Com sucesso de público em todas as atividades, terminou ontem (29) o último dia da programação de lançamento da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco. Denise Fraga recordou sua trajetória como atriz, Roberto Gil Camargo destacou o papel da luz no teatro e a atriz Bertha Moreno, do Uruguai, apresentou work in progress do espetáculo “Medea Del Olimar”.
Às 14h, o coordenador do curso de Atuação, Rodolfo García Vázquez, apresentou conferência com a atriz Denise Fraga. Irreverente, Denise contou sua trajetória no teatro e na televisão com muito bom humor e disse que se não fosse uma escola de teatro gratuito em sua formação, talvez não tivesse seguido a carreira de atriz. “Passei na seleção para estudar teatro na escola Martins Pena, no Rio de Janeiro. Isso foi fundamental na minha carreira. Uma escola de qualidade e gratuita como a SP Escola de Teatro sem dúvida formará futuros profissionais para as artes do palco”, disse a atriz.
Denise Fraga ficou 6 anos e meio em cartaz com a peça “Trair e Coçar é Só Começar”, de Marcos Caruso, apresentando o espetáculo cerca de 1.500 vezes. “O que mantêm a gente tanto tempo em um espetáculo é a busca da perfeição, que nunca é alcançada”, afirmou.
Para Denise, a comédia deve ser um bom momento de reflexão, seduzindo o público para depois fazê-lo pensar. “Acredito num teatro popular sem ser grosseiro. Escolher fazer teatro num mundo do audiovisual é um ato de coragem. O teatro faz a palavra pular, é uma arte muito viva”, afirmou Denise que acredita no teatro como agente de transformação. “Quero colocar no pacote da diversão um pouco de transformação. A comédia possibilita isso, pois ela pode ser uma faca que, quando o sujeito percebe, está cravada no peito”, disse. E concluiu: “Precisamos, sim, dar pérolas aos porcos. De repente você pega um porco desavisado que engole a pérola. Daí tá tudo certo”.
Uruguai
Depois da da fala de Denise Fraga, o público pode acompanhar o processo de construção do espetáculo “Medea Del Olimar”, da obra de Mariana Percovich, da Cia. Complot, do Uruguai.
A história do espetáculo é baseada em um fato real ocorrido no interior do Uruguai em 2008. Depois da tentativa de suicídio, uma mãe com esquizofrenia mata sua filha, causando comoção em toda população local.
A dramaturga transcende o fato para além da crônica policial e faz da vida desta mulher rural uma metáfora da multiplicidade de fantasmas que habitam em todos nós. Frases como “eu sou Medea, triste e gorda”, “eu sou sádica porque tenho medo”, “eu estou aqui, escutando o silêncio que me resta” e “Medea não recebe castigo nem dos deuses nem dos homens” fazem deste monólogo interpretado por Bertha Moreno uma loucura racionalizada.
Iluminação
Finalizando as atividades de lançamento da SP Escola de Teatro, o coordenador do curso de Iluminação, Guilherme Bonfanti, apresentou conferência com Roberto Gil Camargo. Diretor e iluminador, com experiência em teatro, música e dança, Camargo leciona Iluminação no curso de graduação em Teatro na Universidade de Sorocaba e atua como professor convidado de Lighting Design no Instituto Politécnico do Porto, na cidade de Portugal, desde 2004.
Para Camargo, a iluminação é a distribuição da luz sobre a área de atuação que possibilita ressaltar ou esconder uma possibilidade dramática. “A luz não pode ser estática. Ela tem que ser fluida como os objetos que refratam esta luz. A iluminação tem que ser pensada na cena e no espaço, pois a iluminação está nas coisas dentro do palco”, afirmou.
Para Camargo, a iluminação cria visibilidade, seletividade, dimensionalidade e atmosfera cênica. “Nós não vemos a luz, nós vemos as coisas que refletem esta luz”, disse.
Sobre a criação do curso de Sonoplastia na SP Escola de Teatro, Camargo se mostrou esperançoso com a profissão. “A Escola será fundamental para a valorização e o aproveitamento da função do iluminador”, concluiu.
Ao lado você pode conferir as fotos da atividade.