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Uma Aprendiz Intensa, Solidária e Plural

Publicado em: 13/12/2010 |

No momento que foi indagada sobre a possibilidade de receber um perfil, Dione Carlos, aprendiz do curso de Dramaturgia da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco achou o fato engraçado. Seguiu em frente porém, e começou a relembrar momentos de sua vida. Decidi, então, começar seu depoimento falando sobre como o teatro entrou na sua vida. Ou seria como a vida dela entrou no teatro?
 

Rio de Janeiro. Um amigo mandava pequenas cenas para Dione e ela as encenava em seus tempos livres de escola. “Esse amigo sempre acreditou que eu era atriz. Eu, no entanto, desde os seis anos queria ser jornalista, inspirada no programa da jornalista Cidinha Campos que eu escutava quando criança”, conta.
 

Cidinha Campos foi líder de audiência em seu programa “Cidinha Livre”, veiculado pelas rádios Tupi, Nacional e Manchete, do Rio de Janeiro. Durante mais de 20 anos, essa radialista discutiu problemas da população carioca e ajudou a resolvê-los.
 

Aos 18 anos, Dione queria trabalhar com comunicação e ser jornalista da National Geografic. Os anos se passaram e ela cursou as faculdades de Jornalismo, Psicologia e Rádio e TV, mas, por mais que tentasse, não conseguia se encontrar em nenhuma dessas profissões.
 

De volta ao passado, aquele amigo que a fazia atuar nos palcos da escola, enviou uma carta para Dione, falando que havia se formado em Artes Cênicas e que ela perdia tempo tentando ser outra coisa senão atriz. Confiante e já cansada de procurar seu lugar profissional, essa aprendiz do destino decidiu ouvir os conselhos de seu amigo e passou a cursar teatro.
 

“Foi quando decidi fazer um curso de teatro no Centro de Formação do Ator  Globe – SP, com direção artística de Ulisses Cruz. Um lugar que me ensinou a amar o teatro como ofício. Tive aulas com Zeca Bittencourt, Marcos Daud, Fernando Vieira, Ricardo Rizzo, dentre outros mestres. Passei cerca de um ano e meio na escola”, conta.
 

Dione não havia chegado até a metade desse curso quando ingressou em uma oficina de teatro para a preparação do espetáculo “Admirável Mundo Novo”, do Teatro Promíscuo, com Renato Borghi e Élcio Nogueira. “Fiz o espetáculo viajando inclusive por cidades do interior de São Paulo com o grupo. Na onda, participei dos curtas ‘Sueli’ e ‘Sal’ e, como protagonista, no média-metragem ‘Para Aceitá-la Continue na Linha’, com Bete Dorgam, formadora do curso de Humor da SP Escola de Teatro”, revela.
 

 

Mesmo atuando e estudando para ser atriz, Dione sempre escreveu cartas e reflexões sobre a vida. Certo dia, durante suas aulas na faculdade de jornalismo, ouviu que havia muita poesia em suas matérias, “muita poesia para uma jornalista”. O que Dione não entendia na época, é que ela já era uma dramaturga. E que, por mais que tentasse ser diferente, seu jornalismo estava repleto da arte de compor peças de teatro.
 

Aos trancos e barrancos, essa aprendiz descobriu o curso de Dramaturgia na SP Escola de Teatro  – Centro de Formação das Artes do Palco e, novamente, decidiu mudar de rumo.  Ela já havia encontrado o teatro, mas buscava um reencontro de almas, um lugar onde pudesse captar e transmitir  aquilo que ela vê e ouve por meio de seus sentimentos tão intensos.
 

Seus primeiros dias na Escola foram de assombro: “Dei de cara com a energia e vitalidade de Marici Salomão, coordenadora do curso. O comprometimento que ela tem com a dramaturgia é inspirador”, revela. Para Dione, assumir sua escrita está sendo um processo lento, doloroso e doce, mas nada lhe retira a perseverança. “Aqui na Escola conheci colegas de outros cursos e, a partir de uma cena para o Território Cultural, nasceu a peça “Baguá – O Pai Desconhecido de uma Nação” e um grupo de teatro intitulado “A Cia. Filho Não Batizado sem Sobrenome Teatral”, conta.
 

“Só tenho a agradecer. Agradecer aos meus ancestrais, aos meus formadores de sangue (meus pais), a minha família, aos meus mestres, aos meus amigos pelo apoio e pelas críticas. No teatro aprendi a ouvir e a usar tudo a meu favor. Inclusive o que não presta”, conclui.
 

Hoje, quase onipresente, Dione Carlos, aprendiz do curso de Dramaturgia da SP Escola de Teatro colore com letras de tons intensos o trabalho de seus colegas. Na grande maioria dos projetos, ela se faz presente, seja para dar um rumo para as histórias, seja para um auxílio particular, ouvindo as confissões de seus amigos.
 

Nos corredores da SP Escola de Teatro é possível ver Dione abraçar com força seus colegas, pegar alguns pelos braços, discutir, cuidar. Se precisar, além de escrever, ela também atua e, novamente, se faz presente para o que der e vier.