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Alexandre Cruz

Publicado em: 18/03/2013 |


Alexandre Cruz é ator

Como surgiu o seu amor pelo teatro?
Comecei a fazer teatro aos 14 anos. Naquela época, minha irmã mais velha fazia teatro amador e foi assistindo a uma peça dela que comecei a me interessar pelo teatro. Fiquei curioso e, aos poucos, comecei a participar das peças com ela. Depois disso, nunca mais parei.

Lembra da primeira peça a que assistiu? 

Bom, acho que foi uma peça infantil, não me lembro muito bem da história. Só me lembro que eu já tinha uns 9 anos e achava tudo aquilo muito engraçado: os atores, os figurinos, a luz colorida… e jamais imaginava que um dia faria teatro também.

Um espetáculo que mudou a sua vida foi… 

Um espetáculo que me marcou muito e, sim, talvez tenha mudado minha vida, foi a montagem de Cibele Forjaz de “Um Bonde Chamado Desejo”. Eu morava no interior de São Paulo, em Araraquara, e assisti à peça no Sesc de lá. Adorei, achei o máximo ver aquele texto que sempre amei montado de forma tão brasileira e visceral. Depois daquilo, resolvi prestar o vestibular da EAD (Escola de Arte Dramática) e fiz na primeira fase do vestibular uma cena de “Um Bonde Chamado Desejo”. Deu tudo certo, passei no vestibular, entrei e cursei a EAD.

Um espetáculo que mudou o seu modo de ver teatro foi…

“Romeu e Julieta”, do grupo Galpão, com direção do Gabriel Villela. Assisti ao espetáculo do começo ao fim hipnotizado por tudo aquilo, aquela forma divertida e completamente popular de se fazer Shakespeare.

Você teve algum padrinho no teatro? Se sim, quem?

Sinceramente, não. Tive vários mestres maravilhosos, principalmente os meus queridos professores da EAD.

Já saiu no meio de um espetáculo? Por quê?
Assistindo?  Sim. Não agüentei… A peça era muito longa e chata. Um musical.

Teatro ou cinema? Por quê?
Difícil, acho que os dois! São experiências bem diferentes. Amo a experiência que só o teatro pode me dar, o ao vivo, algo que só acontece ali, naquela noite. Isso é indescritível. E o cinema é uma paixão desde criança. Sempre adorei assistir a filmes. Em Araraquara, naquela época, era mais fácil ir ao cinema do que ir ao teatro. Então, acabava assistindo a mais filmes do que peças.

Cite um espetáculo do qual você gostaria de ter participado. E por quê? 

Adoraria ter feito parte do elenco de “Os Sete Afluentes do Rio Ota”, de Monique Gardenberg. Adorei o espetáculo e acho o texto genial, o tipo de dramaturgia que amo como ator.

Já assistiu mais de uma vez a um mesmo espetáculo? Por quê?

Sim. Já assisti a alguns mais de uma vez, simplesmente porque adorei e quis assistir novamente.

Qual dramaturgo brasileiro você mais admira? E estrangeiro?

Adoro Nelson Rodrigues. Eu o acho genial, ácido, inteligente, capaz de lançar um olhar cruel sobre nossa sociedade, além de nos oferecer personagens extremamente ricas de possibilidades; um prato cheio para nós, atores. Dos estrangeiros, adoro Tennessee Williams. Pra mim, “Um Bonde Chamado Desejo” e “Zoológico de Vidro” são obras-primas da dramaturgia moderna. Um dia ainda quero fazer parte de uma montagem desses textos.

Qual companhia brasileira você mais admira?

Adoro o trabalho da Cia. dos Atores, do Rio de Janeiro. Assisti a vários trabalhos incríveis deles, como “Ensaio.Hamlet”, “Melodrama” etc…

Existe um artista ou grupo de teatro do qual você acompanhe todos os trabalhos?
Pra falar a verdade, não.

Qual gênero teatral você mais aprecia? 

Não tenho muito isso. Gosto de tudo: tragédia, drama, comédia e a mistura de tudo isso que vemos muito nos textos mais contemporâneos.

Em qual lugar da plateia você gosta de sentar? Por quê?
Gosto de me sentar no meio na plateia, mais ou menos na quinta fileira, com uma ótima visão do espetáculo todo, principalmente dos atores. Acho muito ruim sentar no fundo quando o teatro é muito grande. Já sentei na última fileira, na lateral e não consegui ver nada. Os atores pareciam formiguinhas no palco. Terrível!

Fale sobre o melhor espaço teatral que você já foi ou já trabalhou.
O melhor sem dúvida é o Teatro do Sesc Anchieta, onde fiz o espetáculo “Maria Stuart”. Nesse teatro, tudo é pensado por quem realmente entende de teatro, acústica perfeita, tamanho do palco, disposição da plateia em relação ao palco, conforto do público etc. Enfim, acho um ótimo teatro.

Existe peça ruim ou o encenador é que se equivocou? 

Existem as duas coisas: peças mal escritas e ótimos textos, que se transformam em montagens completamente equivocadas na mão de um encenador errado.

Como seria, onde se passaria e com quem seria o Espetáculo dos seus sonhos?
Seria aqui, agora e com uma equipe completamente comprometida em contar com toda a sinceridade uma história, seja lá qual for.

Cite um cenário surpreendente.
O cenário do espetáculo “Os Sete Afluentes do Rio Ota”:  maravilhoso, inesquecível!!

Cite uma Iluminação surpreendente. 
A iluminação minimalista do espetáculo “Quartett”, de Bob Wilson.

Cite um ator que surpreendeu suas expectativas.
Um garotinho que fazia o musical “Billy Elliot”, em Londres. Ele era o protagonista da peça. Fiquei completamente emocionado pelo trabalho maravilhoso do garoto. Demais!

O que não é teatro? 
Acho que teatro é, antes de mais nada, um meio de comunicação. É algo feito para os outros. Sendo assim, o que pra mim não é teatro são essas peças que a gente assiste por aí em que o artista não parece preocupado em se comunicar com o público. Está “pesquisando” sozinho e não está nem aí para quem está assistindo. Acho isso um saco! Mas, enfim, é só a minha opinião.

A ideia de que tudo é válido na arte cabe no teatro? 
Sim, acho que sim, se esse “tudo” está voltado para construção de algo que é transmitido para o público, sim. 

Na era da tecnologia, qual é o futuro do teatro? 
Na minha opinião, o bom teatro sempre terá lugar em qualquer sociedade. Acredito que o teatro proporciona algo que vem desde a tragédia grega, uma espécie de ritual, onde todos saem modificados, sempre. Gostem ou não do espetáculo. Porém, também acredito ser fundamental que o teatro se mantenha sempre conectado com o hoje, levando para o palco algo que seja reconhecível para o homem contemporâneo, algo vivo e pulsante no agora.

Em sua biblioteca, não podem faltar quais peças de teatro?

“Macbeth”, “Hamlet”, “Ricardo III”, “Romeu e Julieta”, “Um Bonde Chamado Desejo”, “Zoológico de Vidro”, “O Beijo no Asfalto”, “Boca de Ouro”, “A Falecida e muitas outras”.

Cite um diretor (a), um autor (a) e um ator/atriz que você admira.

Adoro o trabalho do diretor Enrique Diaz; acho incríveis os textos de Yasmina Reza, e admiro muito Denise Weinberg como atriz.

Qual o papel da sua vida?

MacBeth.

Uma pergunta para William Shakespeare, Nelson Rodrigues, Bertolt Brecht ou algum outro autor ou personalidade teatral que você admire.
Para Shakespeare: “Como você consegue escrever tantos textos incríveis, com tantos personagens maravilhosos e ainda ser completamente universal e atemporal?”.

O teatro está vivo?
Completamente. No Brasil, temos essa ilusão de que o teatro está morto, talvez por conta do poder da nossa televisão, o que é muito triste. Mas acho que as pessoas ainda buscam no teatro algo que só ele pode oferecer. Fora daqui, em cidades como Nova York ou Londres, o teatro faz parte do dia a dia das pessoas. Por exemplo, é incrível ver, nessas cidades, as estações de metrô repletas de anúncios de todo o tipo de peças em cartaz na cidade, espero, quem sabe, um  dia ter isso aqui também, pelo menos em São Paulo.

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