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Tragédia e Comédia no Penúltimo Dia do Experimento

Publicado em: 22/11/2010 |

Dois espetáculos dividiram as emoções na sexta-feira (19), penúltimo dia do Experimento. Logo cedo, a montagem de “As Troianas” marcou o público com seu gênero trágico e, pela tarde, “Ubu-Rei” conquistou seu trono em uma sarcástica comédia.

 

Foi às 9h da manhã que um grupo composto, em sua maioria, por mulheres, montou um exercício cênico baseado no texto “As Troianas”, de Eurípides. O local escolhido para a encenação foi a Associação Promotora de Instrução e Trabalho para Cegos (APIC), onde até as escadas e a laje da caixa d’água viraram espaço teatral.
Após assistir às cenas repletas de silêncio, intensidade, símbolos e metáforas, o público foi convidado a caminhar por praticamente todo o espaço, até retornar ao portão pelo qual entrou.
Essa adaptação de “As Troianas”, clássico do teatro grego, terminou com o depoimento de um dos integrantes da APIC que, antes de abrir os portões para a saída do público, leu uma carta de despedida escrita em braile. Assim, “Tróia acabou”, como proferiu uma das atrizes durante o espetáculo.
O fim da guerra de Tróia abriu espaço para uma história menos trágica e mais hilária: “Ubu-Rei”, de Alfred Jarry. O Experimento foi ambientado na sede provisória da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, adaptado por aprendizes do curso de Humor.
Para começar, o público foi convocado a integrar uma tropa de choque. Ao som dos berros de um “general”, trajado com um casaco de flores, estilo anos 70, a plateia recebia ordens e tinha carimbada a sua digital em uma convocação para uma guerra, na qual se alistava mesmo sem saber contra o que ou quem iria lutar.
Dividindo a massa de espectadores, dois batalhões foram engendrados e cada um direcionado a uma sala onde a história do Rei Ubu passou a ser contada. Na sequência, esse espetáculo cheio de música, paródia e humor tomou conta dos corredores da SP Escola de Teatro, onde o público participou da batalha de balões de água e praticamente não parou de rir.
Um dos momentos mais aplaudidos do espetáculo se deu com a participação da freira Carliene Tosta, aprendiz do curso de Iluminação que, vestida com seu hábito, consagrou e coroou o Rei Ubu com movimentos libidinosos. “Quando percebi já estava dentro da peça. O irônico é que, na cena em que participo, faço a sagração de um rei. Ato que somente os bispos eram autorizados a fazer”, conta. “Nunca atuei antes. Estava meio perdida, mas o pessoal do elenco me ajudou bastante”, conclui.