então comecei neste semestre. Morar em São Paulo foi uma consequência muito boa, pois estou aprendendo muito e conhecendo inúmeras pessoas”, afirma.
Em contrapartida ao fascínio por conta das novidades, Alicio revela que vira e mexe um sentimento inevitável toma conta dele: “com a minha vinda, deixei muitos amigos e a família pela qual sou muito apegado. A saudade é remediada com telefonemas e quando a situação aperta com a árdua tarefa de lavar roupa dou um pulo no colo da mamãe”.
Para amenizar essa falta, o aprendiz também recorre às lembranças de sua infância. “Foi recheada de travessuras e peripécias. Nasci em São Caetano do Sul, porém logo estava morando em Mauá, onde, com meu irmão e mais meia dúzia de amigos, aterrorizávamos a vizinhança. Pipas, pique-esconde e mãe da rua eram sinônimos de vidraças quebradas, telhas rachadas, crianças que caíam do muro.”
Mesmo com as dificuldades, Alicio não se arrepende da escolha. “Os formadores são muito solícitos e demonstram ter muito a dar. As visitas às oficinas são bem produtivas, conhecer nossos materiais e ferramentas abre uma série de possibilidades. Recentemente, por exemplo, criamos maquetes muito bacanas no ateliê.”
Alicio, Cris e o Desenho
No teatro, Alicio não escolheu a mesma área que seu irmão, Cristiano, mas, longe dos palcos, existe uma antiga paixão em comum compartilhada pelos dois: o desenho. Entretanto, qualquer que seja a situação, o irmão mais velho está lá para ajudar. “O Cris é um caso à parte. É sempre bom ter alguém para discutir as coisas, somos autodidatas no desenho e começamos juntos. Ele adora puxar minha orelha e não deixa a peteca cair, sempre me pergunta o que estou achando do curso e me dá bons conselhos.”
Para não dizer que o desenho e o teatro são as únicas semelhanças entre os dois, Alicio finaliza fazendo uma brincadeira: “Mário Quintana dizia que o autodidata é um imbecil que se fez por si próprio. Temos dois na família.”
Veja abaixo alguns dos desenhos do aprendiz.
Texto: Felipe Del