O primeiro Território Cultural do segundo semestre, realizado na sede Roosevelt da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, no último sábado (11), começou com o agito da intervenção sonora a partir de objetos elétricos, eletrônicos e percutíveis, construídos pelos aprendizes de Sonoplastia durante o primeiro semestre, que formam o chamado “Hiperinstrumento”.
“O projeto, realizado no semestre passado, tem a ver com o tema da performatividade. Com o Hiperinstrumento, os aprendizes puderam buscar novas sonoridades, performances e possibilidades de criar suas trilhas sonoras”, explica Raul Teixeira, coordenador do curso de Sonoplastia da Instituição.
Após algumas palavras de Ivam Cabral e Joaquim Gama, respectivamente diretor executivo e coordenador pedagógico da Escola, Kimberly, uma das quatro recepcionistas da Instituição, interveio dançando e dublando a música “A Quien Le Importa”, de Thalia.
Ivam Cabral recepciona os novos aprendizes (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)
“Somos bastante pretensiosos. Costumo dizer que se estivéssemos em um lugar de medicina, estaríamos pesquisando as células-tronco; se fosse uma empresa de engenharia, seria a pesquisa da engenharia genética. Estamos no teatro, conectados com o que há de mais potente e moderno no mundo. A pedagogia tem se debruçado o tempo todo em não pensar o mais fácil. Por isso, temos um modelo pedagógico tão singular quanto o nosso. Sejam bem-vindos ao segundo semestre!”, disse Ivam, que aproveitou a ocasião para acolher os novos aprendizes.
Exposição em homenagem a Nelson Rodrigues
A aguardada exposição comemorativa em homenagem a Nelson Rodrigues finalmente está aberta ao público. No evento de lançamento, também no sábado (11), J.C. Serroni, curador e coordenador geral da mostra – além de coordenador dos cursos de Cenografia e Figurino e Técnicas de Palco –, recebeu os visitantes: “Esta é uma exposição criada pelos aprendizes. Nós os orientamos, mas deixamos que eles trabalhassem o tempo todo”.
Exposição recebeu um grande público neste sábado (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)
Ao entrar no ambiente, o público pode ver uma sala inteira dedicada ao trabalho. Envoltas por uma cenografia especial, realizada pelo próprio Serroni, as 15 maquetes criadas pelos aprendizes de Cenografia e Figurino e uma instalação em escala real dos aprendizes de Técnicas de Palco chamavam a atenção pela riqueza de detalhes. No andar superior, os interessados na obra de Nelson Rodrigues tinham acesso a cinco maquetes de cenografias feitas por Serroni para peças do autor, além de projetos de figurinos desenhados por ele e Telumi Hellen, formadora do curso de Cenografia e Figurino da Escola. Para aumentar a atmosfera rodrigueana, gravações de trechos de peças eram transmitidas.
“Nelson Rodrigues: Toda Nudez Será Castigada” continua em cartaz na sede Roosevelt da Instituição até 8 de setembro.
A Obra de Nelson Rodrigues
Às 11h, o diretor Marco Antonio Braz ministrou a palestra “Sobre a Obra de Nelson Rodrigues” aos aprendizes do Módulo Vermelho. A palestra debruçou-se inteira sobre a vida do autor. “Nelson Rodrigues era um mitificador, criava mitos desde o futebol até sua vizinhança, e é este olhar mítico que justifica a grandeza de sua obra”, contou Braz.
O diretor é um dos grandes especialistas na obra do autor. Ao longo de sua trajetória, encenou uma série de peças de Nelson, e, neste ano, foi convidado para dirigir as peças da mostra “Nelson Rodrigues 100 Anos”, que tem curadoria de Ruy Filho.
A Voz das Comunidades
“Eu tinha 180 seguidores quando comecei a contar o que estava acontecendo. No dia seguinte, já havia cerca de 30 mil. Não imaginei que ia ter tanto repercussão”. Em 2009, um garoto twittava, em tempo real, a invasão da polícia no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Rene Silva, o criador do perfil, ficou conhecido mundialmente e, recém-chegado de Londres, compareceu no primeiro Território Cultural do segundo semestre.
Rene Silva conversou com aprendizes do Módulo Amarelo durante duas horas (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)
Com uma agenda cheia e apenas 18 anos, Rene compartilhou sua experiência e falou sobre os projetos culturais e sociais realizados na comunidade. Rene Silva agradeceu pelo twitter ao diretor executivo Ivam Cabral e à SP Escola de Teatro. “Obrigado pela recepção @ivamcabral e galera da SP @escoladeteatro. É muito legal!!! :))”. Ivam não deixou por menos e retwiitou: “Vc crê no mundo que nós acreditamos!”
Placa e encerramento musical
Depois de uma manhã repleta de atividades, às 13h foi o momento de encerrar a programação dedicada ao público geral. Duas ações foram concretizadas naquele instante: o plantio de mudas na frente da Escola, que contou com a participação de diversos aprendizes e funcionários, e o descerramento da placa com os nomes dos primeiros aprendizes a concluir todos os Módulos dos Cursos Regulares da Instituição. A chapa metálica foi pendurada no saguão do prédio. “O nome de vocês vai ficar sempre emoldurado nessas paredes”, vibrou Ivam, antes de conduzir todos na execução do tradicional hino da Escola.
Aprendizes não hesitaram em colocar as mãos na terra (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)
Os escolhidos para comandar a festa foram os DJ’s Eugênio Lima e Will Robson e o dançarino e coreógrafo Frank Ejara, que agitaram o público até as 14h. “A Roosevelt foi muito importante para a cultura do hip-hop de São Paulo e do Brasil”, afirmou Lima.
Depois das 14h, de volta do almoço, os aprendizes do Módulo Vermelho reuniram-se em seus núcleos para conversas sobre seus respectivos projetos e o rumo que eles tomariam durante o semestre. Nem é preciso dizer que a expectativa é grande!
Texto: Felipe Del, Leandro Nunes e Gabriel Gilio