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Sérgio Mamberti por
Américo Cordula

Publicado em: 28/06/2012 |

“Raios e Trovões!!!”. Há 16 anos esse bordão encanta gerações, dito pelo bruxo Tio Vitor, do programa “Castelo Rá-Tim-Bum”, produzido e exibido pela TV Cultura. Sérgio Mamberti, ídolo das crianças, esse jovem, de 73 anos, que dá vida ao personagem, é respeitado por toda classe artística. Afinal, são números impressionantes que constam em seu currículo: mais de 50 anos de carreira, 90 peças de teatro, 34 novelas e 30 filmes. E o número só não é maior, porque, há 10 anos, atua em outros palcos, no centro do governo, colaborando com um projeto de cultura que acompanha o desenvolvimento do País.

Essas minhas palavras vão falar dessa experiência e, se me permitem, creio que tenho um certo conhecimento de causa, afinal, Mamberti me conhece antes de eu nascer. Explico: meus pais, Lêda e Rubens, se conheceram no antológico Festival de Teatro do Paschoal Carlos Magno, em 1958, na cidade de Santos, litoral paulista, onde Mamberti nasceu.
 
Em meio à efervescência do porto, do clube que seu pai gerenciava e da educação eficiente da escola de sua mãe, unindo sua inteligência e curiosidade, que lhe permitem falar cinco idiomas, Mamberti formou-se na Escola de Arte Dramática de São Paulo (antes de ela pertencer à Universidade de São Paulo) e caiu nos palcos da vida. Pronto! Ali já estava, completo, um ser que até hoje encanta com seu carisma e que tem a capacidade de falar sobre qualquer assunto. Dono de uma memória que lembra músicas de espetáculos de mais de 50 anos, ele é um colecionador de histórias, que passam por Getúlio Vargas, pela ditadura, pelos movimentos sociais, CPC, Ligas Campesinas, MST. Enfim, questões nas quais a cultura se mistura com os direitos humanos e com a liberdade de expressão.

Sua formação é de esquerda, originária do Partidão aos Trabalhadores, passando pelo movimento hippie, pelo desbunde e pela família. Viúvo da atriz Vivien Mahr, que morreu em 1980, teve três filhos, todos homens de cultura: o produtor Carlinhos, o ator Duda e o diretor de TV Fabrício.

Mas, voltando a essa convivência de quase nove anos, assessorando-o no Ministério da Cultura, posso confidenciar que é uma honra e uma pós-graduação de vida poder conviver com ele e compartilhar seus  ensinamentos, papos, comilanças e carinho. Mamberti trouxe para a cultura brasileira um legado muito importante, quando criou a Secretaria da Identidade e Diversidade Cultural no governo Lula, a fim de incluiu os que sempre estiveram invisíveis nas políticas públicas de cultura, dos povos originários, quilombolas, culturas populares, ciganos até os segmentos LGBT. Desse modo, age como ativo militante das igualdades e dos direitos culturais para pessoas com deficiências, transtornos psíquicos e até em prol da diversidade etária, colaborando, e muito, para que a Cultura abra as portas e mostre a riqueza do que nos torna brasileiros.

A paixão por tudo o que faz nos inspira. Com seu olhar e atenção, enxerga a alma das pessoas, sejam elas públicas ou cidadãos comuns.

 

Américo Cordula é ator e Diretor de Políticas Culturais do Ministério da Cultura do Brasil

Veja o verbete de Sérgio Mamberti na Teatropedia