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Técnicas de Palco | O pintor de arte e a arte de pintar a ilusão

Publicado em: 28/06/2016 |

Por Erika Curto

 

Com tintas, pincéis e brochas, um pintor de arte transforma qualquer tela branca em uma cidade medieval ou em uma floresta tropical. Não só isso: o pintor de arte recria, com as mais variadas técnicas, qualquer superfície de material, já que grande parte do cenário no teatro deve ser “de mentira” por questões de praticidade – mas a emoção do público deve ser verdadeira. A pintura de arte em cenários tem destaque no Renascimento e foi parte importante no teatro durante os séculos seguintes. Hoje, ainda possui um espaço valioso e fundamental dentro da cenografia. 

 

Na contramão de muitos estudantes que passaram pela SP Escola de Teatro para encontrar um caminho dentro da arte, Manu Muniz, aprendiz de Técnicas de Palco, procurou o curso quando já contava com uma boa experiência como pintor de arte. Manu, que hoje também trabalha como produtor cultural no Centro de Memória do Circo, na Galeria Olido, no centro de São Paulo, já sabia o que queria fazer desde garoto. Começou desenhando e pintando, de maneira autodidata, e trabalhou fazendo pinturas para diversos meios. Teve como mestre o artista plástico Antonio Peticov, com quem trabalhou durante dez anos, e aprendeu muito do que sabe hoje sobre pintura e escultura.

 

No começo da carreira, Manu Muniz fazia muitos telões para cenários de shows de bandas como Sepultura, Cássia Eller e Inocentes, e também várias capas para CDs. Em um desses trabalhos, Manu conheceu outro artista plástico, Julio de Sousa, que trabalhava como pintor de arte na TV Cultura e o levou para participar de um projeto, mais especificamente para executar os efeitos especiais da cenografia para uma sequência de peças do teatro Rá Tim Bum. Para Manu, este é seu trabalho mais memorável pelo grande aprendizado técnico e artístico.

 

Cenário do Teatro Rá Tim Bum, peça “Borboleta sem Asa”

 

Em 2008, Manu pintou o telão para o cenário do Teatro Noh, manifestação artística japonesa que se apresentou em São Paulo, no Auditório do Ibirapuera. “Quando eles vieram se apresentar no Brasil, queriam que toda a cenografia fosse feita por brasileiros. Nesse trabalho, eu fiz a parte do telão, que tinha aproximadamente 7m de altura por 10m de comprimento”, conta Manu.

 

Em frente ao telão do cenário do teatro Noh, do Japão, no Auditório Ibirapuera

 

O artista também trabalhou com as questões do meio ambiente, quando participou da ONG Movimento EcoCultural ministrando oficinas de criatividade com o reaproveitamento de materiais recicláveis. Esse trabalho o levou a uma outra oficina, a Cooperaacs, que seguia a mesma linha. Essa experiência o colocou em contato com a produção do filme “Efeito Reciclagem” (documentário de 2010, dirigido por Sean Walsh): pela primeira vez, Manu trabalhava com cinema.

 

Recentemente, Manu conheceu o Centro de Memória do Circo, na Galeria Olido, e veio participar de outro projeto audiovisual, o documentário “Circo Mágico Nelson”, filmado em vários estados do nordeste, além de São Paulo. No projeto, ele participou da produção, pesquisa e direção de fotografia. Esse trabalho desperta em Manu um grande interesse pelo trabalho de pintura das tabuletas circenses e pelas pinturas de circo-teatro. Durante seu trabalho no Centro de Memória do Circo, na primeira de uma série de apresentações da atividade ‘’Sarau do Circo’’, Manu teve uma ideia. “No primeiro encontro, levei meu material de desenho, sentei lá, e, durante o sarau, comecei a fazer desenhos sobre o circo. Todo mundo adorou e perguntou se eu poderia fazer no próximo sarau. Assim, comecei a fazer essas pinturas ao vivo”, conta. A ideia do artista é fazer, no futuro, uma exposição com essas ilustrações, que contemplam os artistas circenses em geral.

 

Manu Muniz desenha durante sarau no Centro de Memória do Circo

 

Apesar de suas experiências anteriores, Manu Muniz acredita que a SP Escola de Teatro tem proporcionado a ele um grande aprendizado. O artista destaca a troca que existe nas relações interpessoais, principalmente nos trabalhos em grupo dentro dos núcleos dos experimentos. Para ele, a experiência no ateliê também contribui para a disciplina do artista, e, além disso, ele aprende novas linguagens: Manu, que trabalhou com eventos, música, livros e cinema, vê o teatro como uma nova porta que se abre.

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