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Representação do Cotidiano: Viver a Vida sem Mutilações

Publicado em: 23/05/2011 |

Representar a vida cotidiana nas suas mais variadas formas foi a proposta do grupo Sete do Experimento do Módulo Azul. Os aprendizes de Dramaturgia Luan Maitan e Daniel Dias Filho juntaram, em um só texto, os conceitos extraídos dos livros “Van Gogh. O Suicidado da Sociedade” e “Jato de Sangue”, ambos de Antonin Artaud.

Castração é o eixo que inspirou os mais de 20 aprendizes a falarem sobre o assunto. Juntos, eles investigaram o conceito de castração em diversos âmbitos da vida e não só como um ato de mutilação sexual. A ideia de suprimir a criatividade, a vida, a arte e outras formas presentes nas relações humanas são as questões que norteiam o Experimento do grupo.

Assim, no dia 13/05 alguns aprendizes de Humor se reuniram em um dos banheiros masculinos da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco e começaram a experimentação. Cada um se pôs a fazer o que faria se estivesse sozinho em casa; um tomou banho, outro escovou os dentes, uma fez teste de gravidez e outra fumou. O aprendiz de Direção Eduardo Brito explica a escolha do local: “Consideramos o banheiro um ambiente potente, onde se pode condensar todo o conceito sobre o tema do cotidiano”.

A equipe de Sonoplastia criou paisagens sonoras para o Experimento, a partir das gravações realizadas nos encontros. Os aprendizes de Iluminação produziram duas ambiências, alternadas com velas e refletores. Na cena do banheiro, as mudanças bruscas de luz criaram a sensação de que o ambiente se modificava.

Na abertura do Experimento, realizada no pátio da Escola, aprendizes de Humor apresentaram uma performance sobre a loucura. Eles caminharam por todo o espaço, subiram em móveis brancos feitos de madeira e se fingiram de estátuas, que trocavam de posição de acordo com a batida da música de fundo.

Em um determinado momento, todos voltaram a circular pelo pátio, mas, desta vez espalhando tinta colorida por toda parte. Aprendizes de outros Cursos Regulares entraram na “brincadeira” e acabaram sendo pintados também. Repentinamente, alguém se jogou na piscina plástica montada no centro do pátio. A partir daí, todos molharam e foram molhados.

O diretor executivo Ivam Cabral, que assistiu à performance, ressaltou uma curiosidade: “O estudo da performatividade é contemporâneo, vê-se pela Europa, que está começando a desenvolver o assunto. É legal ver que a SP Escola de Teatro já trabalha com o conceito da performance”. Cabral comenta, ainda, o trabalho rápido e eficaz da turma de Técnicas de Palco, que, em menos de 15 minutos, limpou o local.

Segundo Brito, o Experimento mostra que é possível transformar em expressão artística toda a fragilidade do grupo diante de um processo tão confuso para todos eles. “Isso tudo foi algo muito positivo e que acabou nos dando material para seguir com as práticas”, complementou. 

Para finalizar, Brito falou sobre os aprimoramentos que o grupo busca com as experimentações: “No âmbito estético, buscamos expressar o conceito de maneira clara e potente; na atuação, procurar outra instância para o humor; e no campo das individualidades, trabalhar de maneira refletida nossos posicionamentos e o rigor nas escolhas e na prática, de modo que possamos sair ‘minimamente’ transformados/acrescidos deste Experimento”.

 

Ficha Técnica | Grupo 7

Artista Residente

Daniela Biancardi

 

Humor

Barbara Mello

Diego Gonçalves

Josiane Souza

Lino Dias

Paula Viana

Fagner Saraiva

 

Cenografia e Figurino

Angélica Andrade

Gabriela Barreiros

Daíse Neves

 

Dramaturgia

Luan Maitan

Daniel Dias

 

Direção

Naloana Lima

Eduardo Brito

Renato Teixeira

 

Sonoplastia

Léo Saldanha

Stanley Kampbell

Alex Santos

Sabrina Novaes

 

Iluminação

Marcel Masson

Arnaldo Santini

Olavo Cadorini

 

Técnicas de Palco

Paulo Paixão

Carlos Alencar