Severino-artista é o viajante. “Qual caminho seguir?” é a questão. Circo-teatro é a referência cênica. Esse é o projeto para o Experimento do grupo “O Viajante”, que abre, hoje, a semana de apresentações do Módulo Vermelho na SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco.
Extraindo elementos do livro “Vida e Morte Severina”, de João Cabral de Melo Neto, o grupo pretende retratar a difícil situação em que o artista se encontra atualmente. “O desejo era trazer o texto como uma montagem de circo-teatro, mas seria muito difícil, pois esse estilo requer uma especialização muito profunda por parte do ator e não tínhamos tanto tempo, então, trouxemos uma atmosfera circense”, observa Adalberto Lima, um dos diretores do núcleo.
Conforme solicitado no projeto, entre os artistas que a Escola disponibilizou para orientar e ministrar aulas para os aprendizes do grupo – uma das premissas do sistema do Módulo Vermelho, estão Daniele Pimenta, Fernando Neves e Eduardo Moreira, que transmitiram um pouco de seu conhecimento sobre o circo-teatro.
“Com o Fernando Neves, percebemos que precisaríamos de exuberância cênica e figurinos belos. Então, trouxemos um contraste: pobreza no cenário e riqueza no figurino, que simbolizam a situação paradoxal do artista. Nos esforçamos o máximo possível para criar um figurino bonito”, ressalta Nina Preta, de Técnicas de Palco.
Além disso, Valter Valverde também foi consultado, porém, sobre o teatro de sombras, que também estará presente no exercício cênico – ainda que sob a forte luz que ilumina o pátio da Escola. “Está aí um dos nossos grandes desafios”, brinca Nani.
Eidglas Xavier, aprendiz de Direção, destaca algumas das características do circo que farão parte da cena: “Além de se apropriar do seu entorno, o circo agrega. Por isso, teremos um show surpresa e outras atrações. Queremos que esse seja um lugar onde o público sinta-se, acima de tudo, à vontade.”
O esforço do artista por passar algo que encante as pessoas, muitas vezes, mesmo sem ter as condições necessárias, é um dos conceitos que inspiraram o grupo. “O artista vende um sonho, algo que não existe, e ele próprio acaba acreditando, pois aquilo é sua vida. Ele vive na corda bamba, tendo que fazer mil coisas para conseguir se sustentar, e, ainda assim, cria um universo que, para ele, é maravilhoso. É o confronto entre o sonho e a realidade”, explica Lima.
A figura da personagem Severino-artista, criada com base no retirante Severino, do livro de João Cabral, é outro símbolo dessa situação, segundo Eidglas. Lima concorda e diz que a pesquisa do grupo leva, inevitavelmente, a uma pergunta: “Afinal, para onde o artista vai nessa caminhada?”
Para saber onde e quando o grupo “O Viajante” e os demais se apresentam, clique aqui.
Ficha técnica
Cenografia e Figurino: Nilce Xavier
Direção: Adalberto Lima, Eidglas Silva e Felipe Menezes
Dramaturgia: Alexandre Gnipper
Humor: Maressa Galvão
Sonoplastia: Alex Santos
Técnicas de Palco: Eduardo Alvares, Nair Aquino e Nani Preta
Texto: Felipe Del