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Uma Tarde no Recife

Publicado em: 26/10/2011 |

Histórias de fantasmas que assombravam a região nordestina, como o Lobisomem, o Papa-figo e o Boca-de-Ouro, invadiram a mente dos aprendizes de Dramaturgia do Módulo Amarelo (vespertino) da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco durante a palestra do dramaturgo e diretor Newton Moreno, na última terça-feira (25).

 

Convidado por Marici Salomão e Alessandro Toller, respectivamente, coordenadora e formador do curso de Dramaturgia da Escola, Newton conversou sobre dramaturgia com os aprendizes da tarde, partindo de um estudo sobre “Assombrações do Recife Velho’, de sua autoria.

 

Marici Salomão revela que a presença de Newton é forte na Escola. “Ele começou no ano passado com a gente, ministrando o componente Percepções: Ver, Ouvir, Sentir. Até convidamos os aprendizes da manhã para a palestra, pois o ano passado a vinda do Newton foi um sucesso.”

 

“O encontro foi ótimo, pois conversamos sobre o processo de criação do espetáculo que eu participei, chamado ‘Assombrações do Recife Velho’. Isso foi interessante porque muitos deles tiveram o primeiro contato com a peça assistindo ou lendo seu texto”, observou o convidado.

 

Newton também comentou que  esse bate-papo trouxe questões interessantes e potentes, pois eles estão trabalhando em torno da narratividade e do épico e a peça serve muito – ou deve muito – à tradição oral dos nordestinos e dos contadores em toda uma atmosfera de lendas urbanas e sua transmissão oral.

 

“Em março do ano passado fui apresentado para a primeira turma. Gostei de vir até aqui, fiquei feliz em conhecer a nova classe de Dramaturgia da SP Escola de Teatro”, finaliza o convidado.

 

Identidade Nordestina

 

Nascido em Recife e radicado em São Paulo desde 1990, Newton Moreno desponta, em 2000, no âmbito da escrita teatral com uma dramaturgia repleta de influências da cultura popular nordestina, com temas de impacto como homoerotismo e tônica atemporal que transita entre o campo e a cidade.

 

Durante a formação como ator na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), foi dirigido por artistas como João das Neves, Maria Thaís e Marcio Aurelio. Passa então, a conciliar criações e estudos em pós-graduação na Universidade de São Paulo (USP). Conclui mestrado em 2003 e ingressa no doutorado em 2007.

 

O ambiente da Unicamp dá origem à companhia Os Fofos Encenam, da qual é um dos fundadores, em 2000. A profissionalização do grupo ocorreu com a direção de seu primeiro texto, “Deus Sabia de Tudo e Não Fez Nada”, em 2001.  A peça de sua autoria com maior repercussão é “Agreste”, dirigida por Marcio Aurelio, em 2004, projeto da companhia Razões Inversas, capitaneada por seu ex-professor Marcio Aurelio.

 

Em 2005, figura entre os autores brasileiros que realizam intercâmbio numa das principais instituições mundiais de fomento à dramaturgia, The Royal Court Theatre, Londres. 

 

Escrita como resultado de pesquisa financiada pela extinta Fundação Vitae, ele próprio dirige Os Fofos Encenam na livre adaptação da obra homônima do sociólogo Gilberto Freyre “Assombrações do Recife Velho”, no mesmo ano.

 

Assombrações em Cartaz


“Assombrações do Recife Velho” está em cartaz no Espaço dos Fofos e, quem quiser, pode até jantar após a peça, no próprio local. Para isso, só precisa reservar o prato no ato da compra do ingresso. No cardápio “Paçoca”, carne seca acebolada, farinha e manteiga de garrafa com macaxeira cozida ao vinagrete (R$ 18,00). De sobremesa, bolo de rolo e banana de casaca, entre outros.

 

Serviço
“Assombrações do Recife Velho”
Onde: Espaço dos Fofos
Rua Adoniran Barbosa, 151 (travessa da Jaceguai, em frente ao Teatro Oficina) – Bela Vista
Quando: Até 19/12. Sextas e sábados, às 21h; Domingos e segundas, às 20h.
Tel.: (11) 3101-6640
Ingressos: R$ 30 e R$ 15*
*Estudantes, idosos, professores da rede pública

 

 

Texto: Renata Forato