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O Sistema pedagógico

Publicado em: 28/02/2018 |

Joaquim Gama, coordenador pedagógico, diz que o projeto da Escola baseou-se nas teorias educador Paulo Freire, do geógrafo Milton Santos e do físico e ambientalista Fritjof Capra. De Santos, buscou-se o “conceito de território” e sua aplicação no processo teatral; de Freire, aplicou-se o “conceito da autonomia”; e de Capra, foi retirada a noção de “conhecimento sistêmico”. “Assim, percebemos que formar um indivíduo é muito mais do que puramente treinar, educando-o no desempenho de suas destrezas, mas fazer com que ele investigue e experimente soluções. Esta é a verdadeira vocação da SP Escola de Teatro”, diz o coordenador.

O sistema pedagógico leva em conta o fato de que o conhecimento artístico não é acumulativo. Assim, cada um dos oito cursos foi dividido em quatro Módulos: Verde, Amarelo, Azul e Vermelho. Este ano, os aprendizes tiveram aulas dos Módulos Verde e Amarelo, sendo que no primeiro o eixo foi o realismo”, diz Joaquim.

No segundo Módulo, oferecido neste ano, o Amarelo, foi elencado o gênero épico, no qual os aprendizes foram estimulados a trabalhar em lugar não edificado para fim teatral. Divididos em oito grupos que congregavam aprendizes de todas as áreas, os jovens elegeram uma fábrica abandonada, uma escola de samba e uma instituição de caridade, entre outros espaços, na Zona Leste da Capital, para recriar “As Troianas”, de Eurípides; “Rei Ubu”, de Alfred Jarry; “Hamletmachine”, de Heiner Müller; “As Rãs”, de Aristófanes; “O Rei da Vela”, de Oswald de Andrade; “Sonhos de Uma Noite de Verão”, de Shakespeare; “Santa Joana dos Matadouros”, de Bertold Brecht e “Macunaíma”, de Mário de Andrade.

“No ano que vem já teremos aulas do Módulo Azul – no qual vai ser trabalhada a performance, em praças e ruas; e do Vermelho – que trará aos aprendizes elementos do teatro contemporâneo na caixa cênica”, completa Joaquim.

Ele admite que os alunos tiveram certa dificuldade inicial, quando a Escola entrou em funcionamento, pela simples razão de que a grande maioria vinha de escolas onde o ensino é tradicional. “No ensino hierárquico, aprende-se técnica para desenvolvê-la em seguida. Já na SP Escola de Teatro, os alunos são convidados a aprender durante o processo em que se experimenta. Se houve certa dificuldade inicial, alguns meses de aulas foram suficientes para que eles percebessem a autonomia do ensino que propúnhamos.”

J. C. Serroni, coordenador dos cursos de Cenografia e Figurino e Técnicas de Palco, observa que em cada um dos Módulos trabalhados até agora, as aulas foram divididas em três momentos: Processo, Experimento, e Formação. 

Serroni diz que ficou surpreso com a qualidade dos trabalhos. “O cenários criado para a peça “Inspetor Geral”, de Gógol, ficou uma beleza, um trabalho profissionalíssimo, rico em detalhes, como lustres, papel de parede, mobiliário, sem contar o figurino de época que criaram para esta peça. Após este ano letivo, posso dizer que muitos já possuem técnicas de artistas profissionais. Acabei convocando alguns aprendizes que se destacaram para trabalharem em projetos que desenvolvi em 2010. Estes jovens acabaram o ano letivo demonstrando grandes possibilidades de atuar no mercado de trabalho.”