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Abertura do 8º Encontro do Instituto Hemisférico de Performance & Política

Publicado em: 14/01/2013 |

São Paulo foi o local escolhido para receber o 8º Encontro do Instituto Hemisférico de Performance & Política, um dos principais eventos de performance das Américas, promovido pelo Hemispheric Institute, da Universidade de Nova York, em parceria com o Sesc, o Departamento de Artes Cênicas da ECA/USP e a SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco.

 
A programação, de oito dias repletos de atividades norteadas pelo tema “Cidade/Corpo/Ação – A Política das Paixões nas Américas”, reunirá de performances a instalações. A abertura do festival aconteceu no sábado (12), no Sesc Vila Mariana, com uma série de performances e intervenções urbanas que ocuparam os ambientes internos e externos do lugar. Nelas, Abigail Levine, The Movement Party, L.M. Bogad, Desvio Coletivo & Coletivo Pi, Andrea Soares e Will MacAdams apresentaram seus trabalhos.
 
Aline Negra Silva, aprendiz de Direção da Escola, estava lá, acompanhando, atentamente, cada um dos artistas. Segundo ela, “o conceito de performance é algo abrangente para nós e que ainda causa certa confusão. O mais interessante aqui é pensarmos em maneiras de utilizar esse material todo que estamos vendo como referências em nossa própria obra. Estamos na ‘SP Escola de Teatro’ exatamente para isso: experimentar”.
 
Esse foi apenas o aquecimento para o que vai rolar até o próximo sábado (19). Depois dessas apresentações, o teatro – com quase todos seus 608 lugares ocupados – sediou a abertura institucional do Encontro, com boas-vindas e entrega de prêmios aos afiliados homenageados pelo Instituto Hemisférico.
 
Assim, antes da premiação, subiram ao palco os representantes das instituições envolvidas no evento. O primeiro foi Luiz Deoclécio Massaro Galina, Superintendente de Administração do Sesc – ele substituía Danilo Santos de Miranda, que é Diretor do Departamento Regional do Sesc. “Para nós, do Sesc, é muito bom reforçar parcerias com os líderes internacionais de setores relacionados à cultura”, comentou.
 
Na sequência, Elisabeth Silva Lopes, professora da USP e Coordenadora Geral do Encontro, definiu o evento como “a valorização das manifestações da performance da América”.
 
 
Ivam Cabral durante as boas-vindas (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)
 
 
Quando convidado a fazer seu discurso, Ivam Cabral, diretor executivo da SP Escola de Teatro, agradeceu pela oportunidade e disse: “Nós da Escola ambicionamos trabalhar para constituir artistas/cidadãos com consciência reflexiva e, ao mesmo tempo, profissionais qualificados no campo teatral. E para que essa formação seja de fato concretizada, segundo nossa visão, é necessário que a formação contemple a tradição, claro, mas que mantenha um olhar para a vanguarda e para o contemporâneo, por isso esse evento é tão importante, porque nos permite entrar com contato com o trabalho multilingue e multidisciplinar desenvolvido pelo Hemispheric Institute Portanto, nossa expectativa com relação a esse evento é, claro, como a de todos vocês aqui, a melhor possível. Desejamos que essa troca instigue todos”.
 
Diana Taylor, a Diretora Fundadora do Hemispheric Institute, mostrou-se feliz pela realização desta edição do evento, que também marca o 15º aniversário do Instituto. “Um dos pontos que nos motivaram é que nós, artistas, ativistas, não nos conhecemos através das Américas. Essa oportunidade se mostra muito especial por compartilhar esse trabalho. Vamos celebrar e criar juntos!”, convocou. O responsável por encerrar as boas-vindas foi Marcelo Araújo, Secretário de Cultura do Estado de São Paulo.
 
Na hora de entregar os prêmios, os homenageados do Instituto foram a teatróloga cubana Vivian Martínez Tabares e o Grupo Cultural Yuyachkani, do Peru. Encerrada a solenidade, foi promovida a palestra “O Retorno do Corpo-que-sabe”, de Suely Rolnik.
 
Após o encerramento das atividades, o Secretário Marcelo Araújo observou: “Acredito que a realização deste Encontro tem uma contribuição muito importante ao criar, ao longo de uma semana, um espaço privilegiado de reflexão e apresentação de performances em torno de questões que hoje em dia são fundamentais: a relação entre corpo e a cidade”.
 
E, logo no dia seguinte (domingo, 13), o evento continuou, na Sede Roosevelt da SP Escola de Teatro, na USP e no Sesc Vila Mariana. À noite, quem adentrava pela recepção da Sede Roosevelt da SP Escola de Teatro se surpreendia ao ver um homem dançando apenas de cueca verde, ao som de músicas latinas. Sob os dizeres “The More I Dance” (quanto mais eu danço), estava o dominicano Nicolás Dumit Esteves. Conhecido por criticar e satirizar o estereótipo latino-americano, sua performance consistia em balançar o corpo em cima do pequeno tablado.
 
Ao longo das horas, o público visitava as instalações nos andares da Escola. Divididas no 1º, 3º, 4º, 6º e 8º andares, artistas de diversos países compartilhavam suas obras compondo o tema “Cidade/Corpo/Ação – A Política das Paixões nas Américas”. As instalações têm entrada gratuita e são abertas ao público. No último andar, o artista plástico Eugenio Salas apresenta uma exposição em franca conexão com a cidade de São Paulo. A chamada “Expresso YYZGRU” traz objetos pessoais, como cartas, chaveiros, livros, diários enviados por canadenses a amigos e familiares que vivem em São Paulo. Numa parede ao lado, é possível encontrar pequenos textos como: “Pense em lindos dias repletos de coisas simples; lindos dias em que nada marcante acontece”.
 
Exposição “Expresso YYZGRU” de Eugenio Salas
 
 
No 6º andar, o coletivo americano Spatula e Barcode convida o público a interagir com o evento e a intensa rotina da capital paulistana. Em “Mapeando Encuentros”, os participantes são chamados para desenhar um mapa de passeios e visitas por São Paulo. Numa mesa, há papéis e lápis de cor, nas paredes ao redor, os primeiros trabalhos se apresentavam. Ainda no mesmo espaço, o artista brasileiro Ricardo Barcellos traz um retrato de uma São Paulo em potencial. Nos registros fotográfico e audiovisual, “Ruínas em Construção” expõe a fachada de prédios abandonados, cobertos por redes de proteção. 
E, para finalizar o segundo dia, perto da 22h, iniciou-se “Trasnocheo”, programação que reúne performances de todo o mundo, mas restrita aos participantes do evento. O primeiro andar já estava lotado quando a apresentadora Susana Cook anunciou a abertura. Logo após, o público testemunhou uma série de performances. Entre elas, estava o monólogo “La Fulminante”, da colombiana Nadia Granados que mistura protestos feministas, sexo e anti-imperialismo.
 
Dentre a plateia, algumas pessoas, como Lino Santos, participavam pela primeira vez do evento. Ele se mostrava entusiasmado. “É uma oportunidade de intercâmbio transformadora. A quantidade de informações e o conhecimento político divulgado me atraíram bastante”, observou. Já o professor universitário Fábio Salvatti, que participa pela terceira vez do festival, contou: “O Hemisférico é sempre diverso em suas propostas. A cada edição, os temas são instigantes e é possível conhecer muitas visões sobre arte e política”. 
 
Seguindo a programação, hoje (14), o evento mantém as exposições durante todo o dia, e a partir das 22h, mais um “Trasnocheo”, que traz, entre outros, o coletivo americano 2050 Legacy, com a performance “Termina Assim”; o brasileiro Lúcio Agra, com “Leitura de Guru 3”; a haitiana Gina Athena Ulysse, com “Boneca de Vodu ou Se o Haiti Fosse Uma Mulher”, e o também brasileiro Sérgio Andrade, com “Ilesos, Nos Vemos (ou Nos Vemos Ilesos)”.
 
 
 
Texto: Felipe Del e Leandro Nunes
 

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