Cena de “Haiti Somos Nós”. Foto: André Stefano
A Cia. Os Satyros explora a questão da imigração haitiana em São Paulo em seu novo trabalho, “Haiti Somos Nós”. Com direção de Rodolfo García Vázquez, a montagem discute vários aspectos da chegada dos refugiados à cidade, como os riscos que eles correm ao atravessar a fronteira de seu país, as condições de vida na nova terra, os desafios de integração, a dificuldade com o idioma, o racismo, a xenofobia e a falta de emprego.
O grande elenco conta com a participação de atores haitianos e brasileiros. Entre os últimos, estão Letícia Sabatella, Maria Casadevall, Pascoal da Conceição, Henrique Mello e Breno da Matta.
A encenação surgiu de uma série de entrevistas e uma oficina de interpretação, realizada pela trupe desde maio, com dez imigrantes haitianos. O projeto também prevê o lançamento de um documentário sobre o processo e a história dos participantes. A ideia do título “Haiti Somos Nós” refere-se à necessidade de acolher os imigrantes e respeitar sua cultura.
Embora tenha sido a primeira nação latino-americana a conquistar a sua independência (a partir de uma revolução dos escravos), o Haiti é considerado o mais pobre do continente. Entre 2010 e 2016, mais de 90 mil haitianos imigraram para o Brasil em busca de condições melhores de vida.
Por causa da instabilidade política, que ocasionou o exílio do ex-presidente Jean Bertrand Aristide, o Brasil ocupa o território haitiano, desde 2004, com a Minustah (Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti), uma iniciativa liderada pelas forças armadas que tem o pretexto de restabelecer a paz.