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Raul Belém Machado Morre aos 70 Anos

Publicado em: 19/09/2012 |

O cenógrafo e figurinista Raul Belém Machado morreu na madrugada de ontem (dia 18), aos 70 anos, em Belo Horizonte, no Hospital do Ipsemg, onde estava internado. A pedido da família, o motivo da morte não foi divulgado.

Natural de Araguari, no Triângulo Mineiro, em 1964 Raul Belém Machado mudou-se para Belo Horizonte, onde se formou em Arquitetura pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O cenógrafo atuou à frente do Centro Técnico de Produção da Fundação Clóvis Salgado (CTP). Entre 1989 e 2011, também foi professor no Centro de Formação Artística da fundação (Cefar). Raul Belém Machado se destacou pela criação de cenários de óperas, como “Aída”, “O Guarani” e “Turandot”.

 


Belém na SP Escola de Teatro
No dia 25 de junho de 2011, durante um Território Cultural, o cenógrafo Raul Belém Machado esteve na SP Escola de Teatro – Sede Brás, para ministrar a palestra “Cenografia para Teatro e Ópera”, que, na ocasião, encantou os aprendizes de Cenografia e Figurino, dentro das atividades do Território Cultural (para assistir à palestra, clique aqui). À época, ele também deixou um depoimento, para o nosso canal no YouTube, sobre os “Os Três Pilares da Profissão de um Cenógrafo”. Para vê-lo, clique aqui.

Raul Belém Machado por J.C. Serroni
A seguir, um depoimento de J.C. Serroni, coordenador dos cursos de Cenografia e Figurino e Técnicas de Palco, sobre o artista.

“Raul foi companheiro de grandes batalhas cenográficas. Atuamos juntos nessa batalha desde o início dos anos 80. A batalha que falo é sobre o engrandecimento da cenografia, da cenotecnia, do figurino, da arquitetura teatral brasileira. Sempre presente nos fóruns de discussão dessas áreas, contribuiu, de forma determinante, para o desenvolvimento das mesmas. Criou em Belo Horizonte o Centro Técnico Marzagão, em Sabará, a 30 minutos de Belo Horizonte, onde deu continuidade ao trabalho de formação e reciclagem técnica de  profissionais. Raul sabia como ninguém as técnicas do fazer teatral.

Foi grande cenógrafo, realizou dezenas de cenografias para ópera e dominava como ninguém a arte de construir figurinos. Esteve conosco nas aulas inaugurais da SP e voltou por outras vezes, ministrando cursos e deixando muita saudade. Teve em 2006 lançado o livro ‘Raul Belém Machado: O Arquiteto da Cena’ (o qual a orelha leva assinatura de Serroni), por uma iniciativa das mais oportunas de Lúcia Camargo (coordenadora do departamento de Extensão Cultural da Escola), quando diretora da Fundação Clóvis Salgado, de Belo Horizonte. O livro documenta toda a sua obra, marcante, profunda e contribuidora aos novos aprendizes, que muito o admiravam. Felizmente, ficamos com sua obra registrada, o que seria uma das maiores injustiças em nosso meio, caso não tivesse acontecido.

Considero Raul Belém um dos maiores nomes da cenografia de nosso País, que não poderá ver sua obra registrada no livro que estou organizando sobre a história da cenografia brasileira,  a ser lançado nos próximos meses pela editora do Sesc. Ele não verá, mas os apaixonados por sua arte poderão conhecê-la um pouco mais de perto e gostaria, desde já, de deixar registrado que farei uma dedicatória especial a ele no livro, como forma de gratidão aos seus grandes ensinamentos.

Raul, você estará sempre entre nossos estudos, nossas discussões e também em nossos corações.”



 
Texto: Majô Levenstein