A SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco encerrará 2018 com uma marca inédita: neste ano, a instituição ligada à Secretaria da Cultura do Estado e gerida pela Associação dos Artistas Amigos da Praça (Adaap) promoveu o intercâmbio de mais de 30 artistas do Brasil com países como Finlândia, Suécia e Suíça.
“Em nosso sistema pedagógico, entendemos a acessibilidade como um conceito amplo, que abarca também as perspectivas social e cultural. Promover o acesso para que nossos aprendizes possam fazer intercâmbio em algumas das principais universidades do mundo é uma missão fundamental da Adaap”, aponta Marcio Aquiles, responsável pelos projetos internacionais da Instituição.
Durante o ano, quatro aprendizes brasileiros participaram de um intercâmbio em Zurique, na Suíça. Outros cinco foram para Estocolmo, na Suécia. No mesmo período, a SP Escola de Teatro recebeu quatro estudantes suíços, dois finlandeses e também dois da Suécia.
As parcerias internacionais são parte importante da formação na Instituição, e, desde sua inauguração, em 2010, a Escola mantém relações com universidades, teatros e associações estrangeiras, em projetos que envolvem residências artísticas, pesquisa e intercâmbios de aprendizes e formadores.
“Procuramos planejar os intercâmbios sempre em via de mão dupla. Assim, enviar aprendizes ao exterior para estudar técnicas e conhecimentos específicos é tão importante quanto receber os estudantes estrangeiros na Escola, que, do mesmo modo, irão partilhar procedimentos singulares e linguagens específicas com todo o corpo discente brasileiro”, afirma Aquiles. “Por sua vez, também recebemos na Escola os formadores estrangeiros, que ministram cursos de Extensão Cultural ou atividades nos cursos regulares, ao passo que enviamos formadores para lecionar e pesquisar nas universidades parceiras, de modo a ensinar e aprender novos conhecimentos. Cria-se, assim, uma grande matriz de ensino e pesquisa”.
Todas essas ações são financiadas com recurso próprio da Adaap e por meio de programas europeus de financiamento, como é o caso do Linnaeus-Palme, que financiou 100% dos 26 intercâmbios de aprendizes e dezenas de intercâmbios docentes desde 2012 até hoje.
Daqui para lá
As parcerias não se resumem apenas aos estudantes da Instituição, englobando também seus coordenadores e formadores. Em novembro, o coordenador do curso de Direção da SP Escola de Teatro, Rodolfo García Vázquez, ministrou um curso a nível de mestrado sobre teatro e identidade nacional na Academia de Teatro de Helsinque, na Finlândia.
Discutindo políticas identitárias, guerra cultural e como essas questões se manifestam no teatro, as aulas também abordaram como o momento cultural política causa impacto no fazer teatral. No próximo ano, Vázquez retorna à universidade como professor convidado para ministrar um curso sobre políticas identitárias, tema trabalhado pelo diretor tanto na SP Escola de Teatro quanto na Cia. Os Satyros, da qual é co-fundador.
Os intercâmbios também são possibilidades de formação continuada, como é o caso do estudante egresso de Direção e hoje diretor, compositor e formador convidado da Instituição, Dan Nakagawa. Ele está em Estocolmo, na Suécia, onde monta a mesma peça que realiza em São Paulo. Nakagawa ganhou um edital no país europeu e fez, no dia 1º, uma leitura da peça “O Aniversário de Jean Lucca” com atores e atrizes locais.
De lá para cá
Como troca mútua de experiências, em dezembro, a SP Escola de Teatro recebe Ulrika Malmgren, professora do departamento de atuação da Universidade das Artes de Estocolmo. Ela vai acompanhar a Mostra de Experimentos Cênicos dos estudantes dos cursos regulares, atuando como mediadora artística durante o período. Recentemente, a nova diretora do departamento de atuação da universidade sueca, Josette Bushell-Mingo, veio a São Paulo para planejar os próximos intercâmbios com a Escola brasileira.
Assim como Malmgren e Bushell-Mingo, outros artistas e professores internacionais passaram pela SP Escola de Teatro em 2018. É o caso do argentino Gonzalo Córdova, que participou do 2º Seminário de Iluminação Cênica, e do dramaturgo e roteirista cubano Reinaldo Montero, que ministrou uma oficina criativa como convidado da Extensão Cultural.
Futuro
A Associação dos Artistas Amigos da Praça (Adaap), responsável pela gestão da SP Escola de Teatro, já planeja intercâmbios até 2020. Em breve, a organização fecha uma parceria com a Universidade das Artes de Folkwang, de Essen, na Alemanha, que levará 11 aprendizes para participar e se apresentar no Festival Shakespeare.
Segundo Marcio Aquiles, a Pedagogia Covalente, sistema de ensino criado pela Adaap e adotado em seus projetos, é visto com enorme interesse pelas instituições parceiras, por ser baseado em projetos práticos e fundamentado por importantes artistas, pensadores e pedagogos contemporâneos. “A Universidade das Artes de Estocolmo e a Academia de Teatro de Helsinque já adotam muitos procedimentos educacionais baseados nesse sistema pedagógico” conta.