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Coletiva Profanas apresenta releitura travesti da Antígona de Sófocles no CCSP

No próximo sábado, 23 de outubro, às 16h00, a Coletiva Profanas estreia um espetáculo gratuito no Centro Cultural São Paulo (CCSP), o evento também acontece domingo, 24 de outubro, às 15h00, e têm uma duração de 6 horas. A convite do CCSP, Ritu.1/Penetra! é um dos espetáculos que inaugura o processo de retomada das atividades presenciais culturais na instituição da Vergueiro.

A peça toma como ponto de partida a tragédia grega de Sófocles para explorar o ‘tempo’ em seu processo de transição hormonal, isso é feito por meio de uma performance de longa duração e extremamente visceral. Na história, acompanhamos a trajetória da travesti Antígona, uma mulher despossuída de família, mas que luta para poder seguir a tradição.

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A ação performativa é a primeira da série Rituais Trans-i-[ação] que vem sendo elaborada pela atriz, diretora, dramaturga e doutoranda Manfrin. Em sua tese realizada na Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP, a autora pesquisa figurações de corpos travestis e não-binários no teatro contemporâneo brasileiro sob orientação do Prof. Dr. Ferdinando Martins. Manfrin é formada em Artes Cênicas e Interpretação Teatral pela Universidade de Brasília (UnB) e Direção Teatral pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Desde 2018, aprimora seu estudo sobre a interpretação cênica na Escola de Arte Dramática (EAD/USP), e é idealizadora, diretora, performer e criadora da COLETIVA PROFANAS, projeto que por onde passou produziu espetáculos: São Paulo, Salvador, Florianópolis, entre outros.

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O grupo de teatro foi formado na Universidade São Paulo em 2018, em conjunto com Vinicius de Oliveira e Dimitria, e surgiu a partir de uma residência artística próxima a faculdade, no Butantã. A maioria das peças possui temática autobiográfica, algumas delas são: fRUtAS&tRANS-GRESSÃO, Histórias para Tangerinas e Cavalas-Marinhos; PALESTINA LIVRE! (2019); FURA! ou Um objeto de penetração (2020); Cartas Para(Ti) (2021). Em julho de 2021, a Coletiva Profanas completou três anos de existência e lançou o site oficial do grupo; o livro Trilogia de solos para Trans-i-(acionar!) pela Editora Patuá e o longa-metragem da peça fRUtAS – o filme.

Neste último trabalho da Coletiva Profanas, é feita sequência de ritos organizada por Manfrin, que narra o ocorrido depois do exílio de Édipo. Após a morte da mãe (Jocasta) e da tragédia do pai, resta a desgraça os quatro herdeiros de Tebas, Etéocles, Polinice, Antígona e Ismênia, que disputam o poder e chegam a um acordo de revezamento no trono; um filho governaria a cidade a cada ano. No entanto, Etéocles, o primeiro a governar, fura o contrato, não querendo ceder o lugar ao irmão Polinice, ao fim de seu mandato. Esse, revoltado, alia-se a cidade vizinha e rival da grande Tebas e planeja uma vingança contra o irmão tirano. O conflito acaba com os dois se matando e deixando o trono para tio Creonte. Após a perda dos dois irmãos acrescida da perda do pai e da mãe, se dá o início da trajetória de Antígona.

Semelhante à dramaturgia de Sófocles, a personagem deseja realizar os ritos fúnebres de seu irmão Polinice, dito como traidor. No entanto, Antigone também é Polinice, ela é o irmão morto. Ela, portanto, reivindica o direito de ritual com esse corpo, que a priori, todos dizem que devem putrificar em praça pública, ou seja, não merece nenhum respeito. No caso, esse corpo que dizemos é da travesti antes de sua transição. Neste primeiro ritual, Antigone deseja se hormonizar para ser outra, mas exige que Polinece seja sepultado com todas as honras que a tradição ensina: ser travesti não deve ser similar a odiar seu passado e seu próprio corpo. Antígone deseja que este corpo penetre a sociedade com os mesmos rituais que os outros penetraram.

Na peça penetra[ação] é desejo de pertencimento, de fusão, de adentrar-se,  de ser recebida ou invasiva, de ser penetrante e abusadora. Antígone deseja que Polinice receba os ritos e seja recebido pelos deuses. Analogamente, Manfrin, incorpora a personagem e deseja hormonizar-se para ser aceita pela sociedade como uma mulher, e para ser amada como uma mulher.

Esta performance narrativa experimenta a fricção entre vida e arte que um corpo pode propor, e o que poderemos assistir são os respingos de seus berros pornográficos: Não há erotismo, não há corpos nus, é uma pornografia travesti. Também não há ação, mas sim uma narrativa trágico-performativa de trans-i-(ação). A inércia nunca foi um pioneirismo, talvez um portal que permeia o processo de ver. Este diário duracional aberto é um manifesto pelo direito de fazermos com nossos corpos tudo que desejarmos.

Serviço:
Quando: Sábado, 23/10, 16:00 às 22:00 e Domingo, 24/10, 15:00 às 21:00
Quanto: GRATUITO
Duração: 06 horas
Onde: Centro Cultural São Paulo
Espaços utilizados: Rampa de entrada do primeiro piso das 16 ás 20 horas
Sala de exposições Piso Flávio de Carvalho das 20h30 ás 22

Ficha Técnica:
Criação e Performance: Manfrin
Criação, voz e operação da trilha: Amarilis
Design de Luz: Greta Liz
Assistência de iluminação: Serafim
Produção executiva: Karen Sobue
Assistente de produção: Flora Mesquita
Fotografia: Julio Aracack
Maquiagem: Ginger Moon
Cabelo: Realeza Negra
Assessoria de Imprensa: Carola Gonzalez
Realização: Coletiva Profanas e CASAOITO

Acompanhe:
www.coletivaprofanas.com
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