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Confira uma seleção de livros disponíveis na Biblioteca da SP sobre sobre filosofia africana e afrodiaspórica

Publicado em: 28/04/2022 |

A Biblioteca da SP Escola de Teatro vem realizando muitas ações interativas, como a recente exposição Estante da Deseducação. A partir das quais o objetivo é entender, enaltecer e dar mais visibilidade a autores de nacionalidades, gêneros, sexualidades e etnias que muitas vezes são ocultadas pela cultura que impera. Nesse contexto, a iniciativa vai de encontro à proposta pedagógica e social da Escola, que caminha na contramão do pensamento hegemônico segregacionista e exclusivo.

Cenógrafa e pesquisadora espanhola Josefina González Cubero, da Universidad de Valladolid, realiza palestra sobre os diferentes palcos teatrais na SP

Diante disso, Camila Araújo, Nadege Mondestin e Flávia de Araújo, integrantes da equipe do setor, fizeram uma seleção especial de alguns autores que abordam um tema pouco pautado: a filosofia africana e afrodiaspórica. Tais tópicos são essenciais no sentido de pensar outros saberes que fogem à lógica colonial e apagam as origens de muitos povos brasileiros. Assim, os títulos abordam conceitos, a partir de reflexões africanas, populares e que estão ligadas a trajetória, história e memória do pensamento africano.

Confira abaixo a lista e sinopse das obras selecionadas:

Arruaças: uma filosofia popular brasileira – de Luiz Antônio Simas e outros autores

A filosofia popular brasileira está nas ruas, nas experiências cotidianas e ancestrais, nos conhecimentos herdados e aprendidos nas encruzilhadas, nos terreiros e nos feitiços, na ginga dos malandros, nas veredas dos vaqueiros, nas saias das pombagiras. Saberes que vão tomando o seu espaço, desafiando os conceitos de uma história única e linear e se impondo frente a um conhecimento hegemônico e limitador. Trata-se, portanto, de uma ativa proposta contra a colonização dos pensamentos e das ideias o que esses três pensadores e professores brasileiros apresentam em Arruaças, um livro povoado de histórias, aprendizagens e encantamentos. Arruaças nos convida a conhecer a filosofia de boiadeiros, Marias Mulambos, Marias Navalhas, Estamiras, malandros, Zé Pelintras, Pomba¬giras, geraldinos e arquibaldos, pretas e pretos velhos.

Fonte: Editora Bazar do Tempo

O corpo encantado das ruas – de Luiz Antônio Simas

O livro é composto de crônicas de Luiz Antonio Simas sobre a cultura popular brasileira. As ruas, como vistas pelo autor em O corpo encantado das ruas, incorporam o movimento. São terreiro de encontros improváveis, território de Exu, que se manifesta na alteridade da fala e na afluência das encruzilhadas. Do Centro ao subúrbio, as tramas das ruas cariocas confundem-se com sua escrita.

Fonte: Civilização Brasileira

A crítica da razão negra – de Achille Mbembe

De todos os humanos, o negro é o único cuja carne foi convertida em mercadoria. Aliás, negro e raça têm sido sinônimos no imaginário das sociedades europeias. Desde o século XVIII, constituíram ambos o subsolo inconfesso e muitas vezes negado a partir do qual se difundiu o projeto moderno de conhecimento – e também de governo. Será possível que a relegação da Europa à categoria de mera província do mundo acarretará a extinção do racismo, com a dissolução de um de seus mais cruciais significantes, o negro? Ou, pelo contrário, uma vez desmantelada essa figura histórica, todos nós nos tornaremos os negros do novo racismo fabricado em escala global pelas políticas neoliberais e securitárias, pelas novas guerras de ocupação e predação e pelas práticas de zoneamento? Neste ensaio ao mesmo tempo erudito e iconoclasta, Achille Mbembe empreende uma reflexão crítica indispensável para responder à principal questão sobre o mundo contemporâneo: como pensar a diferença e a vida, o semelhante e o dessemelhante?

Fonte: Editora N-1 Edições

A razão africana – de Muryatan S. Barbosa

A obra aborda como o colonialismo não se ocupou apenas de territórios, mas também se provou bastante eficaz em povoar as mentes humanas. Por conta da hegemonia europeia e branca, durante muito tempo soubemos pouco a respeito da produção intelectual nos países africanos, terminado o período colonialista, demorou ainda muitos anos para passarmos a valorizar ― e a articular ― nomes fundamentais da filosofia e das ciências sociais daquele continente. Assim, temas como nação, autonomia cultural, racismo, identidade e entendimento da questão negra perpassam o melhor pensamento vindo da África nos últimos dois séculos.

Fonte: Editora Todavia

Afropessimismo – de Frank B. Wilderson

Por que a questão da raça permeia grande parte do nosso universo moral e político? Por que um ciclo perpétuo de escravidão ― em todas as suas formas: política, intelectual e cultural ― continua a definir a experiência da negritude? E por que a violência contra os negros é um traço predominante em todo o mundo? Essas são apenas algumas das questões que este livro levanta. Wilderson apresenta, nesta obra, as bases de um movimento intelectual ― o afropessimismo ― que vê a negritude pelo prisma da escravidão perpétua. A partir de clássicos da literatura, do cinema, da filosofia e da teoria crítica, ele mostra que a construção social da escravidão, vista pelas lentes da subjugação dos negros, não é uma relíquia do passado, mas um mecanismo que alimenta nossa civilização.

Fonte: Editora Todavia




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