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Personagens de ‘Hamlet’ são hibridizadas com orixás em peça apresentada na SP Escola de Teatro

Publicado em: 11/07/2014 |

As personagens de “Hamlet”, de William Shakespeare, hibridizadas com os arquétipos dos orixás e fundidas a seus fantasmas, tornando-se humanos capazes de lidar com eles. Esta é a adaptação da tragédia feita pela Cia do Pássaro no espetáculo “Oriki (Kongeriget-Ifé)”.

 

Com direção de Dawton Abranches e texto de Dione Carlos, aprendiz egressa do curso de Dramaturgia da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, a montagem fica em cartaz nos dias 2, 3, 9 e 10 de agosto, na Sede Roosevelt da SP Escola de Teatro (sábados, às 20h30, e domingos, às 19h). Aprendizes da Escola têm entrada gratuita.

 

Ao final da apresentação do dia 2 haverá uma palestra com Ivan Poli sobre antropologia dos orikis na cultura africana e, após a sessão do dia 9, Marcelo Ariel falará sobre Shakespeare.

 

No elenco, estão Alessandro Marba, Cristiano Belarmino, Deise Rodrigues, Dudu Oliveira, Fábio Joaquim do Vale, Geovana Pagel, Giovana Dorna, Karina Bastos, João Carlos Gomes e Breno da Matta, que também é aprendiz egresso da Escola, onde cursou Atuação.

 

“O termo hibridismo surgiu logo no início dos encontros entre direção e dramaturgia. Sendo assim, partimos do princípio de que os arquétipos seriam fundidos, misturados. A narrativa ficou como a tela que abriga uma pintura. Este quadro recebeu o nome de Oriki”, explica Dione, que foi convidada para escrever a adaptação no ano passado.

 

Orikis são textos poéticos entoados aos orixás. De acordo com a dramaturga, apropriar-se desse formato permitiu que a criação da peça não se limitasse a características predeterminadas. Assim, a partir dessa confluência, novos seres puderam ser criados. “Uma matéria orgânica que pulsa”, define.

 

“Oriki é a possibilidade de vivenciar uma heterotopia através da fala. Ouvir o choro de um recém-nascido, olhar em seus olhos pela primeira vez e assim como ele lançar-se ao desconhecido”, comenta Dione.

 

O encontro entre diferentes está presente também no subtítulo. Segundo a dramaturga, “Kongeriget” é um termo dinamarquês que significa “reino”. Já “Ifé”, além de ser uma antiga cidade nigeriana, também é “amor” no idioma Yorubá. “O amor como o resultado do encontro entre eles. Quando a única verdadeira semelhança é a diferença, a singularidade de cada um.” 

 

Serviço

“Oriki (Kongeriget-Ifé)” 

Quando: Sábados, às 20h30, e domingos, às 19h (2, 3, 9 e 10 de agosto)

Onde: SP Escola de Teatro – Sede Roosevelt 

Praça Roosevelt, 210 – Centro

Duração: 50 min.

Tel.: (11) 3775-8600

Ingresso: R$20 (aprendizes da Escola têm entrada gratuita)

 

Texto: Felipe Del