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Técnicas de Palco | O adereço cênico e seu criador

Publicado em: 20/06/2016 |

Por Jeniffer Yasmine

 

No universo Teatral, todo e qualquer objeto que um ator carrega em cena é considerado um adereço. Para que esse objeto seja naturalmente inserido na construção estética do cenário e auxilie na composição do personagem, existe um artista especializado em sua execução. O aderecista sempre tem em mente todas essas questões e as leva em conta desde o seu projeto até o objeto acabado. 

 

A profissão de aderecista foi o caminho escolhido por Alessandra Siqueira. Formada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Bandeirante de São Paulo, ela é aprendiz egressa do Curso Regular de Cenografia e Figurino da SP Escola de Teatro. Trabalhou por cinco anos no Espaço Cenográfico como assistente de cenografia e aderecista, já fez trabalhos no cinema e hoje trabalha como assistente de cenografia em uma emissora de televisão.

 

Alessandra Siqueira: “Eu sempre gostei de pôr a mão na massa, de ver a coisa acontecer”

 

“Eu sempre gostei de pôr a mão na massa, de ver a coisa acontecer”, diz Alessandra. “Essa paixão surgiu aos poucos. Não foi a partir de algo em especial que eu tenha visto, por exemplo. Na verdade as coisas especiais foram surgir depois que eu já estava dentro, quando eu fui perceber que isso era muito legal. Antes, eu não fazia ideia que havia um profissional que fazia isso.”

 

O Espaço Cenográfico, um museu/ateliê criado por J. C. Serroni no centro de São Paulo, tem grande importância para Alessandra. Ela afirma que esse universo rico em criação e construção cênica pode resumir sua vida profissional. “Eu já tinha feito algumas coisas pequenas por fora, mas o Espaço me trouxe toda a bagagem do que sou e do que eu conheço hoje. Serroni é um ótimo professor, tenho um grande carinho por ele. Foi quem me deu todo o conhecimento profissional que eu tenho hoje”, diz a aderecista. Serroni também é coordenador dos cursos de Cenografia e Figurino e Técnicas de Palco da SP Escola de Teatro.

 

A Escola, aliás, também resultou em uma contribuição positiva para a carreira de Alessandra, principalmente pelo sistema pedagógico modular. “O interessante dessa instituição é que, mesmo você tendo uma formação, a cada módulo, quando entram pessoas novas, você acaba aprendendo com quem está ingressando. Os veteranos aprendem com os novatos, é uma verdadeira troca de experiências”. 

 

Alessandra ao lado de J. C. Serroni, coordenador do Curso Regular de Técncas de Palco

 

Entre seus trabalhos mais marcantes, ela cita a experiência como assistente de cenografia na Bienal Internacional da USP, no espetáculo “66 Minutos em Damasco”. Na ocasião, ela participou da pintura de arte e confecção dos adereços. “Era inicialmente uma sala branca que transformamos num ambiente meio tenso e úmido. Fizemos uma pintura de arte que dava a ilusão de que era mesmo mofado, e colocamos bastante terra úmida pra ficar com o cheiro do lugar. Usamos vários materiais para isso: papel, cola, areia, usamos soprador para dar o efeito de descascado nas paredes. Foi muita coisa que fomos testando”.

 

Ela coloca o acabamento como principal diferença entre adereços teatrais em comparação com os de cinema e televisão. “Em TV, você vê que é uma coisa muito mais minuciosa. Não que em teatro não seja muito bem trabalhado, mas acaba sendo algo mais rústico, com detalhes mais exagerados para que a plateia enxergue de longe. A TV não, porque tem foco de câmera, então tem que ser algo mais detalhado.”

 

Cenário da novela “Cúmplices de um Resgate”, do SBT, da qual Alessandra foi assistente de cenografia

 

Quando questionada sobre mercado de trabalho para os artistas que desejam seguir a carreira de aderecista, ela ressaltou que o meio mais comum ainda é ser indicado por alguém que conheça seu trabalho, que te coloque em um projeto. “Mas, ainda assim, com todas as dificuldades que existem, eu acho que é uma área que cada vez mais está sendo reconhecida. E está sendo mais procurada”, pondera. 

 

Alessandra conta que fez esta mesma pergunta – sobre mercado de trabalho – para seus colegas em seu último trabalho. “Eles têm um trabalho fixo em uma empresa, mas sempre são chamados para frilas. Dizem que isso não acontecia tanto, mas têm notado um maior reconhecimento.” A aderecista afirmou que a área tem crescido. “As produções entenderam que existe um profissional focado no adereço.” 

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