Jornalista conceituado, empreendedor inovador, figurando entre as figuras mais influentes do Brasil, Gilberto Dimenstein alcançou um posto almejado por muitos. Porém, o que se viu durante a palestra que ministrou, no último sábado (29), na SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, foi, acima de tudo, um homem apaixonado por São Paulo, que idealiza e concretiza mudanças relevantes na cidade.
Encerrando a programação do Território Cultural promovido pela Instituição, a conversa teve como tema “Como Transformar a Cidade num Grande Palco”. Logo no início, Dimenstein demonstrou sentir grande apreço pela Praça Roosevelt e se emocionou ao lembrar de histórias vividas ali em sua juventude. “Era o espaço da paixão, dos bares, restaurantes, e este prédio era um cinema. Foi aqui que me apaixonei pela primeira vez.”
Dimenstein se emocionou ao falar sobre a cidade e a Escola (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)
O convidado mencionou a sensação de retornar ao lugar que o acolheu durante parte inesquecível de sua vida e rever a Praça ocupada atualmente, no que chamou de “reconquista do espaço”. Ele creditou boa parte desta revitalização a Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez – fundadores da Cia. de Teatro Os Satyros, e, respectivamente, diretor executivo e coordenador do curso de Direção da Escola. “No futuro, quando formos falar sobre a história de São Paulo, teremos que lembrar dessa Praça”, emendou.
A partir daí, o jornalista falou sobre seus projetos, especialmente o Cidade Escola Aprendiz e o Catraca Livre. Enquanto mostrava fotos e compartilhava informações sobre eles, Dimenstein citou a importância da SP Escola de Teatro para a cidade. “Sentem a riqueza do conhecimento que vocês também estão transmitindo? Uma escola como essa está jogando luz sobre um grande espaço.”
Segundo ele, São Paulo, assim como outras cidades grandes, tem um potencial enorme, muitas vezes escondido sob nossos olhos. É como uma “incubadora de talentos”, um polo que atrai pessoas de todos os tipos em busca de oportunidades e de uma vida em meio ao fascinante caos. “O objetivo de apresentar tudo isso é mostrar que vocês estão criando um novo jeito de ver o mundo pela arte. O que vocês estão fazendo não é um palco só, é a recriação de uma cidade de baixo para cima”, disse, entusiasmado.
Ao final do encontro, Ivam Cabral comentou a parceria que mantém com Dimenstein, surgida em 2004, quando o jornalista lançou o livro “O Mistério das Bolas de Gude”. A obra, que tratava sobre processos de transformação em cidades a partir de intervenções artísticas e sociais, trazia Os Satyros, grupo fundado em 1989 – como exemplo.
Gilberto Dimenstein e Ivam Cabral (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)
Segundo Ivam, Dimenstein foi o primeiro a perceber que “algo novo” estava acontecendo na Praça Roosevelt. E foi ali, na sede do Satyros, que o jornalista lançou seu livro, na primeira Virada Cultural de São Paulo. A partir desse momento, a “inteligência política” da cidade começou a voltar os olhos para o local, fato que culminaria, mais tarde, na própria criação da SP Escola de Teatro.
“Podemos dizer que o projeto nasceu dessa relação com o Dimenstein. Desde então, somos parceiros e fizemos várias coisas juntos. Ele é mais que um padrinho, considero-o como correalizador da Instituição. O Aprendiz e o Catraca são modelos para a gente. O Gilberto pensa o mundo que eu acredito”, completou.
“A gente sai com uma palavra em mente: rede. Sem os outros não somos nada. Que nós todos nos juntemos e valhamos algo!”, finalizou Ivam.
Texto: Felipe Del
