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Bruno Narchi fala sobre os processos e a importância do curso de Teatro Musical oferecido por seu coletivo na SP Escola de Teatro

Publicado em: 03/11/2022 |

Em entrevista à comunicação da SP Escola de Teatro, o ator Bruno Narchi conta como foi o processo do curso de Extensão Cultural Teatro Musical: Estudo e Montagem De Um Espetáculo Original, orientado pelo coletivo de artistas Nosso Projeto, idealizado por ele, Thiago Machado e Zuba Janaina, que se encerrou no dia 22 de outubro.

Narchi é ator, cantor, produtor, publicitário e escritor. Trabalhou por 3 anos com a Walt Disney Company no Brasil, integrou o elenco de vários musicais, como Mamma Mia!, Fame, Rock In Rio – O Musical, Cazuza – Pro Dia Nascer Feliz, Rent e Romeu & Julieta. Ele foi idealizador e um dos produtores por trás da encenação de Rent no Brasil. Com o Nosso Projeto, ao lado de Zuba Janaína, Thiago Machado e Gui Leal, assinou a dramaturgia e direção das peças Diálogos e Azáfama; substantivo feminino, ambas selecionadas pelo Festival Paulista de Teatro Musical em 2021. A última cumpriu temporada na sede Roosevelt da SP no mês de junho e julho, antes do início do curso, também criaram em conjunto ALi iLÁ, Labirinto: o caso minotauro, AQUiiACOLÁ, Sorria, essa peça é uma comédia. Sua mais recente produção é A Matriarca, que teve exclusivas apresentações na última semana no Teatro do clube Monte Líbano.

Confira como foi o encerramento do curso de Extensão Cultural de Teatro Musical, orientado pelo coletivo Nosso Projeto

Além de descrever todas as importâncias do curso gratuito de teatro musical dentro da SP, Bruno Narchi também relata sobre suas novas experiências de criar universos teatrais escrevendo e produzindo peças originais brasileiras.

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Confira a entrevista completa:

Depois do sucesso que foi a procura do curso de Extensão Cultural orientado por você e seus parceiros na SP Escola de Teatro, como foi a experiência de dar aulas sobre o estudo e a montagem de um espetáculo original com esses estudantes?

É sempre um prazer para nós do coletivo iniciarmos qualquer tipo de projeto que seja relacionado a esse processo de musical original brasileiro. Eu acho que acaba sendo um mergulho nas nossas musicalidades, no nosso corpo, nas nossas histórias, realmente traz para a gente o teatro de novo. Então é sempre muito bonito e nesse caso específico é mais legal ainda, porque a gente teve uma turma tão diversa e tão interessada, com pessoas que vivenciaram ou não o teatro musical e mesmo assim estavam lá disponíveis para descobrirem o que elas têm de conhecimento, o que elas têm de experiência, no que elas podem se envolver e o que elas podem oferecer para aquela montagem, então foi realmente um curso muito legal.

Vocês montaram em conjunto um espetáculo inédito?

Foi a primeira vez que tivemos uma turma tão grande. Começamos  o curso com 51 estudantes e concluímos com 42. Isso também era o quebra-cabeça de como a gente ia pegar um espetáculo e dar uma pedaço desse espetáculo para cada um desses estudantes. Então, o que fizemos foi pegar um espetáculo do repertório do Nosso Projeto, que é original brasileiro, mas que já teve algumas montagens ou que já foi estudado em alguns outros cursos. Até em prol do pouco número de encontros que nós tínhamos, porque foram só 14 encontros com essa turma imensa, então para podermos viabilizar o curso, pegamos esse espetáculo do nosso repertório que já tinha a melodia das músicas, que já tinha alguma base pronta para podermos trabalhar com tão pouco tempo, mas sempre visando com que a montagem fosse uma montagem exclusiva feita para e com esses estudantes desse curso.

Nos conte mais sobre o processo da montagem.

A gente entendeu quem que tocava instrumentos, quem ali cantava mais, quem cantava menos, quem já tinha tido experiência com canto e dança, quem nunca tinha feito nada, quais momentos que a gente exploraria essas pessoas que haviam estudado mais ou que já tinham tido um contato maior com canto e dança, em que momento que a gente usaria a turma inteira e que tipo de coreografias que a gente poderia elaborar a partir disso tudo. Como que seria a encenação tendo 42 pessoas em cena mais a plateia, então a gente conseguiu formar um formato arena, adaptamos o cenário que a gente tinha para que pudéssemos ter o espaço mais livre para esses 42 estudantes. Resumindo, pegamos um espetáculo original da companhia e fizemos uma montagem cem por cento voltada para essa turma.

Além de você ser ator, agora também está escrevendo textos para teatro musical, como é para você criar um universo completo do teatro e não apenas um personagem?

Eu sempre fui muito apaixonado pelo universo artístico como um todo. Eu acho que o lugar onde meu coração grita mais alto é o palco, sem dúvida nenhuma, foi o que me puxou primeiro, mas eu acho também que o estar no palco para mim sempre foi uma jornada de conhecimento para justamente poder em algum momento trabalhar em outras áreas. Então eu sentia que precisava passar pelo lugar de ator para entender melhor a escrita teatral, eu precisava passar pelo lugar de ator para entender melhor a direção, como conduzir um ator em cena, sendo que uma vez eu já fui, e a partir disso consigo pensar em caminhos ou forma de falar ou como explorar o ator ou direções que possam ser favoráveis aos atores que estão em cena, então o meu caminho no palco para mim sempre foi essa escola para que um dia eu pudesse também começar a me testar em outros lugares e ver de que forma eu gostaria de produzir.
Passar por outras produções para ver como que funcionava em diversos lugares para que depois eu pudesse amadurecer isso e tentar trabalhar de uma forma que eu acreditava. Então para mim eu acho que essa expansão sempre foi um norte, sempre desejei ela, mas existia um tempo para ela acontecer que foram os 8 anos apenas trabalhando no palco antes de eu ganhar coragem para me explorar em outras áreas e eu acho que é um complemento, enriquece o meu olhar como ator, meu olhar como artista, porque começo a ter realmente uma visão do todo. Tudo o que você faz, você começa a perceber como que uma coisa afeta a outra, como que o ator afeta o palco, afeta a luz, afeta o som, e como tudo está realmente interligado, eu acho isso fascinante.

Quais dicas você daria para um estudante de teatro que pensa em expandir seus aprendizados para mais de uma linha/área?

No lugar de conselho, eu acho que para as pessoas que gostariam de expandir e também expandir-se dentro de outras áreas artísticas, eu sou muito do caminho do conhecimento, do estudo, da vivência, eu acho muito legal a gente poder experimentar coisas para poder enriquecer as nossas experiências. Incentivo muito as pessoas a se experimentarem em outros lugares, às vezes a gente tem o amor pela arte e a gente acha que isso diretamente nos joga para o palco e eu conheço um monte de gente que depois se encontra na iluminação, que se encontra trabalhando com som, com microfonagem, então esse experimento é muito rico, porque às vezes a gente sabe que existe um amor por essa área e essa área é muito diversa, mas apenas experimentando outras coisas que a gente realmente descobre qual que é o nosso lugar, o que que a gente gosta de fazer ou até mesmo o que gostamos de estar envolvido em diversas áreas diferentes, dentro desse universo artístico.

Para você, qual a importância dos cursos oferecidos pela Extensão Cultural da SP Escola de Teatro para o ensino das artes do palco no Brasil? Como você atribui essa relevância para a sociedade como um todo?

A importância é a maior do mundo, é muito importante, nós temos cursos tão diversos, com conteúdos tão diversos, oferecidos gratuitamente e com estrutura, com uma sala legal, com professores legais, com conteúdo diferente e bem preparado para pessoas interessadas. Não tem nada mais lindo do que dar aula, dar um curso, para pessoas que estão interessadas realmente naquilo que você está falando, que querem absorver esse conhecimento. Eu acho que os cursos de extensão são essa porta que favorece, que possibilita, que oferece os primeiros contatos.

Tinham muitos estudantes que nas cartas de intenção escreviam que nunca conseguiram ter contato com experiências do teatro musical, pelos custos envolvidos, por ter que pagar uma aula de canto, ter que pagar uma aula de dança, aula de interpretação, isso realmente sobrecarrega muito os estudantes. Então ter esses cursos com estrutura de forma gratuita, eles realmente são tudo, são super importantes, são super necessários, são portas que se abrem para diversas pessoas com experiências que elas jamais teriam se não fossem esses cursos de extensão. Eles são fundamentais e acho que uma vez que são tudo isso, logicamente também se aplica à sociedade, porque a gente que trabalha com o teatro e estuda teatro, a gente sabe como é difícil até mesmo financeiramente correr atrás dos estudos, porque são diversas aulas possíveis para a gente ter diversos cursos, diversos professores e realmente a necessidade de gastar para fazer todas essas aulas, ela acaba inviabilizando isso, ainda mais quando a gente tá numa fase de estudantes que ainda não estão ganhando, não estão trabalhando ainda para também pagar esses custos todos. Então esse tipo de iniciativa, esse tipo de curso, esse tipo de extensão, de estrutura, a gratuidade desses cursos realmente é o que impulsiona uma série de pessoas que talvez jamais poderiam entrar em contato com esse tipo de curso e com esse tipo de conteúdo, se não fosse através desse formato.




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