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Acessibilidade

Publicado em: 27/02/2018 |

“Criar mecanismos de acesso que assegurem, primeiramente, a preservação de identidades e gêneros, sejam eles quais forem.”

Eis uma definição resumida, mas precisa, do que significa acessibilidade para a SP Escola de Teatro. Este conceito acompanha as ações da Instituição desde sua fundação. Em 2014, novamente, uma série de ações voltadas à acessibilidade foram concretizadas.

“Primeiramente, não acredito em premissas de inclusão. Por isso, prefiro sempre pensar que a palavra ‘acessibilidade’ é a que melhor define o que estas políticas querem fazer. Isto porque eu não gosto de pensar, por exemplo, que deficientes ou nordestinos ou negros ou índios ou homossexuais precisem ser incluídos. Repudio essa ideia. Grupos como esses precisam – e urgentemente – de acesso”, explica o diretor executivo Ivam Cabral.

Pensando nisso, o projeto de acessibilidade já começou a ser posto em prática quando a Instituição, em sua concepção, reservou as vagas na recepção a transexuais e travestis – neste ano, inclusive, elas tiveram um encontro com duas transgêneros ilustres: Laerte Coutinho, cartunista, e Jo Clifford, dramaturga, performer, jornalista, radialista e professora escocesa, para uma conversa sobre o movimento LGBTS.

Desde então, uma infinidade de outras iniciativas segue o mesmo caminho, a começar pelas adaptações no espaço físico, como banheiros acessíveis, rampa de acesso e elevador.

Logo no começo do ano, a Escola promoveu o curso “Dança sem limites”, com Fernanda Amaral, coreógrafa, bailarina, atriz e educadora com mais de 25 anos de experiência profissional.

Voltado tanto a estudantes com deficiência quanto àqueles interessados em traalhar com pessoas com deficiência, o curso utilizou como ponto de partida as singularidades das experiências e habilidades de cada participante e suas características culturais, promovendo oportunidades para bailarinos, atores e interessados com e sem deficiência participarem juntos de forma ativa na criação de um produto artístico.

No dia 5 de fevereiro, o grupo encerrou o período com uma apresentação que mostrou um pouco do que foi desenvolvido ao longo do curso. Mais tarde, em setembro, Fernanda e sua companhia Dança sem Fronteiras apresentaram o espetáculo “Olhar de neblina” na Escola.

No mês seguinte, a Escola realizou a cerimônia de entrega do Prêmio Acessibilidade 2013, promovido pela Instituição em votação online realizada em seu portal, com o objetivo de promover o debate e premiar profissionais e ações voltadas à acessibilidade.

O Prêmio foi dividido em cinco categorias: Artes do Palco, Políticas Públicas, Cidadania, Equipamentos Culturais e Personalidade do Ano. Para cada uma delas, foram indicados 10 nomes, selecionados por um júri composto por sete profissionais de diversas áreas. São eles: Antenor José de Oliveira Neto, Cid Blanco Junior, Cássio Rodrigo, Ivam Cabral, Leandro Knopfhloz, Leonidas Oliveira e Luiz Carlos Lopes.

Foram computados mais de 123 mil votos. Os vencedores foram: Marcos Abranches (Artes no Palco); Circo Crescer e Viver (Cidadania); Cine Theatro Brasil Vallourec (Equipamentos Culturais); Daniel Gaggini (Personalidade do ano) e Governo do Estado de São Paulo (Políticas públicas). Eles levaram para casa o troféu cujo desenho foi assinado por outro grande artista: Gilberto Salvador, que doou a criação da obra à Instituição.

O Prêmio também contemplou uma categoria especial, o Grande Prêmio Acessibilidade 2013, dedicada ao promotor Maurício Antônio Ribeiro Lopes, por sua preocupação com a cidade e com o território, além de dialogar com os mais variados agentes de transformação cultural.

Uma das iniciativas cotidianas que permearam o ano foi criada pelo Programa Kairós ainda em 2013 e mantida em 2014: um grupo de deficientes visuais foi contratado para sessões semanais de massagem, que alegram e tranquilizam o cotidiano dos colaboradores.

Ainda deu tempo de a Escola promover um treinamento em acessibilidade na cultura, afinal, os espaços culturais de São Paulo são, em sua maioria, lugares que recebem os mais diversificados públicos. A preocupação em respeitar a diversidade, entretanto, não pode excluir uma parcela da população que possui necessidades especiais e que deve ser tratada com igualdade: o público com deficiência.

Com a intenção de discutir o tema e preparar suas equipes para otimizar a prestação de serviço e atendimento, a Secretaria do Estado da Cultura, o Sesc-SP e o British Council realizaram, através da SP Escola de Teatro, da APAA – Teatro Sérgio Cardoso, do MIS e do MAM, o Shape Arts, um treinamento em acessibilidade na cultura. O evento foi correalizado pela Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Mais Diferenças e com apoio da Arts Council England.

O curso foi dividido em cinco módulos de treinamento: Atendimento ao público, comunicação (marketing e divulgação), legislação, curadoria e programação, e diretorias e gerência.