A Estação Brás da CPTM teve sua rotina alterada nesta quinta-feira, 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta Contra a Aids. Era uma ação mobilizadora, partindo da Gerência de Prevenção do Programa Estadual de DST/Aids, em parceria com a CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e a SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco.
Organizado por Sandra Vilchez, aprendiz de Atuação da Escola, psicóloga e técnica de prevenção na Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo, o evento contou com a participação de cerca de 40 aprendizes da SP Escola de Teatro, que realizaram diversas atividades no Espaço Cultural da estação, alertando a população para a utilização de preservativo e o risco de contração de Aids e outras DST’s. Além disso, ajudaram na distribuição de 21.600 preservativos, 8.000 sachês de gel lubrificante e diversos panfletos informativos.
Edelsio Alves durante sua performance (Foto: Felipe Del)
Na ação, que teve início às 10h e terminou às 16h, os aprendizes se dividiram em grupos para aproveitar o espaço com atividades como a performance de Edélsio Alves, com acompanhamento na guitarra de Michael Penny Chalmer, aprendizes de Direção e Sonoplastia, respectivamente. Vestindo sunga e com várias camisinhas servindo de adereço, Edélsio chamava a atenção das pessoas que passavam.
“Hoje tive a oportunidade de levar ao público uma pesquisa que parte do conceito ‘leituras de integrações públicas’, que gerei neste ambiente teatral provocador de intervenções no meio social. Assim, pude realizar uma performance de sunga, camiseta da campanha contra as DST’s, rodeado de camisinhas – uma sugerindo a gravidez indesejada e outras utilizadas como meia, luva, protetor de ouvido, microfone. Isso tudo dentro da estação do Brás, onde não se pode nem sentar no chão”, comenta Edélsio.
Instalações criadas por aprendizes de Técnicas de Palco e de Cenografia e Figurino, como a de Paula Braga; um coro com músicas que abordavam de maneira descontraída o problema, que deu origem a um divertido xote; e jingles pregando o sexo seguro foram as atrações do evento. Resultado: em poucas horas, todos os materiais de prevenção já tinham sido distribuídos.
“Nós, que fazemos parte de uma escola de arte, somos até um pouco vulgarizados, como se não tivéssemos compromisso sério com nada. Hoje, estamos aqui trazendo um contraponto disso, mostrando preocupação social ao fazer essa mensagem chegar às pessoas. Quando a Escola fala de Paulo Freire, ela diz que o aprendizado não se deve resumir dentro da sala de aula, dentro do conjunto educacional. Acho que trazer essas ideias para fora é muito importante”, observa Alicio Silva, aprendiz de Técnicas de Palco.
As aprendizes Arisa Doy Baldin, Ana Carlina Dantas e Renata das Graças em momento musical (Foto: Felipe Del)
Sandra se mostrou bastante satisfeita com o resultado. Ela afirma que já trabalha com ações de prevenção de DST’s há cinco anos, unindo arte, especialmente o teatro, à sua área de ofício, a psicologia. “Conseguimos colocar em prática aquilo que havíamos pensado. Não é mais aceitável ser um artista deslocado das coisas que estão acontecendo no mundo. A arte tem esse papel de transformação social e é isso que me interessa. O Programa Kairós, por exemplo, faz isso. Trabalha com a comunidade, leva a arte para espaços em que não se espera que isso aconteça. Isso transforma a cidade pelo menos por um breve espaço de tempo”, finaliza.
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Texto: Felipe Del
