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SP Dramaturgias

Publicado em: 24/02/2018 |

Batizado de SP Dramaturgias, o projeto de leituras dramáticas de textos inéditos de autores contemporâneos promovido pela SP Escola de Teatro já passou dos três anos de histórias. Neste ano, a iniciativa levou ao público sete leituras repletas de provocações e investigações.

Durante todo o ano, a aprendiz egressa do curso de Dramaturgia Cecilia Bilanski foi responsável pela orientação das leituras, sob a batuta de Marici Salomão, coordenadora do Curso Regular de Dramaturgia, e de Alessandro Toller, formador do mesmo programa. O projeto também serve como atividade de contrapartida da Bolsa-Oportunidade, concedida pelo Programa Kairós.

Os trabalhos foram maturados em encontros semanais que mesclaram ensaios práticos para as leituras e encontros para discussão de textos teóricos e peças teatrais. A escolha dos textos é sempre norteada pela preocupação de tratar de assuntos pertinentes aos aprendizes dos Cursos Regulares.

Pamella Martelli abriu o ano com a leitura de “Entre o corredor e a sala de estar”. Inspirado no tema “Espera”, o texto tinha personagens que habitavam uma casa em ruínas. Além de ter sido a estreia do projeto neste ano, a peça também foi premiada no 5º Concurso Jovens Dramaturgos 2015 do Espaço Cultural Escola Sesc e ganhou temporada em São Paulo no segundo semestre.

Reflexo claro dos problemas enfrentados pela sociedade hoje, violência foi o tema que mais apareceu nos textos lidos no SP Dramaturgias. Uma das primeiras peças lidas no ano, “Quem está batendo no chão?”, de Cristina Santos, mostra um conjunto de temas que formam uma atmosfera distópica. Em pauta, a violência, a desesperança e a solidão.

“Bela Vista Baixa”, de Cecilia Bilanski, tocou no tema quando um de seus personagens mergulha no universo da madrugada de um bairro central e marginal e, em suas andanças, comete um ato de violência irreparável. Depois Cecilia, foi Leonardo de Sá que abordou a agressividade ao relembrar um crime histórico que ocorreu nos Estados Unidos, decorrente de um jovem que foi vítima de pena de morte. O relato está registrado em “O Estado contra George em Alcolu”.

Por fim, Daniele Veiga, em seu “Devastação ou Esperar a hora da morte”, abordou a situação-limite estabelecida pela guerra e como o homem se relaciona com este conflito. No enredo, destacava-se o sentimento de não pertencimento diante de um ciclo interminável de violência.

A mulher também foi tema de textos no SP Dramaturgias. Uma das primeiras peças lidas no ano, “Chá das três”, de Ana Carolina de Oliveira, fala sobre o conflito de três mulheres de gerações diferentes, evidenciando a transformação do papel social feminino ao longo do tempo. E, em “Deus Ex Machina”, Mari Costa colocou em pauta o corpo da mulher ao escrever sobre a moça que engravida do novo Messias.

Houve, ainda, a participação de Lucas Moura, que apresentou seu texto “Cidade Azul”. A peça traz um personagem homônimo ao autor. Ele é obcecado pela ideia de ser médico. Lucas abre um blog clandestino de medicina e conhece Flor, uma hipocondríaca. Os dois iniciam uma conturbada relação virtual, em uma cidade tomada por apagões.