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Criatividade Sonora

Publicado em: 16/04/2012 |

Quais instrumentos podem ser utilizados para a criação de uma trilha sonora original e eficiente? Provar que basicamente qualquer material que estamos acostumados a nos deparar em nosso dia a dia pode se transformar em emissor de sonoridades interessantes foi a missão do músico, compositor e produtor de música eletrônica Loop B, que ministrou seu workshop “Uso de Objetos Cenográficos na Trilha Sonora” aos aprendizes de Sonoplastia do Módulo Azul da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, no último sábado (14).

 

“Desde o começo deste semestre, prevíamos esse workshop de música concreta utilizando objetos cenográficos. Por sorte, o Loop, que mora em Nova York, estava de passagem pelo Brasil e, como o trabalho dele é focado justamente nisso, conseguimos encaixar esta aula, que tem muito a ver com a performatividade, eixo temático do Módulo Azul”, avalia Ricardo Severo, artista residente de Sonoplastia.

 

A aula foi dividida em duas etapas. Na primeira, o convidado se apresentou ao grupo, fazendo um apanhado sobre sua trajetória artística, e abriu sua caixa cheia de surpresas. Dela, saíram uma série de materiais cenográficos que serviriam para as experimentações que permearam a tarde.

 

Sendo assim, um pequeno botijão de gás, tijolos, sandálias de borracha, azulejos, bala de canhão, colher de pedreiro, lata de uísque, placas de metal, teclado de computador, gaveta de geladeira, espadas de plástico, entre outros inusitados itens, foram sendo expostos aos aprendizes, que se surpreendiam com os sons que Loop extraía de cada um deles.

 

Ao pedir que a turma começasse a mexer com os materiais para explorar “possibilidades de brincar com a performance”, o convidado passou a tarefa da aula: os aprendizes deveriam separar-se em grupos para criar, com aqueles objetos, trilhas sonoras para uma cena de livre escolha, real ou fictícia. Além disso, integrar elementos performáticos era imprescindível. 

 

Reunidos, os aprendizes tiveram cerca de uma hora para preparar as trilhas, e então, compartilhar suas criações com o restante da turma, Loop B e Ricardo Severo. Foram vistas e ouvidas várias abordagens diferentes. 

Um grupo, por exemplo, teve sua cena desenvolvida a partir de uma mesa, da qual eles extraíam sons inesperados. Quanto mais a trilha dialogava com a performance, mais Loop ficava satisfeito e se divertia.

 

Ao final de cada apresentação, Loop tecia comentários e críticas sobre os trabalhos, ressaltando as possibilidades que foram ou poderiam ter sido exploradas, e pedindo para que os outros aprendizes também dessem suas opiniões.

 

O aprendiz Almir Rogério Luz diz ter tirado um grande proveito da experiência. “Achei muito legal. Trabalho nessa mesma área, e, com toda a experiência que tem, ele nos trouxe insights novos, vou aproveitar bastante do que ele mostrou.”

 

Os aprendizes Rodrigo de Oliveira, Alexsandro Alves e Arisa Doy Baldin durante a atividade (Foto: Felipe Del)

 

Loop B, que visitava a Escola pela primeira vez, também saiu satisfeito do workshop. “Muito bacana estar aqui hoje e ter esse contato com o pessoal, houve uma interação muito grande. É uma turma bem animada, criaram um monte de coisas interessantes e eu fico feliz de saber que esse estímulo vai trazer resultados nas vivências deles daqui em diante. Agradeço ao Raul Teixeira (coordenador do curso) e ao Ricardo Severo por fazer este convite e espero que esta parceria continue em próximas oportunidades”, finalizou.

 

 

Duas décadas de música

Com 20 anos de carreira e sete CD’s lançados, a trajetória de Loop B também inclui performances em grandes festivais, uma série de trilhas sonoras para dança contemporânea e teatro, concertos em centros culturais, prêmios em programas culturais, e a promoção de workshops de junk percussion (percussão do lixo) e de música digital.

 

A identidade de seu trabalho é composta por dois elementos principais: a percussão de sucata e a estrutura eletrônica. As composições são desenvolvidas a partir de teclados e amostras processadas em computador, e, depois, a percussão é tocada ao vivo sobre a base eletrônica. Também são mesclados ritmos brasileiros em formato eletrônico e na percussão.

 

Seu primeiro álbum foi lançado em 1992, e suas primeiras pesquisas em música brasileira foram registradas na coletânea Electronic Music Brasil (Sony Music, 1997). Nesta obra, Loop chegou a tocar samba em um fogão velho.

 

Objetos como sucata de carro, pedaços de eletrodomésticos, entre outros itens, como cartuchos vazios de balas de canhão, perna de manequim e espadas de brinquedo, tornam-se instrumentos de percussão, enriquecendo a música com seus timbres incomuns. Para explorar melhor o som de objetos, Loop usa vários tipos de baquetas, arquivos e uma furadeira, que amplia o caráter cênico e performático das apresentações.

 

Para escutar todos os CD’s do artista, clique aqui.

 

 

Texto: Felipe Del

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