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Primeira bailarina trans do Municipal, Marcia Dailyn lembra apoio de Lucia Camargo

No aniversário de 456 anos da cidade de São Paulo, a SP Escola de Teatro, que comemora 10 anos de existência, lançou o livro “Teatro em Grupo na cidade de São Paulo e na Grande São Paulo’ e também o selo “Lucias”. Este selo homenageia Lucia Camargo, uma das maiores mulheres da cultura brasileira.

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Lucia Camargo era gestora cultural, professora, jornalista, crítica e coordenou o setor de Extensão Cultural e Projetos Especiais na SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco. Ela também foi diretora de importantes instituições culturais brasileiras, como Teatro Guaíra, em Curitiba, onde foi ainda secretária municipal e estadual de Cultura do Paraná; e o Palácio das Artes, em Belo Horizonte. Além disso, foi secretária-adjunta de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e a primeira e única mulher na história a dirigir o Theatro Municipal de São Paulo.

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Nesta sexta-feira, 19, é Marcia Dailyn, 1º bailarina trans a dançar no palco do Theatro Municipal de São Paulo, que relembra com muito carinho da homenageada. Segundo a artista, esta conquista só foi realizada porque contou com o apoio de Lucia, única mulher que esteve à frente na instituição, entre os anos 2001 e 2004.

Por isso, Marcia, que também é atriz do Satyros e assistente de projetos da SP Escola de Teatro, se emociona com a chegada do selo Lucias, que celebra a memória da grande gestora cultural que nos deixou em 2020 aos 76 anos.

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“Tudo começou quando ainda jovem cheguei na capital paulista vinda de Jales, cidade do interior do Estado, com o sonho de ser artista. Naquela época, havia muito preconceito, mesmo no mundo artístico, com pessoas trans. Relembro com muito carinho e alegria tudo o o que representou para mim, naquele momento, a entrada na Escola de Bailado do Theatro Municipal de São Paulo. E foi a Lucia que defendeu meu nome contra olhares e posturas preconceituosas.

4, 3, 2, 1! Felicidades são pedacinhos de momentos de ternura, desafios, sonhos e danças… Entrar no Municipal devolveu brilho ao meu olhar, senti que podia viver, dançar, sem medo de errar.

Anos mais tarde, já atriz do Satyros, reencontrei Lucia, que demonstrou estar orgulhosa dos rumos da minha carreira. Participei de um colóquio internacional em 2019, organizado pela Lucia na SP Escola de Teatro. Pude dizer naquele dia, diante de todo o auditório, o quanto ela foi importante para mim e me abriu portas. Ela ficou muito emocionada e eu também.

Vou reencontrar Lucia no outro plano, mas  até lá seguirei vivendo livre nos palcos e na vida. Expresso com o meu corpo, minha liberdade de voar. E navego por um horizonte livre, calmo, cheio de luzes coloridas, sabendo que sempre posso pousar meu coração na memória dos abraços de Lucia Camargo, de quem serei sua eterna bailarina”, filosofa Marcia, que se emocionou muito ao relembrar os momentos ao lado da gestora cultural.

 




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