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Sbat: Os motivos para abraçar essa causa

Publicado em: 16/08/2013 |

por Marici Salomão*, especial para o portal da SP Escola de Teatro

 

Vou aos poucos. Porque me conheço e sei que abraçar uma causa é muito mais do que abraçar uma causa. A mim, é missão sempre. Eu demorei um pouco para entender os critérios que guiavam artistas excelentes como ADERBAL FREIRE-FILHO, ZIRALDO, MILLÔR E ALCIONE ARAÚJO, e depois artistas de renome, como LAURO CÉSAR MUNIZ, e meu querido IVAM CABRAL, a resgatar do limbo a SOCIEDADE BRASILEIRA DE AUTORES TEATRAIS. 

 

Participei de duas reuniões – a última no SALÃO NOBRE DO THEATRO MUNICIPAL – e um panorama começou a se formar dentro de mim. Eu já estava na constituição de uma associação de auxílio à entidade, mas não ainda caminhando na linha de frente da causa.

 

Antigas administrações da Sbat erraram muito. Dilapidaram o patrimônio, saquearam, enganaram artistas. Equivalem à corja de políticos hediondos, da mesma espécie execrável que rouba o dinheiro da merenda escolar de crianças e jovens. Pelas palavras que afloram quando penso que o País é um tumor de corrupção, pode-se ter uma ideia da minha até então ojeriza em se tratando da Sbat. 

 

Mas as pessoas que hoje estão à frente dela, e que acreditam no sonho, como nós acreditamos, há cerca de três anos, quando não tínhamos nada, além disso, mesmo, um sonho, e que nos unia em torno do desenvolvimento caloroso do projeto de criar uma ESCOLA DE ARTES CÊNICAS (hoje a SP ESCOLA DE TEATRO), é que me atraíram definitivamente a arregaçar as mangas e dar sentido a mais uma causa na vida, pela Dramaturgia.

 

Há uma enorme dívida a ser paga e, claro, ela não será saldada com montinhos de dinheiro surgidos de oficinas, palestras, shows, venda de camisetas. Será paga com decisão política, se se entender que as instituições no País estão perdendo total credibilidade, sobretudo as de vocação pública, e que não se deve simplesmente enterrá-las, mas sim recuperá-las, mostrando com o exemplo que o mal não é a INSTITUIÇÃO, mas pessoas execráveis que estiveram por um período à frente delas.

 

Por outro lado, retomar ações culturais – em acordo com os dias de hoje –, com e para a sociedade é urgente e necessário. Então, sim, as oficinas, as palestras, os shows, as orientações a projetos de jovens dramaturgos de todo o Brasil, a venda de camisetas, livros, revistas, tudo isso será necessário para trazer novamente à luz uma instituição centenária criada por nada menos que Chiquinha Gonzaga. E eu estarei junto nesta luta, fazendo pela dramaturgia não campo de batalha politiqueira, nem pessoal. Vou mais uma vez abraçar uma causa que será uma missão, fazendo história, revigorando valores, pensando arte; e será menos por mim do que por todos. Vai dar uma trabalheira imensa e dá medo. Mas eu sou um tipo bem impulsionado pelo medo. Poderá valer MUITO a pena!