Em 1950, a atriz Cacilda Becker encenou o espetáculo “Anjo de Pedra”, texto de Tennessee Williams. E, uma década depois, Nathalia Thimberg fez o mesmo. Agora, em sua terceira montagem no Brasil, “Anjo de Pedra” volta aos palcos após cinco décadas, encenado por Inês Aranha, no Teatro Coletivo, a partir de amanhã (24/8), às 21h.
O elenco, formado por Rui Ricardo Diaz, Rosana Maris, João Acaiabe, Bri Fiocca, João Bourbonnais, Lianna Matheus, Fani Feldman, Rose de Oliveira e Plinio Meirelles, integra, ainda, Pedro Monticelli, aprendiz de Humor da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco. A peça tem trilha sonora original de Carlos Careqa e iluminação de Aline Santini.
Na primeira vez em que trabalha com um elenco heterogêneo, Inês comenta que os atores já estavam no projeto quando aceitou a direção. “Em algumas cenas, as personagens que não fariam parte delas, aparecem como elementos integrantes do espaço cênico para dar mais dinâmica e beleza, além de ajudar na ambientação. Acho que isso pode tirar um possível ar de encenação datada. Quero enaltecer os momentos de profundidade”, explica.
Criar e, ao mesmo tempo, oferecer liberdade criativa ao elenco, é uma das características da diretora que desenvolveu uma ferramenta que abre espaço para a inventividade e desenhos de cena. “Nunca começo um trabalho com uma ideia rígida. Isso facilita tanto para mim como para os artistas”, esclarece.
Em o “Anjo de Pedra”, Alma Winnemiller acredita no amor como um sentimento sublime, e John Buchanan Jr. vê o amor como nada além de uma satisfação biológica. Depois de muitos anos sem se ver, o casal se reencontra e relembra seu amor de infância. E, em meio à erupção de sentimentos e desejo latente, ambos se deparam com formas opostas de pensar e novos modos de agir. Assim, os protagonistas dessa trama tecem o enredo do espetáculo colocando em pauta a questão: seria possível uma inversão completa de valores?
Traduzido para o português por Sergio Viotti e adaptado por Rosana Maris, o texto não sofreu muitas alterações na montagem atual. “Não faz sentido mutilar um texto deste porte. Quero ser fiel ao máximo à adaptação. A peça é linda e é um desafio para qualquer diretor encenar um clássico de Tennessee Williams”, explica.
Protagonista do espetáculo e produtora do projeto, a atriz Rosana Maris, revela que foi muito simples fazer a adaptação. “A dramaturgia é impecável. E, por se tratar de um drama humano, a história encenada poderia acontecer com qualquer pessoa e em qualquer lugar”, comenta.
“Para que a ação se estabeleça e para que o público sinta-se como cúmplice deste silêncio, a relação ator/plateia é bastante valorizada”, conclui Inês, que considera “O Anjo de Pedra” um texto de muitas palavras e emoções que despertam no silêncio.
Serviço:
“O Anjo de Pedra”
Quando: 24/08 a 16/09. Quartas e sextas, às 21hs
Onde: Teatro Coletivo
Rua Consolação, 1623
Ingressos: R$ 30,00 e R$ 15,00 (meia-entrada para estudantes, idosos, classe e deficientes)
Texto: Renata Forato