Um senhora senta ao lado do marido em um fast-food do aeroporto. Aos 60 anos e depois de tantas perdas, a insatisfação toma o seu corpo, como as dores da velhice.
Inspirado no texto homônimo do dramaturgo irlandês Tom Murphy, a peça “Trilogia de Alice” (Alice Trilogy) segue em cartaz no Teatro Santa Catarina. O projeto surgiu da união de atores convidados pela protagonista Martha Meola. O texto foi escolhido pelo diretor Carlos Gomes e venceu o 12º Festival da Cultura Inglesa, em 2008.
Martha interpreta a mulher Alice em momentos centrais de sua vida. Primeiro, aos 25 anos, a dona de casa entediada mistura álcool com calmantes e questiona-se por ter casado tão cedo. Com o dobro da idade, na segunda parte, Alice passa a se arriscar em encontros secretos com um amante do passado para fugir de uma vida submissa. E, no último ato, a senhora sofre uma perda irreparável e tenta encarar o fim da vida e seus problemas de saúde.
Escrito em 2005, “Alice Trilogy” considera a família um núcleo estranho e importante e que não pode ser explicado com a religião, Deus e o Universo. A narração da história vai do natural ao absurdo, dialogando com a surrealidade de “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carrol, o longa “Veludo Azul” de David Lynch e os dramas policiais “noir” da década de 1950. Além disso, o diretor deu um tom brasileiro ao espetáculo inserindo canções de Raul Seixas na trilha musical.
Serviço
“A Trilogia de Alice”
Quando: Até 7 de junho. Às quartas e quintas, às 21h
Onde: Teatro Santa Catarina
Avenida Paulista, 200 – Metro Brigadeiro
Ingressos: 30R$
Informações: www.teatrosantacatarina.com.br ou [email protected]
Texto: Leandro Nunes