Na próxima quarta-feira (30), a unidade Roosevelt da SP Escola de Teatro recebe o lançamento do livro “Cartas de Rodez”, do poeta, ator, escritor, dramaturgo, roteirista e diretor de teatro francês Antonin Artaud (1896-1948).
O evento começa às 19h, no hall da SPET e conta com organização da equipe da Biblioteca da Escola. A entrada é gratuita.
O livro, da editora Iluminuras, tem seleção de cartaz e tradução de Jorge Henrique Bastos, além de posfácio de Adrian Cangi.
O evento terá debate com o público, com a presença do tradutor Jorge Henrique Bastos e do psicanalista Mauro Mendes Dias. Dois estudantes da Escola lerão trechos selecionados do livro, aMabz Kwarany e Evely Haldise.
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Sobre o livro
Antonin Artaud escreveu as “Cartas de Rodez” no período que passou internado no manicômio de Rodez, dois anos antes de sua morte, em 1948. As cartas permitem que possamos escutá-lo numa experiência extrema, onde o que conta é o infinito, o esvaziamento e a transmutação do corpo e do espírito de um homem que sofre, que delira, que se revolta e denuncia a forma de tratamento e reconhecimento que recebeu nesse período.
A ele, somente Deus importa, aos seres humanos cabe consentir numa transmutação sem objeção, sinônima de entrega incondicional ao divino, mais além da religiosidade comum. São, entre outras, as palavras mais sublimes e cortantes que se podem ler nessas Cartas.
Sua obra tem sido estudada também por aqueles que se interessam pela relação entre arte e psicose.
A vida de Artaud foi uma vida de dor, de pobreza e de loucura. Teve problemas mentais, como depressão, alucinações e delírios. Em 1937, foi internado em um hospital psiquiátrico após um surto na Irlanda. Passou os últimos onze anos de sua vida em diferentes instituições psiquiátricas, onde foi submetido a cruéis tratamentos, incluindo eletrochoques. Morreu em 1948, aos 51 anos, em Paris.
Antonin Artaud nasceu em Marselha, em 1896, e morreu em Paris, em 1948. Foi um artista multifacetado: poeta, ator, escritor, dramaturgo, roteirista e diretor de teatro. Ligou-se ao surrealismo, mas rompeu com o movimento por discordar de sua adesão ao comunismo. Em 1935 Artaud conclui O teatro e seu duplo, um dos livros mais influentes do teatro desse século. Para ele, o teatro era um ritual que revelava a verdadeira realidade da alma humana e das condições em que vive. Inspirou vários diretores e grupos teatrais que buscavam renovar a linguagem cênica e questionar os valores culturais dominantes. Entre eles, podemos citar Peter Brook, Jerzy Grotowski, Eugenio Barba e o Teatro Oficina no Brasil.
Por que ler Artaud? Porque se encontra sempre à nossa disposição, a possibilidade de admitir que a vida pode ir muito além dos limites que insistimos em encerrá-la. Somente alguns poucos seres humanos puderam falar desse lugar de onde ele fala, do qual não temos nenhum registro. Artaud, A Esfinge. São experiências como essas que nos permitem ir até Rodez, escutando suas cartas em voz alta, enquanto escreve. É a nós que ele se dirige.