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Alegorias de Pieter Brueghel no colóquio sobre a pedagogia do teatro

Publicado em: 02/10/2013 |

Joaquim Gama e Ingrid Dormien Koudela, na mesa de ontem do colóquio “O que é pedagogia do teatro?”
(Fotos: André Stéfano)

Em 2010, quando defendeu sua tese de doutorado, intitulada “A abordagem estética e pedagógica do teatro de figuras alegóricas – chamas na penugem”, o coordenador pedagógico da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, Joaquim Gama, usou como base sete gravuras assinadas por Pieter Brueghel, datadas do século 16, para aplicar conceitos das peças didáticas do alemão Bertolt Brecht e de seu conterrâneo, o também dramaturgo e escritor Heiner Müller. 

 
E foi um pouco desse tratado acadêmico que Joaquim mostrou ontem (1º), ao lado de sua orientadora à época, a Prof.ª Dr.ª Ingrid Dormien Koudela, livre-docente da ECA/USP, durante a 11ª mesa do colóquio “O que é pedagogia do teatro?”, na Sede Roosevelt, que abordou o tema “Teatro de figuras alegóricas”.
 
Com curadoria da própria Ingrid Koudela, o colóquio tem como principal objetivo a organização de temas, a serem debatidos por especialistas, com a proposta de ser um instrumento de trabalho da Pedagogia do Teatro. Assim, a explanação de Joaquim Gama começou contextualizando a encenação como prática pedagógica. “O próprio teatro traz questões pedagógicas. Se antes os mestres do teatro eram deixados, por assim dizer, em segundo plano, agora, eles são observados para equacionar questões do ensino do teatro”, começou Joaquim.
 
“Eu fico muito feliz de ver aqui, na plateia, a atriz e diretora Maria Alice Vergueiro, que em 1974, teve papel fundamental neste processo de construir a pedagogia do teatro, ao ajudar a estruturar o curso de licenciatura de teatro na ECA/USP”, observou Ingrid. 
 
Na sequência, Joaquim passou a projetar, em uma tela, as sete gravuras de Brueghel , inspiradas nos sete vícios capitais: avareza, soberba, luxúria, inveja, ira, gula e preguiça. Extremamente ricas em detalhes, elas acabaram originando um trabalho realizado com alunos da Uniso (Universidade de Sorocaba). “Num primeiro momento, essas gravuras resultaram em um material dramatúrgico, feito a partir das descrições desses quadros. Depois, detalhes capturados pelos alunos foram transportados para o palco, numa técnica denominada tableau vivant (representação, por um grupo de atores ou modelos, de uma obra pictórica preexistente), que retrata cenas ora estáticas, ora em movimento e da qual o Joaquim gosta muito”, lembrou Ingrid.
 
Na tela, foram projetadas algumas cenas nascidas deste exercício cênico. “Os próprios alunos escolheram o recorte que fariam dos quadros de Brueghel, transformando-os em alegorias. Assim, com a alegoria, eles conseguiram tirar a obra de arte de sua finitude, daquilo que se vê diante dos olhos, levando-a a um grau de infinitude, diante das inúmeras possibilidades que se abrem diante dela, com aquilo que se é possível ver”, frisou Joaquim.
 
A partir daí, a palestra seguiu com abertura para as questões formuladas pela plateia aos participantes. 
 
A próxima mesa do colóquio acontecerá no dia 15 de outubro, às 19h, na Sede Roosevelt. Nela, será abordado o tema “Publicações em pedagogia do teatro I”, com Jacó Guinsburg, Maria Lúcia Pupo e Vera Bertoni. A mediação é de Ingrid Dormien Koudela.  





Texto: Esther Chaya Levenstein

 

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