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Processo seletivo SP Escola de Teatro: Joaquim Gama, coordenador pedagógico, comenta a seletiva e o moderno modelo de ensino

 

A SP Escola de Teatro está com as inscrições do processo seletivo para o curso técnico em teatro abertas para o primeiro semestre de 2022! São oferecidas 80 vagas entre os oito cursos disponíveis e o prazo de inscrição é até as 17h da terça-feira, 16 de novembro.

Em entrevista ao site da SP, Joaquim Gama, coordenador pedagógico da instituição e doutor em pedagogia do teatro pela ECA/USP, falou, em detalhes, como funciona a seleção de estudantes, a dinâmica dos cursos oferecidos e o sistema de ensino, referência mundial nas artes cênicas por seu perfil  inovador, acessível, sustentável e comprometido com os artistas.

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Cursos

A SP Escola de Teatro oferece o curso em 8 linhas de estudo, sendo elas: sonoplastia, iluminação, atuação, cenografia e figurino, humor, direção, dramaturgia e técnicas de palco.

“As disciplinas estão o tempo todo em diálogo” comenta Gama. “Quem se candidata para o curso de técnicas de palco por exemplo, além de ter toda uma formação técnica, estética e ética ligada a essa área, será orientado a partir de questões que o levem a entender o papel do ensino técnico no teatro, audiovisual e em áreas semelhantes”. Joaquim comenta a respeito do leque de possibilidades que é aberto com essa proposta: o estudante enriquece o seu conhecimento por meio do contato com o trabalho de outras linhas de estudo, pois conhecerá diversas perspectivas de organização, além de ter acesso ao processo realizado nos bastidores como, por exemplo, a disposição dos objetos de cena.

Essa dinâmica  permite que o aluno  possua uma visão muito ampla do teatro, definindo assim  o processo de formação da SP como interdisciplinar.

Segundo o coordenador, o diferencial da SP Escola de Teatro é o seu foco, que não está, como convencional, centrado na formação em uma área específica, mas vai além disso. A SP compreende o teatro em toda a sua multiplicidade de possibilidades artísticas.

“São estudadas as artes do palco, oito áreas que acreditamos serem fundamentais, e que têm um papel de criação e técnico na constituição da cena. Também é singular a forma como a escola realiza o trabalho formativo do aluno. Muitas escolas partem da técnica para depois realizar uma montagem, aqui o processo é reverso: é durante o contato com a experiência teatral que são desenvolvidas práticas pedagógicas e estratégias de construção do ensino”, comenta Gama.

A experiência prática, desde o início da formação, é também um ponto forte do ensino da Escola, assim como o estímulo ao trabalho coletivo.

“Dentro do curso o aluno terá contato direto com o fazer teatral. Este é muito semelhante ao teatro de grupo, pois possui a execução de pesquisa, investigação e invenção teatral, o método não consiste em reproduzir apenas técnica pela técnica, mas é pautado na lida com o teatro em si, culminando no que precisa ser aprendido e estudado.”, conclui.

 

Pedagogia e matriz curricular

 

A SP atua formando artistas atentos a sua contemporaneidade e com interesse pela pesquisa multidisciplinar: um artista investigador. Dentro disso, a matriz curricular da escola foi pensada fora do modelo tradicional com base no teatro europeu. Parte-se da contemporaneidade para a tradição, constitui-se, então, a ideia de um teatro descolonizador. Assim, possibilita-se um trabalho formativo teatral bem diverso, e nesse âmbito a escola tem uma preocupação muito grande com questões de raça,  gênero e classe; pois é entendido que em um país como o Brasil, tais pautas são fundamentais na formação dos estudantes.

Gama afirma que a escola não está preocupada em formar protagonistas, mas em pensar a vocação do teatro coletivo, pois um protagonista se faz na relação com outras pessoas. Essa formação multidisciplinar, ajuda a formar profissionais com o mesmo perfil, que atuam em áreas de todo o mercado cultural, não só o teatro.

“ Muitos estudantes nossos, por exemplo de dramaturgia, estão escrevendo roteiros para séries da Netflix e outros streamings”.

Durante anos, a escola revisitou todas nomenclaturas usadas, mudando o nome grade curricular, que se refere a algo que aprisiona, para matriz curricular, que é uma rede de conhecimentos e experiência. Outra mudança foi nos objetivos: é necessário estudar teatro fazendo teatro, diferente dos modelos educacionais que atuam com a sistematização.

 Dentro do processo de estudo o estudante fará no mínimo 12 experimentos teatrais, trabalhando com o que é chamado pedagogia do teatro: “não é a pedagogia que organiza o teatro, mas o teatro que vai determinar quais são as práticas que devem ser trabalhadas, e o teatro assim como a trajetória humana está sempre em processo de transformação, nunca sendo uma coisa estabelecida e pronta” afirma Gama.

 

Pandemia

 

Para o coordenador, a SP Escola de Teatro encontrou dois desafios principais durante a pandemia, em meio ao caos político e sanitário que o Brasil vivenciou. O primeiro foi pensar de que maneira persistir e resistir como um grupo de artistas. O segundo foi como manter essa resiliência como educadores, seguindo a premissa de “artistas que formam artistas”, uma das bases da pedagogia da SP.

A primeira tomada de consciência foi a de que não era momento de parar, mas sim de resistir e seguir com a missão. Com a pandemia, o campo de pesquisa já muito elevado na escola foi intensificado, e desenvolveu-se melhor a relação dela com o teatro digital.

 

Joaquim Gama em sua sala na sede Brás da SP Escola de Teatro

 

“O que a pandemia trouxe foi um chamariz para aprofundar e radicalizar essa formação. O estado de presença foi mediado pelo Zoom, o qual foi transformado e explorado com outras qualidade estéticas que somadas à artesania do fazer teatral se tornou um mundo de possibilidades através do dramático” pontua Gama.

Chegou-se na linha do teatro digital que provavelmente estará ativo mesmo depois da pandemia, ainda mais com a percepção do alcance da escola. O coordenador conta como as fronteiras da instituição se expandiram com os acessos digitais. Pessoas de todo o país e da América Latina assistiram os experimentos cênicos e workshops, e também ocorreram intercâmbios online com países como Alemanha, Nigéria e Cingapura.

“Despertou-se também a consciência de que temos um público imenso que não tem acesso a tecnologia, o que denuncia a falta de política de letramento digital e acesso. A partir disso a escola, por meio do Kairós e da bolsa oportunidade, realizou um chamamento para distribuição de tablets e chips para os estudantes se conectarem à internet. Dessa forma, a instituição foi criando uma estrutura auxiliar e se reinventando.”, comenta Gama.

 

Formação na pandemia e retorno

 

“Todas as nossas aulas eram sincrônicas, aconteciam em tempo real (ao vivo), no horário que estava determinado para cada módulo, ou seja, em nenhum momento abrimos mão da presença do estudante”, explica Gama. Ele revela que durante a pandemia tiveram duas categorias de estudantes: os que possuíram uma experiência híbrida, tanto presencial quanto online; e os estudantes que só obtiveram a vivência no território digital. No entanto, ambos se tornarão referência no fazer artístico de suas respectivas áreas.

Como um grupo de artistas interessados na investigação e no diálogo com o hoje, Joaquim destaca a importância dos grupos artísticos que foram fundamentais para que a escola não interrompesse suas atividades em nenhum momento. O resultado foi o aperfeiçoamento dos processos vividos e reconhecimento de que muitas coisas continuarão sendo feitas, refeitas e acrescentadas durante o processo de formação. “O teatro é a presença, mas essa presença pode acontecer de muitas maneiras”.

 

Confira as principais informações sobre o processo seletivo da SP:

  • Todas as pessoas interessadas na área profissional do teatro com mais de 18 anos (completados até março de 2022) e ensino médio completo podem participar do processo, regra que inclui estrangeiros com documentação legalizada.
  • A taxa de inscrições na seleção é de R$ 78,90. As aulas são gratuitas.
  • 20% das vagas de cada uma das linhas de estudo são destinadas a pessoas autodeclaradas pretas ou indígenas.
  • Quem quiser atendimento pelo nome social durante a realização das provas deverá informar na ficha de inscrição.

 

Texto por Letícia Polizelli, Luiza Camargo e Rodrigo Barros




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