O Núcleo Teatral Em Minha Companhia chega ao seu terceiro espetáculo, desta vez, levando aos palcos “Rinocerontes Não Sentem Saudades”. Com direção de Diogo Mattos e texto de Paulinho Rocco, aprendiz de Dramaturgia da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, a peça estreia no sábado (13) e no Ágora Teatro.
Além de autor, Rocco também atua na montagem, ao lado de Vanessa Balsalobre. “Escrevi e atuei nas três peças do grupo, isso facilita bastante a compreensão das intenções do autor. O difícil é conseguir habitar existencialmente o mesmo lugar onde estava quando escrevi o texto. Quando se escreve, habita-se um ‘novo mundo’ e entrega-se o texto para os atores e para a direção. Para atuar, tenho que voltar nesse estado (novo mundo) em todas as apresentações.”
A trama gira em torno da relação amorosa de um casal – um dramaturgo e uma atriz. Depois do término do relacionamento, o jovem encontra, na criação de uma peça, a cura para as feridas abertas pela decepção. Acompanhando o estado de espírito, as cenas formam um misto entre real e imaginário, presente e passado.
“A inovação do espetáculo é a forma como a história é contada. O uso de linguagem da dramaturgia contemporânea amarrada à delicadeza dos movimentos de dança transforma o palco em um mundo novo, um lugar convidativo que necessita da poesia do público para florescer. O espetáculo é uma deliciosa experiência teatral”, afirma Rocco.
Para escrever “Rinocerontes Não Sentem Saudades”, o aprendiz destaca que as aulas ministradas por Marici Salomão, Roberto Alvim e Rogério Toscano, na SP Escola de Teatro, foram utilizadas por ele como fontes de inspiração para a poética do texto.
“O processo de montagem está sendo incrível. Fugimos de uma estética realista, o texto é muito lírico e com um alto grau de meta-teatralidade. Partimos por um caminho que se amarra com a dança. Convidamos uma amiga bailarina (Diny Hippolito), que desenhou as movimentações do espetáculo tendo a dança como base, para brincarmos com esse mundo novo para onde o texto aponta”, comenta Rocco.
Outra ajuda para a realização da peça veio da Escola: a aprendiz de Cenografia e Figurino, Aline Olegário. “Na reta final, ela participou de alguns ensaios e nos orientou na escolha de cores e modelos das roupas para uma bela composição junto ao cenário”, observa.
Em Minha Companhia
O Núcleo Teatral Em Minha Companhia nasceu em 2008, no Studio Beto Silveira, onde Paulinho Rocco foi professor durante seis anos. De reuniões com outros professores e alunos, surgiu o grupo, que, inicialmente, tinha como mote de pesquisa “o uso consciente da imaginação para o trabalho do ator”.
O primeiro trabalho do coletivo foi a peça “Tão Longe…”, que ficou em cartaz durante 2008, no Studio 184. No ano seguinte, se apresentou no Festival de Curitiba e recebeu elogios da crítica. Em 2010, participou da 2ª edição do Festival de Teatro Cidade de São Paulo, no qual recebeu duas indicações: melhor figurino e melhor produção. Além de escrever e dirigir o espetáculo, Rocco também atuou nele durante a primeira temporada.
O aprendiz assina, ainda, o texto de “Como Vestir Pinguins”, de 2009. Em sua segunda obra, a companhia deu início a outra pesquisa, que consistia em tentar transformar o público em parte integrante do espetáculo, da forma mais direta possível. “Fizemos uma temporada curtíssima no teatro Plínio Marcos, em São Paulo, e em 2010 fizemos uma apresentação na SP Escola de Teatro”, relembra.
Texto: Felipe Del