Com frequência, o corpo de funcionários da SP Escola de Teatro – Centro da Formação das Artes do Palco é ampliado com a chegada de novos profissionais para os vários departamentos da Instituição. As “caras novas” da vez são: a recepcionista Helena Victória; Cibele Custódio, secretária da diretoria executiva; e a bibliotecária Sandra Cardoso.
Da esquerda para a direita: Cibele Custódio, Helena Victória e Sandra Cardoso (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)
Helena Victória: 1001 Histórias em Uma Só Pessoa
A história de cada uma delas se cruza na Escola, porém, antes disso, tiveram trajetórias completamente distintas. Para se ter uma ideia, basta conhecer um pouco da história de Helena Victória. Até chegar à recepção da Instituição, cargo reservado exclusivamente a transexuais, já deu a volta ao mundo e viveu inúmeras experiências.
Seu sotaque carregado já denuncia que ela não nasceu no Brasil. De pais italianos e avós espanhóis, o nascimento aconteceu em 1960, segundo ela, “por acidente”, em Buenos Aires, onde cresceu e cursou os estudos básicos. Aos 17 anos, ingressou na carreira militar, na qual atuou durante dois anos como cadete aviador e soldado simples.
Além da aviação, sua outra paixão era viajar. Assim, cumprido o serviço militar, decide viajar para outras terras. Nesse período, fez escala no Brasil para juntar dinheiro e continuar a viagem, mas gostou do País e acabou ficando por aqui mesmo, trabalhando a princípio com comunicação visual (placas, faixas e luminosos). Depois, ingressou em atividades como pintura artística e acabamento de personagens nas empresas de Maurício de Souza, onde também se envolveu, até 2009, com eventos infantis.
Formada em uma infinidade de cursos, como desenho publicitário, estrutura de aviões e helicópteros, e uma série de outros, Helena chegou ao que chama de “santuário da cultura teatral” no início de julho. “Passei por um processo seletivo com outras transexuais e fui a feliz escolhida. Estou amando infinitamente trabalhar aqui, e tenho certeza que aprenderei muito mais do que eu imagino”, afirma Helena.
Cibele Custódio: Organizando Sonhos
Já Cibele Custódio nasceu na própria capital paulista, onde, aos 18 anos, conseguiu seu primeiro emprego, como recepcionista. Na experiência profissional seguinte, atuou na área administrativa. Entretanto, seu verdadeiro interesse girava em torno de outra carreira: o secretariado. Mais tarde, se formou em Secretariado Executivo Trilíngue pela Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap).
Nesse ramo, iniciou como estagiária da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), com todas as atribuições de uma secretária. Após o término do estágio, foi efetivada como Secretária Executiva de Departamento de Compras.
A vaga de secretária na SP Escola de Teatro surgiu após a candidatura em um site de empregos, mas, segundo ela, de maneira inusitada. “Foi muito engraçado, porque quando o RH da Escola me ligou, eu não pude atender. Havia ido à padaria e resolvi deixar o celular em casa. Na volta, vi que tinha uma chamada perdida, mas ao retornar, só dava ocupado. No dia seguinte, consegui o contato e agendei a entrevista.”
Completando um mês no cargo, a secretária avalia seus primeiros dias de trabalho. “Estou adorando trabalhar em uma escola, principalmente de teatro. Sempre trabalhei em empresas corporativas, formais, enquanto aqui é um ambiente totalmente diferente e inovador. O que mais me chama a atenção é o espírito de solidariedade de todos e a agitação que toma conta deste espaço.”
Sandra Cardoso: Entre os Livros e a Arte
Formada em Biblioteconomia e Documentação pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), a bibliotecária Sandra Cardoso não está tendo aqui seu primeiro contato com a arte. Durante sua graduação, já havia realizado estágios voluntários em acervos especializados em Arte.
Funcionária da SP Escola de Teatro desde junho, Sandra comenta sobre a opção que fez por esse cargo. “Estou gostando de trabalhar aqui. Dentre os processos seletivos que participei, esta foi a Instituição que mais me interessou, por vários motivos, por integrar projetos de Biblioteca e Arquivo e por ter um acervo especializado em Artes”, finaliza.
Texto: Felipe Del