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Companhia Nova de Teatro promove peça multimídia gratuita com artistas angolanos

 

Miguel Kalahary e Isidro Sanene/ Foto: Divulgação

O espetáculo APÁTRIDAS acontece às 21h nas sextas e sábados e às 19h nos domingos, até o dia 28 de novembro, no Teatro Arthur Azevedo. Estrelam os dois atores angolanos residentes em São Paulo, Miguel Kalahary e Isidro Sanene! Com direção de Lenerson Polonini e dramaturgia de Carina Casuscelli, a peça traz uma reflexão sobre os diversos sentidos das crises existenciais na atualidade; além de questões sobre os fluxos migratórios e a devastação do território dos povos originários. A entrada é gratuita e os ingressos podem ser retirados no local com uma hora de antecedência.

APÁTRIDAS é organizada em quatro solos que se interconectam, mergulhando na psique de personagens míticas e canônicas na antiguidade como Hércules, Prometeu, Hécuba e Kassandra. Esses são postos como representantes de inúmeras vozes refugiadas e apátridas, no decorrer da narrativa, o público acompanha a jornada dessas figuras que se deslocam para zonas de conflito e peregrinação migratória, rumo ao desconhecido, na tentativa de mudar suas vidas. O tema é atual: segundo a ONU, existem mais de 10 milhões de apátridas espalhados pelo mundo, nesse sentido, a carência de referências indenitárias e o questionamento sobre a natureza da definição do ser humano são temas abordados no espetáculo.

Foto: Divulgação

A questão feminina também não fica de fora, para tratar dela são articuladas a cultura e a mitologia grega à questões não apenas brasileiras como mundiais. Na narrativa, as mulheres são usadas e abusadas por homens em alta posição ou por controladores emocionais das mais diversas maneiras.  Kassandra, por exemplo, vê além do tempo e é desacreditada por se negar a entregar o seu corpo para o deus Apolo, que a amaldiçoou. Ela representa os povos indígenas e prevê a destruição do seu povo, das florestas e a tomada de seu território. Hécuba, a última rainha sobrevivente ao massacre que a tornou escrava de seus inimigos, tinha sonhos premonitórios que se concretizavam, e no espetáculo, se encontra na condição de refugiada, em meio a uma Amazônia devastada, e com suas memórias em ruínas.

Prometeu (Isidro Sanene) é considerado o criador e defensor da humanidade, por ter roubado o fogo dos deuses e por doá-lo aos homens. O monólogo nos mostra um personagem negro e africano, que evoca mitos de religiões de matriz africana e clama por justiça. Um jovem, ativista, tentando atravessar a fronteira de forma ilegal, portando uma mochila com passaportes falsos para ajudar outros compatriotas a fugir da guerra. Já Hércules (Miguel Kalahary), também representado como um africano, possui poderes humanos e divinos, e apesar de obter uma força descomunal, é célebre por sua bravura e inteligência. Na peça, o semideus capitania a travessia em uma embarcação precária juntamente com seus compatriotas, cruzando territórios, atravessando fronteiras pelo mar.

Foto: Divulgação

O espetáculo marca 20 anos da trajetória do grupo realizador do evento e reafirma a vocação da Companhia Nova de Teatro para a criação de novas linguagens, além de dar continuidade à pesquisa e ao desenvolvimento de atividades e espetáculos com enfoque em temas emergentes – os dramas contemporâneos – propondo novos modos de produção e de pensamento do fazer teatral. A montagem foi contemplada pela Lei Federal Aldir Blanc por meio da secretária da cultura.

 

Companhia Nova de Teatro

Fundada em 2001, pelo diretor Lenerson Polonini em parceria com a atriz, dramaturga e figurinista Carina Casuscelli, a companhia desenvolve um trabalho de pesquisa contínua a partir da performance, das artes do corpo e do universo das artes visuais. A Cia Nova de Teatro é um grupo aberto e a cada novo projeto convida atores, bailarinos e artistas de diversas áreas para colaborarem com suas produções. O teatro multimídia desenvolvido pela companhia procura explorar a tridimensionalidade do palco e a relação da arte com o espaço urbano.

Em 2012, a companhia conquista o primeiro lugar do Prêmio Internazionale Teatro Dell’ Inclusione Teresa Pomodoro, em Milão/Itália, com o espetáculo Caminos Invisibles…La Partida. O júri desse prêmio contou com nomes importantes da cena mundial, como Eugenio Barba, Luca Ranconi, Lev Dodin e Jonathan Mills. No ano seguinte, contemplada pelo Edital de Intercâmbio do Ministério da Cultura, e os integrantes do grupo realizaram residência artística no Attis Theatre, em Atenas/Grécia, estreando no teatro grego a peça Krísis, com supervisão de Theodoros Terzopoulos, diretor da companhia grega.

Em junho de 2015 é convidada a exibir figurinos do espetáculo Doutor Faustus Liga a Luz, de Gertrude Stein, no lendário The Bakhrushin State Central Theatre Museum, em Moscou/Rússia, onde também realiza uma performance com fragmentos da peça na abertura do evento Costume at the Turn of the Century 1990 – 2015. No mesmo ano encena o espetáculo 2xForeman: peças Bad Boy Nietzsche e Prostitutas Fora de Moda, de Richard Foreman, com direção de Lenerson Polonini.

Já em 2016 estreia a peça Barulho D’água, do italiano Marco Martinelli, com direção de Carina Casuscelli. A última parte do projeto TRILOGIA FOREMAN, com a peça Os Deuses Estão Marretando a Minha Cabeça, cumpre temporada em 2017 no Sesc Pinheiros. Em 2019, o grupo participa do Analogio Festival de Atenas, com o work in progress Kassandra-Hecuba (APÁTRIDAS: parte 1), que, na sequência, é apresentado nas cidades de Sibiu, durante o Festival 25 Ore Teatrul Non Stop, e no Teatrul de Artã, de Bucareste, na Romênia. No início de 2020, a peça é apresentada no mesmo formato no Centro Cultural Olido, como parte do FarOFFa, mostra paralela à MIT SP.

Em 2020, durante o confinamento pela Covid-19, a companhia realiza a série DIÁLOGOS, com objetivo de pensar sobre a criação artística e a sociedade em tempos de pandemia, convidando o público a refletir e elaborar caminhos e estratégias em meio à crise global, com sérios impactos na arte, na cultura, na economia e na política. A série foi realizada via redes sociais e contou com a presença de artistas, gestores, críticos, jornalistas, curadores, pensadores, pesquisadores e líderes de relevada importância no cenário das artes, da cultura, da economia, da política e da filosofia. Em 2021, o grupo realiza temporadas online de A Cripta de Poe, em versão site specific, gravado e transmitido no canal da Vila Itororó e das peças do projeto TRILOGIA FOREMAN.

Site – cianovadeteatro.com | Instagram e Facebook – @cianovadeteatro.

Serviço

APÁTRIDAS
De 5 a 28 de novembro, sextas-feiras e sábados às 21h e domingos às 19h, no Teatro Arthur Azevedo. Ingressos gratuitos – Retirada com uma hora de antecedência na bilheteria do Teatro. Duração – 60 minutos aprox. Recomendado para maiores de 16 anos.

Direção – Lenerson Polonini. Dramaturgia – Carina Casuscelli. Elenco – Carina Casuscelli, Jacqueline Durans, Miguel Kalahary e Isidro Sanene. Figurinos – Carina Casuscelli. Assistente de figurino – Gustavo Werner. Iluminação – Lenerson Polonini. Trilha sonora – Wilson Sukorski. Vídeos – Armando Lima. Operação de som – Felipe Moraes. Operação de luz – Verônica Castro. Operação de imagem – Téo Ponciano. Participações especiais em vídeo – Kaiti Kna Aguiar e Wiryça Kariri Xocó. Colaboração dramatúrgica (parte 1) – Eduardo Brito. Assessoria de imprensa – Nossa Senhora da Pauta. Fotos – Antônio Simas Barbosa. Produção – Lenerson Polonini – Companhia Nova de Teatro.

Sinopse – Inspirado em personagens como Kassandra, Hécuba, Prometeu e Hércules, a peça tem como enfoque as crises humanas, os fluxos migratórios, a devastação do território dos povos originários e a africanidade. Estruturada em solos que se interconectam, os personagens tencionam questões sobre identidade e não pertencimento.

TEATRO ARTHUR AZEVEDO – Avenida Paes de Barros, 955 – Mooca. Telefone – (11) 2604-5558. Capacidade – 349 lugares.




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