Um cadete de nariz enorme e muito bom com as palavras se apaixona por sua prima. Outro cadete, apaixonado pela mesma mulher, por sua vez, tem ótima aparência, porém não é capaz de se declarar por meio de belos versos. O primeiro é Cyrano, o segundo, Christian. O alvo de tantos suspiros, Roxane. O trio compõe o centro da trama de “Cyrano de Bergerac”, famoso espetáculo francês, que está em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil e permanece até 5 de fevereiro.
A história se passa em Paris, em 1640. Não se considerando merecedor do amor de sua musa, Cyrano resolve ajudar seu “rival” Christian a conquistá-la. Escreve cartas apaixonadas em seu nome, que são responsáveis por fazerem Roxane cair de amor por seu admirador, sem fazer a mínima ideia de que quem as escreve é, na verdade, seu primo.
Entre muitas cenas de amor e batalha, o protagonista mostra ser bom não somente como poeta, mas, também, como espadachim. O espetáculo faz referência, ainda, a alguns clássicos, com a citação dos Cadets de Gascogne, de “Os Três Mosqueteiros”, de Alexandre Dumas, e com a paródia da famosa cena do balcão em “Romeu e Julieta”, de William Shakespeare.
A peça, escrita por Edmond Rostand, em 1897, traz, até a sua metade, uma boa carga de humor. No entanto, a partir de certo momento, o clima muda e se torna trágico. A montagem é dirigida por João Fonseca e tem em seu elenco Bruce Gomlevsky (vivendo o papel de Cyrano), Julia Carrera (como Roxane), Sérgio Guizé, Gaspar Filho, Gustavo Mello, Gláucio Gomes, Ricardo Tostes, Dida Camero, Ian Korich, Ricardo Ventura, Gustavo Damasceno, Arthur Brandão, Ivan Vellame, Tatsu Carvalho e Yasmin Gomlevsky.
O ator Bruce Gomlevsky, que interpreta a personagem Cyrano (Foto: Divulgação)
Cyrano: no Mundo e no Brasil
“Cyrano de Bergerac” foi apresentado pela primeira vez no final do mesmo ano em que foi escrito (1897). O primeiro ator a interpretar a personagem principal foi Constant Coquelin, que, na época, já tinha 56 anos. Ele atuou mais de 400 vezes entre apresentações no Théàtre Porte-Saint-Martin e em um tour pela América do Norte.
Após Coquelin, muitos atores fizeram o papel de Cyrano, entre eles os franceses Charles Le Bargy e Lucien Rozenberg, o italiano Gualtiero Tumiati, o espanhol Diaz de Mendoza, o inglês Robert Lorraine e o norte-americano Richard Mansfield. Na Broadway a produção que mais tempo esteve em cartaz fez 232 apresentações, em 1923, com Walter Hampden no papel principal.
A primeira apresentação no Brasil ocorreu em 1905, trazida pela companhia italiana Clara Della Guardia. Após diversas produções, em 1985, Antonio Fagundes interpretou Cyrano, sob direção de Flávio Rangel, no Teatro Cultura Artística, em São Paulo.
Além dos palcos, “Cyrano de Bergerac” também foi para os telões. O primeiro filme foi dirigido por Fernand Rivers, em 1946. Quatro anos depois, a história ganhou mais duas versões: a do diretor Michael Gordon e a do japonês Hiroshi Inagaki. Em 1960, foi a vez de Abel Gance dirigir a história. Houve, ainda, uma versão que relata esta mesma história num contexto mais atual; é a comédia “Roxanne” (1987), com Steve Martin e Daryl Hannah no elenco.
A última versão é franco-húngara e data de 1990. Considerada a adaptação mais fiel do texto de Rostand, o filme é dirigido por Jean-Paul Rappeneau e traz em seu elenco o ator Gérard Depardieu, como Cyrano, Anne Brochet, no papel de Roxane, e Vicent Perez, vivendo Christian.
Serviço
“Cyrano de Bergerac”
Quando: Até 05/2. Sexta e sábado, às 19h30; domingo, às 18h
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Álvares Penteado, 112 – Centro
Tel.: (11) 3113-3651
Ingressos: R$6
Texto: Jéssika Lopes
