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Êxtase e Incompatibilidade

Publicado em: 20/03/2012 |

Ao longo do último sábado (17), no Território Cultural realizado pela SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, as experimentações artísticas dos aprendizes do Módulo Azul (período vespertino), que estavam reunidos em núcleos, foram abertas ao público. Cada grupo apresentou uma proposta original, tendo como referência e material poético as obras de Lucia Koch e Peter Greenaway.

 

 

Núcleo 5

 

O êxtase foi o fio condutor para a pesquisa do núcleo 5. Em uma performance que misturava veneração, álcool e mistério, o grupo abriu uma sala que combinava figuras e músicas excêntricas, como o ator de rosto enfaixado que segurava uma garrafa e se ajoelhava perante outro, vestido com manto e capuz branco. 

 

Experimento do núcleo 5 (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)

 

A aprendiz de Cenografia e Figurino, Paula Braga, explica que o grupo tinha como proposta “trabalhar com o êxtase, que é uma questão dúbia. Levamos à cena o êxtase sagrado, com a Santa Teresa D’Ávila, e fizemos com que isso se confrontasse com o êxtase sexual. A tentativa era de unir, assim, o sacro e o profano no mesmo Experimento”.

 

Além destes elementos, o núcleo incluiu em sua composição uma cena de teatro de sombras. Desta forma, um ator ficava do outro lado de um pano branco, fazendo sua própria performance, estabelecendo uma partitura individual de movimentos enérgicos e lentos.

 

Suzana Aragão, artista residente e orientadora do grupo, se mostra satisfeita com a articulação do trabalho. “A primeira coisa que eu achei muito interessante foi que as quatro áreas propositoras (Cenografia e Figurino, Iluminação, Sonoplastia e Técnicas de Palco) estavam muito integradas, tanto em relação ao que elas pensavam sobre as obras de Lucia Koch e Peter Greenaway, como do que desembocaram em torno da Santa Tereza D’Ávila. Depois, quando as outras três (Dramaturgia, Humor e Direção) entraram, é que começou o mais importante da cena, que é o que elas propõem e como interagem com as demais.”

 

 

Núcleo 6

 

Uma sala com o chão revestido de jornal, onde estavam escritas diversas palavras, como “alteridade”, “confiança” e “emoção”. Todos os atores de olhos vendados. Alguns deles se ocupavam em encher bexigas até que elas estourassem – assustando o público, em alguns trechos –, outros, tinham o árduo desafio de pular corda. Esse era o ambiente do Experimento do núcleo 6.

 

Experimento do Núcleo 6 (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)

 

A sonoplastia dava um toque característico ao extrair sons de garrafas de vidro preenchidas com líquidos coloridos, além de chocalhos, tambores e outros instrumentos de percussão, que repentinamente soavam alto, provocando, às vezes, mais sustos cômicos nos espectadores.

 

“Trabalhamos a partir da proposta de uma instalação, onde foram levantados diversos conceitos que não se conversam nem se completam, não conferindo uma unidade. Então, optamos por algo plural, com múltiplas linguagens, facetas e pontos de vista”, observa Lucas Vitorino, aprendiz de Direção.

 

A artista residente responsável por orientar o grupo era Laura Carone. Vivendo seu primeiro Módulo na SP Escola de Teatro, ela afirma ter se surpreendido com o Experimento. “Está sendo incrível participar dessa experiência. Tudo que eu vi mostra justamente o que era para ser revelado: o processo, a maneira como eles estão articulando a performance. Fica evidente que cada um tem uma ideia diferente do que é a performatividade. Esse assunto é difícil, inclusive para mim, mas estou achando interessantíssimo. Esse momento é justamente para nos dizer onde estamos.”

 

 
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Texto: Felipe Del

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