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Arte e homenagens marcam fim das aulas na Escola

Publicado em: 15/07/2013 |

Experimentações sonoras e trabalhos artesanais abriram a extensa programação da festa de encerramento do semestre letivo da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, realizada a partir das 9h do sábado (13), na Sede Roosevelt e no Ateliê da Instituição.

Logo no começo do dia, quem fosse ao Ateliê poderia acompanhar quatro mostras de trabalhos dos aprendizes. A primeira era “Possibilidades artesanais do calçado na indumentária teatral”, criação do aprendiz de Técnicas de Palco Alício de Oliveira Silva, que produziu alguns calçados próprios para a utilização em cena.

Também foram expostas maquetes criadas pelos que estudam Cenografia e Figurino, em um trabalho orientado ao longo deste semestre por J. C. Serroni, coordenador do curso, com a proposta de reproduzir imagens de “Rei Lear”, de Shakespeare, e “Vestido de noiva”, de Nelson Rodrigues. “Eles desenvolveram esse material em quatro meses. O resultado foi ótimo, foram explorados conceitos muito interessantes e eles adotaram visões muito ricas dos textos, o que é ainda mais importante que a execução em si”, afirmou.

Além desses, o público teve acesso aos trabalhos de figurinos radicais, cujas aulas foram ministradas por Marina Reis, e às criações de mantos, acompanhadas por Adriana Vaz.

Enquanto o trabalho artesanal predominava por ali, da Sede Roosevelt emanavam ruídos extraídos, em boa parte, da investigação de recursos tecnológicos, em uma mostra de processo dos aprendizes do curso de Sonoplastia.

Após as demonstrações, o coordenador do curso, Raul Teixeira, e os artistas convidados Wilson Sukorski e Cintia Campolina reuniram-se com os aprendizes para uma conversa sobre o que foi estudado e uma compilação do que foi produzido no semestre. “Estou muito contente. Ontem (12), reunimos vários trabalhos criados em sala de aula. É um bom momento para conhecer o que os aprendizes do outro período estão fazendo”, disse Teixeira.


Uma turma de 23 aprendizes concluiu os quatro módulos de todos os oito cursos regulares da Escola
(Fotos: André Stéfano)

O dia não havia chegado nem à metade quando, às 11h, os aprendizes de Atuação Melina Barbosa, Paola Dourge, Cris Alfer, Herácliton Caleb, Débora Ramos e Railson Fidélis compartilharam com o público quatro cenas de performatividade.

“São exercícios criados em sala de aula, portanto, não foram preparados como uma mostra de finalização. Mas, como tivemos este espaço, aproveitamos para estabelecer este contato com o público de fora do curso”, explicou o formador, Filipe Brancalião.

Uma breve pausa para o almoço e, às 13h, a programação continuou. No saguão, o aprendiz de Técnicas de Palco Evaristo Daniel Moura apresentou sua performance, criada a partir de um figurino de sua autoria, explorando temas como divindade, o sagrado, e “a mulher que mata, amamenta e ama”.

Assim que a performance chegou ao fim, a atração do público foi levada para fora das paredes do prédio. Na rua, dois palhaços começavam a tocar escaleta e apito. Em pouco tempo, vários outros chegaram para compor a cena e extrair risos dos espectadores, que eram conduzidos para dentro da Sede.

As escadas que davam acesso ao teatro já estavam ambientadas para receber o público e fazer com que esse entrasse num clima de cabaré. Tudo isso já fazia parte da mostra de processos do grupo Teatro Pândega, de Maria Alice Vergueiro, intitulada “TAR”, com cenas resultantes da provocação pelo conceito de Zona Autônoma Temporária, de Hakim Bey, pelos textos “Fando e Lis”, de Fernando Arrabal, e “Fim de partida”, de Samuel Beckett.

Composto por aprendizes, ex-aprendizes e artistas convidados, o trabalho, resultado parcial da residência artística de Maria Alice e sua trupe na Escola, arrebatou os espectadores com uma comovente história sobre abuso e o sentimento de inutilidade, vazio e desespero de uma paralítica, que contou com a participação da própria atriz no elenco.

“Obrigada a todos. Foi um prazer trabalhar com essa moçada. Estou encantada. Espero que possamos continuar trabalhando juntos”, disse Maria Alice, ao final.


Maria Alice Vergueiro e aprendizes da Escola em cena da mostra de processos intitulada “TAR”

Pouco depois das 14h, era hora de conferir a leitura dramática de “Quarenta e duas”, texto escrito por Camila Damasceno, que está entre os aprendizes que acabaram de concluir os quatro módulos do curso de Dramaturgia da Instituição. A obra aborda temas recorrentes na adolescência de um garoto, como televisão, internet, escola, pornografia, impulsionando-o na busca do gozo eterno e permanente.

No elenco, os aprendizes de Humor Asnésio Bósnic e Emiliano Favacho e o de Atuação Gustavo Braunstein. A sonoplastia foi assinada por Jomo Faustino e a iluminação, por Matheus Macedo.

Alguns andares acima, na Biblioteca, a partir das 15h, alguns doadores de livros ou seus representantes, que contribuíram para a construção do acervo do espaço, receberam uma singela homenagem. Foram eles: Ivam Cabral, Alberto Guzik, Christiane Riera, Mário Silvio e Emílio Di Biasi.

No encontro, também foram comentados outros projetos da Biblioteca. Na homenagem, Ivam Cabral não segurou as lágrimas: “Tenho uma forte relação com a memória. Este é um projeto de sonhos. Imaginar que neste lugar temos o Guzik e a Chris vivos, assim como o acervo do Emilio e do Mário… temos doações incríveis. Estou superemocionado. A vida é sonho”, disse o diretor executivo da Instituição.

Os homenageados receberam uma placa, com um agradecimento da Escola. Sergio Zlotnic recebeu em nome de seu primo, Guzik, e Pedro Riera, pela tia Christiane Riera e Maria Ângela Di Biasi, pelo irmão, Emilio.

E a tarde de celebração ainda teria mais atrações. Às 16h, o saguão sediou o lançamento da revista A[L]BERTO – Especial Dramaturgia #1. Nesta edição, a revista da SP Escola de Teatro traz quatro textos inéditos, assinados por Afonso Junior Ferreira de Lima, F. A. Uchôa, Leandro Doregon e Tadeu Renato, com prefácio de Sílvia Fernandes.

A seleção dos textos ficou a cargo de Marici Salomão, coordenadora do curso de Dramaturgia da Escola, bem como a coordenação da edição, que ela dividiu com Ivam Cabral. “Quero agradecer aos autores, pois essa revista não são só cinco textos. Ela é, na verdade, uma porta, um marco para a dramaturgia do século 21. Tudo graças ao Ivam Cabral, que está abrindo portas para esses jovens que conseguiram quebrar barreiras, sair da sala de aula e partir para o mundo”, falou Marici.

Como uma turma de 23 aprendizes concluía, neste semestre, o ciclo de quatro módulos dos Cursos Regulares da Escola, houve espaço, ainda, para homenageá-los.

Feito isso, a festa rolou solta com muita música. Aproveitando a data simbólica – Dia mundial do rock – a atriz e diretora Fernanda D’Umbra agitou o público com sua banda, Fábrica de Animais.

E, assim, foi encerrado o primeiro semestre letivo na SP Escola de Teatro: com muita arte e, acima de tudo, uma sensação de frescor, em relação ao que vem por aí no restante do ano.

 

Texto: Felipe Del

 

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