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Zygmunt Bauman em Discussão

Publicado em: 05/02/2013 |

A obra do sociólogo polonês Zygmunt Bauman está sendo adotada como referência, neste semestre, no Módulo Azul da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco. E, como a semana passada foi dedicada à realização de colóquios pedagógicos com o intuito de encaminhar possibilidades para os estudos deste período, houve espaço de reflexão em torno da obra do pensador.
 
O encontro que possibilitou esta discussão aconteceu na sexta-feira (1º), e teve como convidado Alexandre Vieira Werneck, professor adjunto do Departamento de Sociologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Doutorado e Pós-Doutorado no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da UFRJ.
 
Com o tema “Da Pós-Modernidade à Modernidade Líquida nas Relações Humanas: Fragmentos de Zygmunt Bauman”, a conversa entre o convidado e o corpo pedagógico abrangeu várias obras e pontos do pensamento do polonês, mas com ênfase no livro “Vida em Fragmentos – Sobre a Ética Pós-Moderna”, que apresenta uma reflexão sobre o mundo atual e seus dilemas.
 
Segundo Werneck, o pensador supera o conceito de “pós-modernidade” e o substitui por “modernidade líquida”, apontando essa como uma extensão da modernidade. “Bauman não gosta do mundo atual e radicaliza o pavor que sente dizendo que os problemas da pós-modernidade já existiam na modernidade. Por isso, para ele, essa época é a continuidade da modernidade”, afirmou.
 
O sociólogo ainda observa que, para o polonês, a palavra que melhor representa nosso tempo é “universalidade”: “O elemento principal é a pretensão universal que atravessa todas as esferas do mundo ocidental. Para ele, o processo de universalização da vida moderna é a redução da complexidade humana a um padrão universal. O mais forte exemplo disso é o Holocausto”.
 
Em uma discussão que tratou de assuntos como ética e moral e o conceito de bem e mal, Werneck afirmou que é impossível ter igualdade e liberdade ao mesmo tempo e que a escolha pela igualdade como forma de alcançar o universal acabou por delimitar as possibilidades de autonomia da sociedade.
 
Sobre a relação entre seu campo de estudo e o teatro, o convidado foi incisivo: “O teatro é uma metáfora muito importante para a sociologia”. Um dos desafios do Módulo Azul é provar, ao longo do semestre, que a recíproca é verdadeira.
 
 
Texto: Felipe Del